quarta-feira, 30 de junho de 2010

RELATÓRIO DO MÊS DE JUNHO DE 2010

Chegámos ao final de Junho de 2010. Altura de se realizarem relatórios e fazer a análise do ponto de situação.
Em primeiro lugar, Junho foi um mês pouco produtivo, pois os feriados, assim, não o permitiram. Embora não haja dinheiro para a 3.ª via sobre o Tejo, há dinheiro para fazer pontes de lazer.
Logo, por desgraça, o tempo não ajudou, a carteira de alguns portugueses está vazia, e nem a indústria hoteleira se conseguiu aproveitar para sair da crise.
Depois, o mês de Junho é o mês dos santos populares. Começa com o Santo António em Lisboa, com os seus casamentos heterossexuais apadrinhados na Igreja (ao menos, valha-nos Jesus Cristo), para acabar com o S. João, no Porto.
É bom, porque além de incrementar a venda de sardinha assada, em que nalgumas feiras já se paga vinte euros por refeição, põe o pessoal a cantarolar, com as marchas populares. São as farturas, o pão com chouriço, o algodão doce e as pipocas e é ver o pessoal contente. Valha-nos os santos populares.
Mas, também tivemos a selecção nacional, a jogar para o mais difícil: o empate a zero, zero, na maioria dos jogos do mundial de futebol. Mas estava-se a ver…vocês não acreditaram na selecção e criticaram, quando Portugal, no jogo de preparação, com Cabo Verde, tinha feito uma óptima exibição que era capaz de jogar e empatar a zero/zero, com o Brasil ou com a Costa do Marfim.
Além disso, neste mundial, Portugal não teve o Cristiano Ronaldo. Foi preciso ter coragem para não o pôr a jogar. Vai para dois anos que não o vejo jogar na selecção.
Mas, não foi só o futebol e os santos populares, com pontes e pontes de feriados, que houve em Portugal. O Governo, num altíssimo entendimento com o líder do PSD, conseguiu aumentar os impostos e fez mais umas merdas para tramar a malta.
Vocês parecem que não perceberam…é a crise internacional! Nós aumentamos a divida externa todos os dias, por causa da crise. Esta crise que já se arrasta desde que Portugal existe. Ah, agora vai ser uma chatice. Pois vai. Não há dinheiro do Brasil, não há dinheiro das colónias, a União Europeia está seca, com o dinheiro que teve de dar aos Bancos e agora, somos mesmo nós a pagar.
Claro que vai ser diferente. Primeiro são os impostos a aumentar. Depois são as regalias a baixar, os subsídios a desaparecerem e…os ordenados a baixar. Até lá, e depois desta “Tourada à Espanhola”, vamos discutindo os SCUT (devem ser os mísseis da Coreia do Norte), com isenções aqui e acolá. Gaita, só eu é que não tenho isenções. Pago os impostos e pago as auto-estradas, mesmo que vá de Linda-a-Velha a Oeiras. Eu sei que tenho a marginal, porreiro pá. Mas se toda a malta dá em ir na marginal? Como é? Lá estou eu marafado com isto tudo. Pagas e não bufas!
Ah, quanto ao aumento da divida durante o mês de Junho? É melhor não falarmos disso, porque então é que não conseguimos digerir as sardinhas assadas e lá se ia o mau bronzeado que apanhámos este mês.
Venha Julho, que é mês de férias! É do que nós precisamos, é de férias!


“Perditis rebus omnibus tamen ipsa virtus se sustentare posse videatur” [Cícero, Ad Familiares 6.1.4] No meio da ruína total, só a virtude parece capaz de se sustentar.

