sábado, 29 de agosto de 2009

ISALTINO E O ACÓRDÃO

Isaltino Morais ouviu o acórdão em que o colectivo de juízas o vem a absolver de um crime em participação em negócio e em dois crimes de corrupção passiva. Mas também ouviu que foi condenado por um crime de corrupção passiva, um crime de abuso de poder, um crime de fraude fiscal e um crime de branqueamento de capitais.
Mas antes de ouvir tudo isto, Isaltino Morais ouviu o que se transcreve:
FACTOS NÃO PROVADOS
“Que quando do inicio do exercício do seu mandato, o arguido Isaltino Morais formulou o propósito de orientar a sua actuação com vista a obter para si próprio e para terceiros da sua confiança benefícios e valores indevidos, independentemente dos interesses dos munícipes”. Transcrição de excerto do acórdão, pág.44.
INTERPRETAÇÃO
Não ficou provado que Isaltino Morais, quando do início das suas funções, tinha como propósito enriquecer à custa da função de Presidente da Câmara.
FACTOS NÃO PROVADOS
“Que para tal dava a entender a quem pretendesse obter licenciamentos para loteamentos, construção imobiliária ou para permuta de terrenos com a Câmara, que deveria proporcionar um benefício ou dispor de valores, ainda que de forma desfasada no tempo, para o próprio arguido ou para terceiro por ele indicado, sob pena de o acto pretendido não vir a ser proferido, ou vir a ser fora do prazo conveniente ao interessado”. Transcrição de excerto do acórdão, pág.44.
INTERPRETAÇÃO
Não se provou que Isaltino Morais “andasse a vender licenciamentos, autorizações” para enriquecer.
No entanto e de acordo com o Tribunal, vendeu um favor a um promotor imobiliário, deu favores a Cabo Verde e depois de tudo isto, fez branqueamento de capitais com 4 mil contos. E recebeu esse favor por cheque. Já não percebo nada disto! Então, andaram a gozar que o homem só fazia negócios em numerário e, até chegaram ao ponto de brincar nos jornais que o dinheiro estava em frigideiras e agora, condenam o Isaltino, porque fez um negócio com um cheque?
Outra coisa que não percebo é porque se deu como não provado que ele “facilitasse” a coisa a troco de e depois, fazem um nexo de causalidade à medida? Cheira-me que em vez de Tribunal estávamos numa alfaiataria! Fatos à medida!
Talvez…porque Isaltino Morais como Independente de partidos era o homem indicado para servir de “bode expiatório”.
E assim vai a política e a justiça!

“Mulieres sunt ferme, ut pueri, levi sententia.” [Terêncio, Hecyra 312] As mulheres geralmente são como os meninos, de opinião inconstante.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Eu vou de TGV para Oeiras!

É fácil ser-se demagogo. Falar de metros e de hospitais, como se fossem competências das Câmaras Municipais.
Mas, já que o tema foi lançado pelo candidato do PS às eleições autárquicas, talvez valha a pena recordar que, Isaltino Morais disponibilizou terrenos para a construção do novo Hospital de Oncologia, em Oeiras.
Entretanto, houve eleições intercalares em Lisboa. António Costa ganhou as mesmas, depois daquele desastre de orientação política, que Marques Mendes imprimiu ao PSD.
E então, logo o Governo se desinteressou da área disponibilizada, tendo sido oferecido um espaço em Xabregas, onde irá eventualmente desaguar o trânsito da nova ponte, que o Governo insiste em construir. (Já começou a construção?)
É evidente que a localização nem tem comparação. A qualidade do envolvimento ambiental entre uma área e a outra. Mas os favores, aos amigos correligionários, pagam-se em detrimento dos interesses dos cidadãos.
Por outro lado, a ineficácia deste partido socialista, que não tem dinheiro para nada e, que se vai construir alguns hospitais, é em parcerias público – privadas, isto é, a pagar no futuro, vinha fazer, a correr, um Hospital em Oeiras.
E vem mais um candidato prometer aquilo que não é possível dar.
Só o plano funcional para a construção do Centro de Saúde de Algés, levou mais de dois anos a ser entregue à CMO pelo Governo, ou seja, mais de dois anos, quando Isaltino Morais se disponibilizou, em 2005, a custear o mesmo com o dinheiro da Câmara Municipal. Finalmente, o concurso está a decorrer e o mesmo vai ser pago pela CMO.
Então o Governo não tem dinheiro para fazer um Centro de Saúde e faz Hospitais?
Quanto ao metro, até mete medo! Já estou a ver os túneis escuros e o comboio a apitar. Quase que apetece cantar aquela música, bem bonita, que tem, mais ao menos, esta letra: “o metro vai a subir a serra, parece que vai, mas não vai cair. Sempre a assobiar vai de terra em terra, como a perguntar onde quero ir. Eu vou de TGV para Oeiras!” E digo eu: não vais, não!
Ao longo destes anos, quantas vezes é que as entidades metropolitanas, responsáveis, se reuniram para discutirem a mobilidade na área metropolitana de Lisboa? Se nem conseguem reunir, como é que vão fazer um metro? Então, o Governo não vai fazer um TGV?
Se calhar é isso! O candidato do PS, em Oeiras, está à espera que passe aqui o TGV, com paragens em Algés, Paço de Arcos, Oeiras e Parede, com ligação ao apeadeiro do Cacém.

