segunda-feira, 31 de maio de 2010

TRIÂNGULO ONDE REINA A PAZ, O AMOR E O SILÊNCIO

Ao som de “Vangelis”, encontrei o “arrife”, aquele que nos leva de sul para norte. Sim! Porque, quando perdemos o norte, se encontrarmos o “arrife”, encontraremos o norte.
E foi o que me aconteceu. Fui direito ao norte!
Tinha como fundo o mar, com as suas ondas tocadas pelo vento, que se fazia sentir.
Que beleza de azul, onde o verde se misturava, mostrando variadas tonalidades de uma beleza deslumbrante.
A força interior criada pela beleza que nos rodeia, sentindo a música que adoramos e nos transporta, a maioria das vezes pelo universo do imaginário. A felicidade que se procura, os sonhos que se querem realizar, os desejos que são difíceis de concretizar, mas que acabam por nos dar alento para continuar, procurando a luz, do conhecimento e do amor, em detrimento das trevas, no triângulo da vida. Triângulo que simboliza o número três, que é universalmente um número fundamental, que exprime uma ordem intelectual e espiritual, em Deus, no Cosmos e no Homem.
Deus acompanha-me sempre, porque sinto o seu amor, por mim, por tudo e todos os que me rodeiam. O cosmos consegue chegar através da música, como algo que nos transporta para além da vida, mantendo-nos vivos, noutra dimensão que não a terrena.
O homem, esse está permanentemente a aperfeiçoar-se, quando consegue reconhecer que não é um poço de virtudes. Quando se consegue reconhecer que não é saudável o “narcisismo doentio”, o egoísmo e o egocentrismo de que muitos de nós somos portadores.
Quando estes defeitos se fazem sentir é como uma pedra que necessita de muito trabalho, até ser quase perfeita.
E quando estes defeitos não se conseguem, de modo racional, admitir, eventualmente, estamos, infelizmente, perante situações de foro psiquiátrico.
Hoje, consegui viver por algumas horas, a felicidade de encontrar esta harmonia entre Deus, o cosmos e o homem.
Juntar o presente e o passado, como se o passado estivesse presente e o futuro estivesse ali.
Que grandiosidade!
Que beleza…a natureza é assim mesmo. É linda quando se descobre e se consegue sentir, de modo a interiorizar-se. E não falo só da beleza do mar, das plantas e árvores, das cores, do cheiro da maresia…falo da beleza humana, completando, assim, o triângulo. Os três pontos ficaram unidos!
Irão viver em mim, o tempo que me resta nesta dimensão!
Até lá, vou lutar para acreditar que posso e tenho direito a viver dentro deste triângulo maravilhoso, em que reina a paz, o amor e o silêncio!

“Deos ridere credo, cum felix vocat.” [Publílio Siro] Creio que os deuses sorriem, quando um homem feliz os invoca.

sábado, 22 de maio de 2010

MATEM-ME AS SAUDADES!

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego -português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor.
A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".
Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e, no Brasil colónia, esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou acções. Provém do latim "solitáte", solidão.
Uma visão mais específica aponta que o termo saudade advém de “solitude” e “”saudar,” onde quem sofre é o que fica à esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A génese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.
O termo saudade acabou por gerar derivados como a qualidade "saudosismo" e seu adjectivo "saudosista", apegado às ideias, usos, costumes passados, ou até mesmo aos princípios de um regime decaído, e o termo adjectivo de forte carga semântica emocional "saudoso", que é aquele que produz saudades, podendo ser utilizado para entes falecidos ou até mesmo substantivos abstractos como em "os saudosos tempos da mocidade", ou ainda, não referente ao produtor, mas aquele que as sente, que dá mostras de saudades.

Em botânica, "saudade" é o nome vulgar de várias plantas da família das Dipsacáceas e das Compostas, como as saudades -brancas, que aparecem nos campos e nas vinhas do Sul de Portugal, e é também conhecida por suspiros – brancos – do -monte, as saudades -perpétuas, cultivadas no Sul de Portugal e as saudades -roxas (plantas da família das Dipsacáceas, que aparecem nos terrenos secos e pedregosos, também conhecidas por suspiros -roxos).

E eu tenho saudades dos que partiram, e pelos quais o meu amor perdura, e perdurará, como se acreditasse que um dia regressarão. Mas, quando caio em mim, a única certeza, é de que um dia estarei, junto deles. Serei eu a fazer a viajem ao encontro dos que amei nesta vida.
Tenho saudades, do que vivi e que me deu felicidade.