“Dicere et facere non semper eiusdem.” [DAPR 221] Dizer e fazer não são sempre da mesma pessoa.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

MÃEZINHA

Que saudades que tê filho tinha de te escrever estas cartinhas. Sabes, tenho andado por aqui nesta correria louca das eleições. Elas são legislativas, autárquicas, enfim…tu sabes, mãezinha.
Agora, também, ando a visitar as obras que lancei, naquelas coisas das parcerias público – privadas. Sim, mãezinha…compra agora e paga depois! É isso mesmo. Como dizia o tio, quem vier atrás que feche a porta.
Mas esta gente é muito ingrata, mãezinha…não percebem que o futuro do país, logo, o futuro de tê filho, está nestas obras. É a economia sempre a crescer, crescer…daqui a pouco, ainda escrevo um livro sobre a “Economia Sempre a Crescer”. Não, não é isso…não sejas maldosa, mãezinha!
E então, aquelas obras do túnel do Marão? Eles não percebem que depois de acabadas, que os que estão para lá do Marão já não mandam, não. Quem passa a mandar ali, também, é tê filho, pois então.
Era o que me faltava! Então, tê filho já tinha o controlo todo cá da coisa, e os tipos do Marão continuavam a pôr e a dispor? É que até as escutas telefónicas eram difíceis de fazer. Sabes as interferências e a falta de repetidores naquela serra, eram um obstáculo. Agora com o túnel, acabou-se!
Mãezinha, como sabes, andei a apostar nos candidatos às eleições que se avizinham e como sabes, pus o António em Lisboa e tirei o Marquitos. Pedi ao António para pôr lá o Zé. O Zé faz falta! Se o Santana Lopes ganhar as eleições, está lá o Zé para pôr providências cautelares, mesmo que isso custe mais dinheiro aos contribuintes. Que se dane…é preciso é que o Estado de Direito funcione. E o Zé até agora, não nos deixou ficar mal.
O Marquitos é que está a ver-se aflito…e eu, que apostei naquela carinha larouca.
Não é que o pessoal começa a olhar para as fotografias dele e diz logo: “com aquela carinha larouca, vê-se logo que, além da “Jota”, nunca fez nada na vida!”
Como se só a Manela é que pudesse fazer universidades para políticos! Vamos lá a ver se a gente se entende!
Ah! Tens tido notícias do primo? Ainda deve andar por lá no Kung Fu. Também quando chegar está pronto para partir a loiça toda. Eh, eh.
Ainda bem que é assim…ao menos não se fala muito da coisa, tirando aqueles 200 mil na conta do outro.
Com esta te deixo!
Um abraço ao Tio e beijinhos deste tê filho.
"Vis consilii expers mole ruit sua." [Horácio, Carmina 3.4.65] Força sem prudência desmorona pelo seu próprio peso.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NÃO PODE HAVER JUSTIÇA SEM BOM SENSO

Em 31 de Março de 2005, a Agencia Noticiosa Lusa dava a seguinte noticia: “ (…) estranha que as buscas da Polícia Judiciária à casa e aos escritórios de Isaltino de Morais tenham ocorrido dois dias antes de um jantar de apoio à sua candidatura autárquica.”O ex-presidente da Câmara de Oeiras e ex-ministro do Ambiente foi ontem alvo de buscas pelo magistrado titular do inquérito pendente no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).””O objectivo das buscas foi a recolha de documentação para os autos abertos em Abril de 2003, na sequência da divulgação da existência de contas bancárias do ex-autarca na Suíça.”
Sobre o mesmo artigo e já no jornal Público, on-line, existiam os seguintes comentários:
“Que passados cerca de dois anos, só agora a PJ investigue a situação de Isaltino de Morais. E mais estranho é que, enquanto o anterior governo existiu nada tenha avançado e agora que o referido governo já não mora em S. Bento, o processo tenha começado a mexer.” (…)

Outro comentário, à época: “Acho muito engraçado toda a gente falar de Isaltino de Morais como um homem corrupto. É pena também não irem ver as coisas de outras pessoas de alto gabarito no nosso mundo político. Eu não incrimino o Sr. Isaltino de Morais, porque se fez realmente o que todos dizem que fez, tenho a certeza que não deve ser o único a fazer, e pelo menos as pessoas que moram no concelho de Oeiras vêm obras feitas e moram num concelho considerado o melhor do país. Não me acredito que o Sr. Isaltino de Morais tenha tirado dinheiro público para uso próprio, mas quem hoje em dia não recebeu alguma coisa por fora para andar mais rápido com as coisas? Para isso tínhamos que julgar meio mundo. Sr. Isaltino de Morais seja candidato pelo concelho de Oeiras, pois apesar de gostar do PS, votarei em si, não pelo partido mas pela pessoa que é! Força Sr. Isaltino de Morais!”

O que diriam alguns comentadores, actualmente, se tivessem conhecimento, que no último dia de produção de prova, em julgamento, o Ministério Público, apresentasse as contas da campanha autárquica do PSD de 2001, solicitadas por este, via DCIAP ao PSD, no dia 19 de Junho e prontamente entregues em 23 de Junho de 2009?
Diria o que diria qualquer comentador imparcial:
- Que achavam estranho que fosse o Ministério Público a requerer directamente tal prova, quando o deveria ter feito por intermédio do Tribunal.
- Que achavam estranho que meia dúzia de fotocópias de despesas que o PSD amavelmente entregou, estivessem prontas para serem enviadas e reenviadas em 4 dias, decorridos que foram 8 anos do facto.
- Que achavam estranho que, iniciada a investigação em 2003, só no último dia de produção de prova em Tribunal, o Ministério Público apresentasse uma prova que não provava nada. Isto é, foram necessários 6 anos para que as despesas da campanha eleitoral do PSD de 2001 fossem juntas aos autos.

Por último diriam: “.(…) Sr. Isaltino de Morais seja candidato pelo concelho de Oeiras, pois apesar de gostar do PS, votarei em si, não pelo partido mas pela pessoa que é! Força Sr. Isaltino de Morais!”

Por acaso não há nenhuma notícia que diga que a primeira acusação continha erros crassos, que permitiam à defesa argui-los, e deste modo atrasar o processo para datas mais adequadas.
Mas, de qualquer dos modos, iniciou-se o processo, como arguido, em vésperas das eleições autárquicas em 2005.
Um bando de “mal feitores”, segundo alguma imprensa e a imagem dada pelo MP. Foram constituídos 5 arguidos.
Terminado o julgamento em 2009, antes das eleições autárquicas de 2009, foram todos absolvidos, menos o Isaltino Morais.
É claro que sim! Era este o visado. O resto era para compor o ramalhete.
O MP pede 5 anos de prisão efectiva, depois de ter deixado cair um crime de corrupção passiva, para os seguintes crimes:
- Dois crimes de corrupção passiva;
- Um crime de participação em negócio;
- Um crime de fraude fiscal;
- Um crime de abuso de poder;
- Um crime de branqueamento de capitais.

A minha alma espanta-se, que depois de o Tribunal ter deixado cair dois crimes de corrupção passiva, um crime de participação em negócio, venha a aplicar uma pena de dez anos e dez meses de prisão, mais do dobro que o MP pediu, que em cúmulo jurídico ficou em sete anos, mais 50% do pedido realizado pelo MP.
Salvo melhor opinião, este colectivo de Juízas deveria passar para o Tribunal da Relação, onde passaríamos a ter só recursos com penas agravadas.
E o Código Penal, na óptica das mesmas, deveria prever a pena de morte, para o homicídio, pelo menos.
Já agora, alguns métodos de tortura física, em outros casos menores!

“Ira impedit animi iudicium.” [Binder, Thesaurus 1567] A cólera impede a mente de raciocinar.

O MENINO PERESTRE "LL" O

Faz-me lembrar aquele fado, cantado pelo Carlos do Carmo, " Os Putos".

- Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
" Mas quando as eleições acabarem cai,
vai-se a revolta e acabam sentados ao colo do pai".
"É a ternura que volta
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens!"