Mas no momento, a minha mágoa é sobre o país em que vivo, que faz de mim um saudosista, pois, vejo perder os usos e costumes e, princípios nos quais sempre me revi.
Princípios de ética na vida do dia a dia, da ética nas relações pessoais, da ética na família, da ética na economia, da ética no direito, da ética na politica.
Sou um saudosista do país em que acreditei, em quanto jovem.
Se me quiserem “matar a saudade” dêem-me o país em que acreditei. Um país mais fraterno, com mais igualdade e que nem a liberdade fosse cortada com assaltos encapotados aos órgãos de comunicação social e nas mentiras reiteradas, e que já possuem convicção de obrigatoriedade, de quem nos tem governado, nestes 36 anos de orgia gastronómica, onde se vão revezando à mesa, os hóspedes do poder.
Ao menos vou sentindo saudades, mas saudades, neste caso, do que nunca tive e do que desejei para os meus.
E, sentir saudades, é sentir tristeza de deixar menos do que encontrei quando nasci.
Um país que aprendi a amar e que hoje, não vislumbro futuro!
Matem-me as saudades!

« Sola virtus homines honestat; haec est perennis unda nobilitatis, honoris, gloriae. » [Luigi Angeli, Memorie Storiche 127] Só a virtude dignifica os homens; ela é um perene mar de nobreza, de honra, de glória.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O PAÍS ESTÁ FALIDO!

Mê rico filho!
Depois da tua cartinha, que li como muito gosto, tenho andado a ver as notícias naquele aparelho novo, que compraste, o LCD (Deus me perdoe, mas até parece o nome de uma droga), e estou a chegar à conclusão que puseste o país numa “merda”. Sim! Não me venhas, a mim, repreender, porque sou tua mãe. E já estou a ficar um pouco farta disto. Só oiço dizer mal de ti. Bolas, mê filho!
Agora, já dizem que não há dinheiro para pagar os salários da função pública. Bom, daqui a bocado, começam a dizer que não há dinheiro para pagar as reformas. Isso é que não. Isso significa que já me estás a entrar no bolso. E eu, com a idade que tenho, não estou para estar a depender das tuas esmolas.
Estou a achar, que isto, finalmente, está a bater no fundo. Olha! Ouvi dizer que há um Secretário de Estado das Finanças que adoeceu e que o outro, com o calor, não consegue ir ao Ministério? Isto de facto está a aquecer. Ai está, está!
Porque é que não aplicas já as outras medidas que o alfaiate Pedro tirou? Porque é que não dizes, à malta, que os Bancos estão na “banca rota” e que o Estado não vai pagar salários aos funcionários públicos? (pode ser a partir de Julho, não pode?).
Ai, mê filho Zé. Afinal, aqueles tipos que andavam por aí a chatear, tinham razão. É pá! O que é que tu, a final, andaste a fazer na Universidade? Ah, não havia a cadeira de Economia Política, nem a de Fiscal? Em substituição puseram o inglês técnico? Estou a perceber. Mas tu, também, falas tão mal inglês? Continuo a dizer…mê filho, o que é que tu andaste a fazer na Universidade? Afinal, és engenheiro de quê?
Ah, isso nada tem a ver com o ser primeiro-ministro? Por um lado é verdade, mê filho. Mas a ignorância e o atrevimento, pagam-se caros! Olha…e o resultado está à vista! O país está completamente falido. Nem no final da monarquia a situação era tão grave.
Estás a arruinar o país e a nossa vida! Isso é que eu sei!
Então, depois de tudo isto, ainda contínuas a falar que vais fazer o TGV e que daqui a seis meses vais arrancar com o projecto da 3.ª travessia sobre o Tejo?
Mas tu endoidaste ou quê, mê filho?
Parece-me que já nem sabes para que lado é que fica o Norte. Se não sabes, pergunta a quem sabe. Tá?
Ou então, vem-te embora. Aqui em casa sempre tens uma sopinha, para comer. E eu, dou-te “miminhos”, como dava quando tu eras um “puto” traquinas!

“Fabula impleta est.” [Binder, Thesaurus 1058] A história está completa. ■A festa acabou!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O QUE É SER PATRIÓTICO ?