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ASSIM VAI A JUSTIÇA EM PORTUGAL

Quando iniciei os meus estudos na Faculdade de Direito, na cadeira de introdução ao direito, a professora, na altura disse: os senhores vão andar aqui cinco anos a aprender direito, mas nunca encontrarão a justiça.
Palavras sábias de quem já tinha experiência do que era e é a justiça!
Temos vivido, durante estes trinta e cinco anos de democracia, na procura da valorização sócio - profissional, sem procurarmos que a mesma seja resultado do mérito.
E na justiça é flagrante a ascensão que o Ministério Público tem vindo a ter.
Tudo é permitido!
Com o 25 de Abril de 1974, Portugal passou da ditadura à democracia e, consequentemente, construiu em poucos anos um Estado de direito.
Entre as várias consequências, reforçaram-se as garantias dos cidadãos e aumentou-se os direitos das partes nos processos judiciais.
Com este fenómeno, a eficiência individual de cada juiz ressentiu-se imenso, pois de acordo com os números entre 1991 e 1997, enquanto o número de processos pendentes por magistrado judicial subiu de 610 para 704, o número de processos findos por magistrado judicial baixou de 690 para 461.
Por aqui começa o retrato nu e cru, da crise da justiça portuguesa e do afundamento crescente em que ano após ano vai caindo. Há cada vez mais processos a entrar e cada vez mais processos que não acabam.
Casos normais, que se deviam resolver em 6 meses ou num ano, demoram 5 anos a julgarem. Providências urgentes que careciam de decisão em 48 horas chegam a durar 2 ou 3 meses a ser tomadas. Se forem no Tribunal de Comércio de Lisboa até levam 8 meses a ser tomadas.
É o caos!
E com uma justiça tardia, muitas vezes não se faz justiça!
Mas, o conflito institucional instalado no aparelho judicial português é gritante.
A justiça portuguesa vive actualmente, enfraquecida e desprestigiada por um grave conflito institucional que se instalou, nos últimos anos, no coração do aparelho judicial português.
Trata-se do conflito entre o Ministério Público e a magistratura judicial, por um lado, e entre o Ministério Público e a Policia judiciária.
No que me diz respeito, não tenho dúvidas, embora admitida opiniões diferentes, de que tanto o poder judicial (os juízes) como a Policia Judiciaria têm razões de queixa válidas e legitimas em relação à preponderância e reforço dos poderes e do estatuto do Ministério Público, que este tem vindo paulatinamente a conquistar, mercê da complacência passiva, quando não da cooperação activa, dos sucessivos governos.
A supremacia adquirida do Ministério Público vai ao ponto dos órgãos de comunicação social repetidamente considerarem que o procurador-geral da República é o primeiro responsável da justiça portuguesa.
Por outro lado, assistimos, à saída e entrada de procuradores do Ministério Público, na política, com os efeitos nefastos que este promiscuidade tem.
Veja-se o caso da influência, ou não, sobre procuradores, no caso Freeport.
Mas, basta-nos verificar a todo o momento, a intervenção, na comunicação social de altos responsáveis do Ministério Público, a emitir opiniões políticas, amiúde.
Ainda esta semana, no n.º 858, de 13 a 19 de Agosto de 2009, assistimos, na revista Visão, ao artigo “Justiça – Cândida critica políticos acusados”.
Tenta-se, uma vez mais, influenciar a política e os políticos, com opiniões que ao serem vinculadas, por quem são, são opiniões do Ministério Público. Não me parece que exista algum partido registado no Tribunal Constitucional, com o nome Ministério Público.
Mutatis mutantis, diz o artigo “Face às ambições políticas, a ética é relegada para segundo plano”.
Parece que face às ambições políticas, a ética tem sido, de facto, relegada para segundo plano. Se tivéssemos todos os magistrados e quando digo magistrados, digo judiciais, a emitir entrevistas, a realizar programas de rádio e televisão, a dar entrevistas nos jornais, do que é que seria este país? Tínhamos uma política judicializada ou qualquer coisa parecida! Mas, para lá caminhamos!
Até porque a entrevista, faz a apologia e dá aplauso de “muita coragem” de Marques Mendes por ter retirado, enquanto líder do PSD, a confiança aos autarcas sociais -democratas arguidos. “Deu uma grande lição de dignidade, sublinha a magistrada”.
Com comentários desta natureza, está ou não está, uma magistrada a fazer política? Meus Senhores! Estamos em plena campanha eleitoral, em que as listas de candidatos a Deputados para Assembleia da República, têm arguidos. Estes foram colocados nas listas pela Presidente do Partido Social-Democrata. Está-se a fazer favores a quem?
O Ministério Público não deveria ser mais do que o “corpo de Advogados do Estado”. Conseguiram, pouco a pouco, equiparar-se à magistratura judicial, usurpando-lhe em parte uma posição impar e não partilhável na estrutura do Estado Democrático, ao mesmo tempo que almejou também sobrepor-se à Polícia Judiciária, retirando-lhe a autonomia funcional de que carece para combater a criminalidade e usurpando-lhe mesmo a competência legal para investigar certos tipos de crimes.
Quando hoje se critica a actuação do Ministério Público, suscita, de imediato, da parte deste, a resposta de que se está a tentar exercer pressão sobre a independência dos tribunais. Como se o Ministério Público fizesse parte dos tribunais, como se os “Advogados do Estado” fossem juízes, como se o Ministério Público fosse um elemento constitutivo do poder judicial, quando, na realidade, ele é uma peça essencial do poder executivo, colocado por lei na dependência do ministro da Justiça.
Não vale a pena, falar sobre os constantes conflitos que têm ilustrado a prática quotidiana, com fugas ao segredo de justiça, críticas públicas entre instituições, pressões para fazer calar as críticas legítimas a uma instituição que não está acima da lei nem isenta de crítica, de reivindicações salariais injustificadas, ajustes de contas na praça pública, etc.
Tudo isto começa mal, quando assistimos nos Tribunais, à entrada do procurador a seguir ao Juiz presidente de um colectivo, sentando-se ao lado dos mesmos, enquanto os advogados são relegados para umas mesas postas ao lado. Mesmo que sejam “advogados de topo”, como já foram catalogados pelo Ministério Público. Porque no topo, topo, estão os senhores procuradores e assim, vai a justiça!