Ser patriótico é votar durante 15 anos no Partido Socialista. Ser patriótico é aguentar com um primeiro-ministro que ficou com a alcunha do “Picareta Falante”, porque só dizia baboseiras e deixou o país num pântano.
Ser patriótico é passar a rasteira ao “enfant terrible”, que de terrível não tem nada e foi e é uma falácia politica.
Para depois se votar, e dar a maioria ao Partido Socialista, encabeçado por um pseudo - engenheiro que aumentou o tempo de reforma, andou uma legislatura a negociar a avaliação dos professores que depois veio a custar já na legislatura seguinte, mais 450 milhões de euros. Foi o aniquilar de urgências de modo discutível, por esse país fora.
Foi fazer aumentar as filas de espera para se ser operado num hospital em Portugal. Foi a possibilidade de as mães portuguesas terem os seus filhos em Espanha. Foi o dar continuidade ao rendimento mínimo que permite que milhares de pessoas vivam à sombra deste dinheiro.
Foram os grandes projectos de TGV, 3.º travessia sobre o Tejo e o novo aeroporto que na margem sul, “jamais”.
Foi ouvir o senhor primeiro-ministro a dizer-nos constantemente na televisão que a economia em Portugal crescia como se andasse a tomar Viagra. E depois de tudo isto e da divida pública continuar a crescer, esta sem viagra, serem os portugueses todos fornicados, com o aumento de impostos que sabemos que não ficam por aqui.
Como uma boa fornicação, este aumento de impostos são os preliminares de um orgasmo fiscal que estes socialistas estão a preparar. E Pedro Passos Coelho não passa de um “voyeur” que se vai entesando com a ideia de ser primeiro-ministro, mas que de momento se limita a ser também patriótico.
E patrióticos têm de ser todos os portugueses que não votaram no Sócrates e serem solidários em todo este regabofe pornográfico, de pagar todos estes orgasmos fiscais que se avizinham. Mesmo os que votaram no Sócrates vão ter de se contentar com uma mera masturbação, porque se limitaram a irem mamando uns lugares por aqui e por ali, enquanto outros amigos e camaradas, andaram com a sua alta categoria, preenchida de méritos e larga experiência, a desempenhar cargos de grandes administradores, nas empresas que o Governo agora se propõe vender mais algum capital, para permitir distribuir o bolo inteiro de 3 ou 4 milhões a administradores de monopólios.
Há os que são patrióticos e são fornicados à grande e à francesa, por esta República, e os que são patrióticos para beneficiar da mesma.
A partir de Julho, vamos ver as padarias a vender menos pão, os supermercados a vender menos coca –cola.
E eles ralados com isso, pois, antes da fornicação, bebem um bom Whisky e não deixam de ser patrióticos, pois este, até paga mais impostos!


“Malitiis non est indulgendum. [DAPR 770]” Não se devem desculpar as más intenções.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

BEBA COCA –COLA E SEJA SOLIDÁRIO


Mãezinha, nem sabes como ando contrariado. Então não é, que os tipos lá da Europa me impuseram aumentar os impostos quando a nossa economia estava a crescer, a crescer, a olhos vistos? Estamos na Banca Rota? Isso são mentiras da oposição, mãezinha. Eles agora vão ver como é. Andavam a beber coca -cola e a pagar só cinco por cento, a partir de Julho passam a beber e a pagar seis por cento. Vão lá beber coca -cola a cinco por cento para onde eles quiserem. Mas o pão e o leite também aumentam? Claro, mãezinha. O pessoal andava a comer muito pão e isso engorda. Só podem comer um pão por dia, como recomendam os nutricionistas. Disto sei eu, mãezinha. Ando ou não na forma? E a coca -cola, bebem só quando ficarem embuchados, para poderem arrotar. Agora a beber coca -cola todos os dias? Isso só faz mal. Mas não posso tirar a coca -cola da lista dos produtos que pagam só cinco por cento, senão, ainda tinha aí, mais um telefonema do Obama a dizer que eu estava a boicotar o desenvolvimento económico das empresas americanas.
Por outro lado, até a coca –cola pode aproveitar e fazer uma campanha publicitária, mais ao menos assim: “Beba coca –cola e seja solidário com o seu país”.E depois aparece a bandeira nacional. Até parece que já estou a ver o Republicano e Laico do Alegre a beber coca –cola na sua campanha eleitoral.
Esta foi muito bem metida, não foi, mãezinha? Não me saí bem? Fiz do pessoal idiota? Mas é o que eles são, senão, não tinham votado em nós desde 1995 até agora. Olha, mãezinha! Os mansos são eles.
E não viste o Pedrito a pedir desculpa? Foi engraçadíssimo. Parecia que tinha cometido algum pecado. Por caso, foi tudo coincidência…sim, o 13 de Maio. Dia de “Nossa Senhora de Fátima”, estava cá o Papa e ainda por cima era o dia da “libertação dos impostos”. Pois, era! Agora, este ano a malta não se livra de mais uns ajustes lá para Outubro e uma redução no décimo terceiro mês.
Primeiro deixamos o pessoal ir de férias! São mansos, mas não tanto. Se lhe tiramos as “pontes”, os feriados e as férias, esta malta começa logo a dizer: “Além dos impostos ainda nos querem pôr a trabalhar?” E fazem greve! E eu não vou nisso. Mãezinha temos a consciência tranquila. Isto vai por etapas.
Bom, vou-me reunir com o Pedro mas estabelecer a próxima estratégia. Não pomos as coisas à discussão na Assembleia da Republica? Oh mãezinha, era uma perda de tempo. Às duas por três, ainda tinha mais uma comissão de inquérito e isto tem de ser resolvido rapidamente. Quando chegar às eleições, o Pedrito não pode abrir a boca, porque se atravessou no caminho. Mais nada!
Beijinhos deste teu filho espertalhão e habilidoso. Está bem, eu entrego um beijinho ao Pedrito de Portugal, o “Salvador da Pátria”e digo-lhe que está perdoado.


“Te prodet facies, turpiter cum facies.” [Binder, Thesaurus 3292]. Teu rosto te denuncia, quando ages vergonhosamente.

PERDOA-ME

Foi encantador, ouvir o Pedro a pedir desculpa. Parecia que estava naquele programa do saudoso Henrique Mendes, “Perdoa-me”.
Só lhe faltou o ramo de flores para que, nós portugueses, o tivéssemos perdoado.
Sim, porque por mim, sem as flores não o posso perdoar.
Francamente. O meu amigo Pedro foi o gozo geral do país.
Então, esses tipos que orgulhosamente sós, andaram a fazer o que lhes deu na real gana, deram, tiraram, fizeram e agora, que a Europa diz que tem de ser assim, vem o Pedrinho dizer, desculpem?
Mas o Pedrinho estava a pedir desculpa de quê? Da perda da independência e soberania, que davam a prerrogativa do Governo, de fazer as “cagadas” que bem lhe apetecia?
Ah, não era por causa disso. É que alguém disse ao menino, que para ganhar as próximas eleições, apoiando aquilo que disse que não fazia, tinha de vir pedir desculpa, como se não fosse o responsável por nada?
O menino só é responsável por dar ouvidos ao Avô cantigas. Sim, aquele que fala com a boca cheia de bolo-rei. Qual sentido de Estado qual carapuça. Isso é uma treta.
Depois de tudo isso, ainda vamos ver o Sócrates a apoiar o seu amigo “Pateta Alegre”, para candidato, a Chefe Supremo das Forças Armadas, de alguém que deu de “frosques” para a Argélia e que denunciava as posições das tropas portuguesas no terreno, através da rádio.
Tudo porque somos uma Republica laica, em que existem dois dias e meio para Lisboa e Porto, de tolerância de ponto para os “mansos” deste povo irem a Fátima, dados pelo Governo socialista. O tal que é laico e republicano.
Ao ponto a que isto chegou! Já o tinha escrito e volto a dizer que isto é o princípio da procissão. Se o aumento dos impostos neste momento representam cerca de dois meses de empréstimo da República, como é que vão resolver os outros dez meses?
Nessa altura, com essa postura, o menino vai pedir desculpas de joelhos, como se estivesse a rezar, àqueles, a quem enviou para a cruz, seu “Judas”.
Se queres ser perdoado, espera que Deus te perdoe, porque por mim, não tenho essa competência.