“Ius omne supra omnem positum est iniuriam”. [Publílio Siro] Tudo o que é justo está ao abrigo de toda a injustiça.

domingo, 9 de agosto de 2009

Portugal volta a conquistar o Mundo pela via Administrativa

“…considerando que o terreno sito em Cabo Verde, da titularidade do
arguido Isaltino Morais, resultou da prática, por este, do crime de
abuso de poder(…) declara-se o referido terreno (…) perdido a favor do Estado.”
In Sentença de Isaltino de Morais, Sintra, 3 de Agosto de 2009

Decerto com preocupações maiores para evitar o recrudescimento do escorbuto e de outras maleitas muito mais próprias de séculos passados (embora esta coisa da gripe dos porcos, cientificamente chamada de H1N1 tenha ido buscar genes antigos à pneumónica de 1918), Portugal inventou uma nova forma de conquistar novos territórios: a via administrativa.

Ao declarar perdido a favor do Estado Português o terreno que Cabo Verde ofereceu ao autarca Isaltino Morais, começou de forma simples: por um terreno de calhaus apelidado pelos locais como “Vila Miséria”. Mas esse é o princípio. Apreciada a decisão ali para o lado da Rua da Escola Politécnica, com telefone com linha directa para Belém e S. Bento, os decisores portugueses deram já instruções para averiguar à exaustão Pereira Coutinho, na esperança de poderem declarar território português a ilha que aquele possui em Angra dos Reis e estão mesmo a ponderar declarar perdida a favor de Portugal toda a cadeia de hotéis Hilton espalhados pelo mundo depois de terem percebido que Cristiano Ronaldo é muito bem capaz de ter apanhado uma camada de chatos ou outra doença venérea aborrecida depois de se aventurar pela intimidade de Paris Hilton, durante a sua breve passagem, este Verão, por Los Angeles.

Há quem não ache especialmente vantajoso ter começado a alargar o território português por um terreno de praia sem valor e tenha sugerido que a opção Angra dos Reis ou Hotéis Hilton enriquecia bem melhor o erário público. Ademais, o Estado de Cabo Verde é muito bem capaz de armar-se em soberano e, nem temendo um incidente diplomático, reclamar para si os territórios da Amadora e Sintra, roubando ao conselheiro Raposo e ao benfiquista Seara aquilo que até agora era o seu (deles) ex-líbris: a porcalhota e a oitava maravilha do mundo de Byron. Entendem ainda assim os cabo-verdianos que depois de tantas diatribes sofridas pelos seus conterrâneos em terras de Amadora e Sintra, nada como locupletar ao estado português o território onde, demograficamente, eles já estão em maioria.