“Pone gulae metas, ut sit tibi longior aetas.” [Flos Medicinae Scholae Salerni] Põe limites à tua garganta, para que a vida te seja mais longa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

APOIA O MANEL




Mê querido filho!
Já tinha saudades das tuas cartas. Como eu gosto de te ouvir. Quando não me escreves, tenho de me limitar a ouvir-te na RTP. É que eles, por lá, repetem todos os acontecimentos onde tu vais.
Esses totós, que te tem andado a infernizar a vida, ainda não perceberam que tudo isto é uma mão cheia de nada.
Mê rico filho! O que esses malandros da oposição te tem andado a fazer? Comissões de inquérito para aqui e para ali, como se tu tivesses feito alguma coisa.
Olha o que eles têm é inveja de não serem tão trabalhadores como tu e um homem que sabe escolher aqueles que o rodeiam.
É tudo boa gente. Tens olho para escolher.
Não podem ver uma pessoa a subir na vida, devido ao seu mérito, que começam logo a cobiçar. Este país sempre foi assim. Mas, fazes muito bem.
Não te deixes ir abaixo, principalmente nesta altura. Vê se dás apoio ao Manel. Ele tem estado à espera de uma palavrinha tua.
Sim, eu sei, mê rico filho, que o Manel há-de ter sempre aquele jeito de esquerda, a roçar o Bloco, mas no fundo é um bom burguês. Gosta de boa mesa e de bons vinhos. Embora tenha fugido à tropa, não deixa de ser um caçador exímio. E como tu sabes, nas caçadas, além de se falar muita coisa, também se fazem umas boas petiscadas.
Vai em frente, mê filho. O Cavaco? Deixa lá o homem. Ele não se vai mexer até às eleições. E depois? Depois, sempre podes fazer com ele, caso ganhe, uma cooperação estratégica. Não é do que ele gosta? O Manel é diferente? Não é nada. O Manel é igual. Então não ouviste o discurso dele, quando anunciou a sua candidatura, que não seria um Presidente interventivo, mas que não ficava quieto. Então isto não é a mesma coisa ou eu já não percebo nada do que se diz?
Mê filho, isto é sempre a mesma coisa! Enquanto esta República se aguentar é de aproveitar. Depois logo se vê. Se isto ainda durar, entretanto, tiras o mestrado de Bolonha. Já fechou a Independente? Parece que em Lisboa há outros sítios onde eles vendem essas coisas. Só precisas de lá ir três ou quatro vezes. Não consegues? Compras outras sapatilhas, ora essa! E como gostas de correr, aproveitas e treinas.
Quando e se puderes, volta a escrever mais uma cartinha que eu gosto muito de saber noticias tuas.
Beijinhos!

PS - Já tinha metido a carta no correio mas, só agora me lembrei que, os primos mandam beijinhos para ti.
Ah, e deixa de, à noite, andares a ler o Eça de Queiroz, porque ainda sonhas que ele anda a escrever sobre ti.


“Multos fortuna liberat poena, metu neminem.” [Sêneca, Epistulae Morales 97.16] A sorte livra a muitos da punição, mas a ninguém do medo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O amor é uma das vias de obter prazer

O prazer está conotado frequentemente com o pecado. No caso concreto do amor, o prazer é associado ao amor sexual, frequentemente visto como pecaminoso, associado a excessos, à irresponsabilidade. E no entanto o prazer existe em todas as formas de amor, e regula toda a nossa existência e os nossos comportamentos…

Os nossos amores podem implicar por vezes sacrifícios, generosidade, compaixão, caridade, doação, mas até no fundo desses amores e desses actos não deixa de haver prazer. Na base do amor a namorados, cônjuges, pais, filhos há também sentimentos de alegria, apaziguamento, harmonia, ou seja, em suma, sentimentos de prazer.
Quando amamos Deus, não deixamos de retirar prazer, satisfação, desse amor. Quando amamos certas ideias, certas formas de poder, ou certas expressões artísticas, fazemo-lo porque temos prazer nisso. O amor é indissociável do prazer. Não se pode amar duradouramente e intensamente sem retirar prazer daquilo que amamos.

É inelutável e inalienável. As nossas vidas estão balizadas por princípios e regras de prazer e dor. Somos animais cujos comportamentos e mentes estão enquadrados nesses termos. Procuramos o prazer (por via do amor, ou por outras vias), e fugimos à dor. Procuramos o prazer da comida, o prazer da poesia, o prazer da música, o prazer do poder, do domínio. Fugimos à dor imediata, à dor causada pelo espectro da morte, à dor associada aos nossos medos.

Nesta perspectiva, o amor é apenas uma das vias de obter prazer, alegria – a via porventura mais importante, sem a qual, a vida perde sentido.
E eu tenho sentido esse amor, logo, tenho sentido prazer, mas sempre atenuado pela dor que não se vê, quiçá, associada aos medos que de tempos em tempos invade a minha vida. E então penso: quem não tem medo? Só os ignorantes e os inconscientes.
Todos, ao longo da vida dizemos, a vida é minha! Uns anos mais tarde já dizemos, a vida é nossa. Para mais tarde, começarmos a pensar que a “vida é deles”.
É contra estes medos, que se transformam em dor, que todos os dias se vai lutando, de modo a que se possa tirar prazer da vida, amando os outros, amando a Deus, a poesia, a música e tudo o mais que nos dá prazer.
Tornar a vida uma utilidade, procurando o princípio da maior felicidade, fazendo desta uma moralidade, promovendo a felicidade. E esta pressupõe a ausência de dor, mas coloca-nos na posição de obter prazer.
Esta é a minha luta diária! Tirar da vida o maior prazer.
Um obrigado à minha filha! Um obrigado, generalizado, a todos os meus amigos e àqueles que, em particular, a mim se têm dedicado.

“Amans, sicut fax, agitando ardescit magis.” O homem enamorado, é como a tocha, quando se agita, mais se inflama.

3 de Maio de 2010

SE NÃO DÁ NO ESPETO VAI PARA A SERTÃ



Minha querida Mãezinha!
Que saudades! Ao tempo que não lhe escrevia umas palavrinhas e desabafava consigo. Só a mãezinha é que me entende.
MAS tenho andado aqui de um lado para o outro com estas confusões todas. Ele é a comissão de inquérito na Assembleia da República que eu estou sempre com medo, quando é que um “caramelo” daqueles, abre demasiado a boca. Nunca se sabe, mãezinha!
Esta malta, às vezes, para sacudir o capote, molha os outros. É óbvio, mãezinha que eu não tenho nada a ver com aquela coisa. Preocupado, como eu ando, em “salvar” o país ainda me metia nessas coisas?
Então não é que andam para aí a querer comparar Portugal com a Grécia, como se nós falássemos grego? Não tem comparação possível, tanto que mesmo apertadinhos, nós vamos fazer o TGV. A Grécia vai fazer o TGV? Não vai! Portanto, significa que nós ainda podemos ir buscar dinheirinho lá fora e pagá-lo em 30 anos. Ou não podemos? Eu sei que não foi assim que comprámos as casinhas. Mas aí, o negócio era outro e tínhamos de aproveitar a ocasião. E a ocasião…cria a oportunidade. É tudo uma questão de oportunidade.
Então vê lá, se não é assim: se eu não fosse o “salvador” da pátria o Cavaco não me tinha já demitido? Ele precisa de mim? Por um lado é verdade, sem mim ele não consegue ganhar as próximas eleições. Mas não é por isso, mãezinha. Ele aposta é nas minhas capacidades, pois quem já reduziu uma vez o défice, reduz outra vez. É fácil…é só subir impostos e pôr a malta a falar fininho! Aumenta-se o IVA e, se alguém comentar, eu digo que o IVA já tinha sido 21%, se voltar a ser, não faz mal nenhum. Ameaçamos a malta com a redução das reformas e o buraco na segurança social. Se vierem com tretas, digo logo que quem queria privatizar o sistema de saúde eram os da oposição.
Vou contra o Pedro? O Pedro já quebrou. Eu não te tinha dito que o Cavaco já lhe tinha puxado as orelhas? Lá está! Sem tirar nem pôr. A ver se eles não falam todos no superior interesse da Nação. Ah, minha querida mãezinha, já tinha saudades desta palavra Nação. Está na moda outra vez.
Isto da Grécia até é bom. Eu vou só tirar o décimo terceiro mês, os Gregos foi o décimo e o subsídio de férias, os portugueses ainda ficam a ganhar.
O futuro, mãezinha? Logo se vê. Se ninguém se preocupou com o futuro de Portugal nestes últimos trinta anos, porque é que hei-de ser eu? Explica-me!
Depois de mim, mãezinha, só pode ser o caos! Acredita no que te digo. As sondagens estão a pôr o Pedro por cima de mim? Isso é sol de pouca dura. O povo sabe quem pode tirar o país desta situação. E quem é, mãezinha? Só quem pôs o país nesta situação.
Ao fim e ao cabo mãezinha, isto funciona como os teus cozinhados. Se não dá no espeto, vai para a sertã.
É tudo uma questão de marketing!
Beijinhos!

“Mitior columba.” [Erasmo, Adagia 3.6.48] É mais manso do que uma pomba.