Nessa ordem de pensamento, a sugestão vai no sentido de arrebanhar toda a Cidade do Cabo, na presunção de que a fortuna de Joe Berardo foi ali conseguida sabe Deus como e tirar uma fatia substancial da Costa Leste dos Estados Unidos, na parte que segue o azimute entre Newark e New Bedford, depois de se saber que os açorianos que para ali foram já fizeram patifarias tamanhas (seis deles deram por si em cima de uma norte-americana numa mesa de bilhar numa acção imortalizada no filme The Accused por essa beleza natural que dá pelo nome de Jodie Foster) que justificam ficar, pelo menos, com a cidade de Fall River.

A ideia, acolhida pelos justiceiros portugueses sugere, todavia, alguma ponderação. Já que o exemplo dado pela juíza do caso Isaltino teve uma opção por África, entende-se que honrando os pergaminhos dos nossos antepassados, se siga pela conquista inicial desse continente e, só depois, nos aventurarmos pela América. É que, como as coisas estão, para além de conquistarmos o território americano ainda nos tínhamos de ver com o crash da economia de Obama e há quem considere que ainda não temos arcaboiço para isso. Pelo menos enquanto não tomarmos posse administrativa do mar de Cabinda – por uma qualquer gravidez ali feita por português errante que se tem de condenar primeiro – e, com o dinheiro do petróleo ali conseguido, criarmos uma almofada financeira que nos permita pensar mais a sério na ocupação administrativa da América.

Mas que vamos lá chegar, ai isso vamos – disse o mestre do justicialismo da Escola Politécnica

"Res est misera ubi ius est vagum et incertum." [Jur / Black 1540] A situação é deplorável quando a lei é imprecisa e incerta.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Isaltino Morais: O recurso permite que este se mantenha como Presidente da Câmara e recandidatar-se nas próximas eleições autárquicas

O recurso apresentado pelo presidente da Câmara de Oeiras à condenação de sete anos de prisão e perda de mandato tem efeito suspensivo da decisão, permitindo-lhe continuar à frente da autarquia e recandidatar-se às próximas eleições autárquicas.
É esta a opinião, recolhida junto de colegas juristas, que interpretando a lei, defendem que a apresentação do recurso, suspende a execução da pena de prisão efectiva e da pena acessória de perda de mandato.
Ao ver admitido o recurso fica suspensa tanto a pena de prisão como a perda de mandato, e na opinião destes, a perda de mandato refere-se ao mandato que está em curso e não a um futuro mandato, mesmo que esse esteja a decorrer quando a decisão vier a transitar em julgado.
Portanto, os que não contestaram a inclusão de arguidos da Casa Pia, nas listas do Partido Socialista, nas últimas eleições legislativas, deveriam ser um pouco mais comedidos e não embandeirar em arco. Pela boca, morre o peixe!

“Iustitia sine misericordia crudelitas est, et misericordia sine iustitia fatuitas.” Justiça sem misericórdia é crueldade, e misericórdia sem justiça, tolice.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O ZÉ E A JOANA

O Zé gosta da Joana. A Joana também gosta do Zé. Mas quando o patrão da Joana descobriu, que o Zé andava atrás dela, encostou a Joana à parede e pimba. Se trepas a cerca, já não voltas. És despedida com justa causa.
E a Joana, moça de princípios, pensou, pensou, para aí uns três dias. Até que decidiu, dizer não.
E então, como menina que se preza, toca de dar com a língua nos dentes.
Isto é uma pouca-vergonha! Já não se pode ter um palminho de cara, andar com umas calças mais justas ou com um soutien, daqueles que empinam as mamocas e vêm estes tipos assediar uma pessoa.
Sim, o Zé tentou assediar-me! Disse ela…
E como ninguém acreditava nela, não sei porquê, veio o patrão e defendeu-a. É verdade, o Zé tentou assedia-la, mas a Joana não é dessas.
A Joana pode ser a favor dos homos, dos travestis e dessa rapaziada toda, mas é fiel. Quando assume um compromisso, é até que a morte nos separe.
Portanto, fica o aviso…se houver mais alguém com tentações, esqueça. Quem se meter com a Joana, leva!
Leva com uma peixeirada que nem sabe de que terra é. Ouviste Zé?
Toma lá, que é para aprenderes que não tens melhor aspecto, nem o ar inofensivo do Mário.

“Ad magistri vocem quisque sui venit citatus.” [Marcial, Epigrammata 4.30.5] Todos vêm, quando são chamados pela voz do mestre.