sábado, 19 de junho de 2010

A ECONOMIA SEMPRE A CRESCER

Mãezinha, recebi a tua cartinha em que dizias que querias ir às compras. Também eu, mas não tenho tido tempo. Isto está tudo, uma grande trapalhada.
Agora não faço outra coisa se não andar armado em “caixeiro-viajante” a tentar vender produtos que todos têm e ainda por cima a preços mais caros.
É verdade! Embora tenhamos ordenados de miséria, a nossa produtividade é muito baixa, como sabes. Também ela começa logo aqui no governo, para acabar na assembleia. Então, vê lá tu, que até o Bloco tem uma assessora com 79 anos de idade. Como é que é possível produzir assim?
Estás a ver, se tivesses vindo trabalhar comigo, ninguém reparava nisso.
Ai mãezinha! O que vale é que não vou estar muito mais tempo por aqui. Quem se vai tramar é o vice-primeiro-ministro que vai ter que segurar a queda do crescimento da economia. Sim, porque isto vai ter um crescimento negativo de 2 ou 3 por cento ao ano. Imagina bem o que vai ser. O desemprego a aumentar e os subsídios a baixar. Vai ser lindo, vai.
Não digas nada a ninguém! Mas nessa altura, vamos, mesmo, ter de reduzir os ordenados. A malta até vai guinchar!
Mas valeu a pena ser político. Em primeiro lugar, consegui ser engenheiro. Depois consegui enganar esta malta toda com a continuação daquela lengalenga, da solidariedade e subsídios para toda a malta. Foi lindo. O quê? Não se fez nada na reestruturação da economia? Não é verdade! A economia está sempre a crescer, mãezinha. Agora, se cresce para negativo, na universidade não demos os números negativos. Pensava que isso não existia. Fiz sempre as contas com números positivos. A culpa foi do ensino. Agora não está melhor? Mãezinha, não diga isso. Os miúdos agora se chumbarem até aos quinze anos e estiverem no oitavo ano, passam para o décimo. Desculpe lá, mas no meu tempo não havia nada destas dificuldades.
E sabe bem que me esforcei. Pelo facto de ser filho de pais divorciados, a mãezinha nunca me ouviu dizer que estava traumatizado e que precisava de acompanhamento psicológico. Não é verdade? E agora? O governo farta-se de gastar dinheiro com estas modernices. Nem no azar que tive nos amores eu me queixei.
Agora é que não aguento mais. Quando me vir livre disto, vou ao psiquiatra e mando a conta aos portugueses. E o maluco sou eu?
Olhe, mãezinha! A malta é uma cambada de ingratos, é o que é. Sacrifiquei eu a minha vida e depois ainda andam a fazer anedotas e piadas sobre mim. Isso é que eu não aguento mais. É uma cabala!
Um dia, ainda hão-de fazer um filme, para televisão, sobre a minha ousadia. Ah, se não fizerem o filme? Fica descansada que hei-de arranjar maneira de acabar com a televisão. Só fica a do Estado, porque esta deve mais de 800 milhões de euros e se fecha, fica uma data de malta a arder.

“Dedit tempus locumque casus.” [Sêneca, Hippolytus 425] A sorte te deu tempo e lugar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

QUANDO ALÉM DA MENTIRA, SOMOS CEGOS

Diz-se que a mentira tem pernas curtas porque sabemos que ela não costuma ir muito longe. Cedo ou tarde, ela vacila, tropeça e acaba sendo alcançada pela verdade. Isso acontece por, pelo menos, dois motivos: primeiro, porque quando mentimos fazemos mais esforço do que quando dizemos a verdade, em função do dilema moral envolvido na questão, ainda que inconsciente. Segundo, porque quando precisa ser repetida, a mentira perde força, sendo contaminada por fragmentos da verdade ou por outra mentira, pois sua base não é a realidade, e sim a ficção.
Mentir significa “inventar” uma verdade que não existe, e não “relatar” a verdade como ela é. A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela. Quando mentimos criamos uma realidade que não se baseia em nenhum outro facto, a não ser a nossa própria criatividade, o que não é suficiente para sustentar o que foi dito, caso o assunto não se esgote rapidamente. O candidato a um emprego que mente sobre sua experiência e qualificações será desmascarado pela inconsistência do currículo ou pela incapacidade de atender às expectativas que criou.
O filho que invoca a doença de um pai ou de uma mãe, para escamotear um outro problema e que na maioria das vezes, não é um problema. É uma mentira onde se procura encontrar nos outros, a piedade. E mente-se porque sabemos que não é um problema e que o nosso comportamento não é o adequado e que ninguém poderá desculpar esse mesmo comportamento. E por aí fora. Factos que demonstram o insustentável peso da mentira podem ser colhidos em quantidade na história de vida de quase todas as pessoas – de adolescentes a presidentes da república.
Mas, afinal, por que mentimos, se todos sabemos que existe a possibilidade de sermos desmascarados mais cedo ou mais tarde? Que força é essa que nos impele a não sermos sempre fiéis aos factos? Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?
Uma coisa é verdade, a percepção que temos dos factos, e a mentira grande ou pequena, danosa ou inconsequente, piedosa ou maldosa, sempre será uma mentira e, como tal, poderá ferir alguém.
E grave, grave, é quando utilizamos a mentira, com quem na realidade nos ama e nos quer bem, na procura de satisfazer algo que é unicamente o nosso querer, num egoísmo desenfreado, numa atitude egocêntrica, na procura de “felicidades” e “prazeres”, ou que não existem ou que são sempre muito efémeros, e que sabemos, interiormente que são uma falácia. Nestas condições, além da mentira, somos cegos. Direi mais, somos sádicos, porque sabemos que estamos a ferir, a magoar, a dilacerar, aqueles que, ao fim e ao cabo, são os únicos que nos protegem e nos querem bem.
Sim, porque cego, cego, é aquele que não quer ver!

"Certum voto pete finem." [Horácio, Epistulae 1.2.56] Põe um limite certo a teu desejo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mais justiça na sociedade injusta

Toda idéia de justiça pressupõe não apenas uma distinção de mérito e demérito, mas também as diferenças de escala dentro de um e do outro. Homenagens, cargos, prémios escolares, hierarquias burocráticas, civis e militares reflectem a escala do mérito, o Código Penal e os vários mecanismos de exclusão social, a dos deméritos. É inútil falar em “meritocracia”, pois todas as hierarquias sociais são meritocráticas, divergindo apenas no critério de aferição dos méritos. Mesmo essa divergência é mínima. Nenhuma sociedade é tão fortemente apegada a prestígios de família que negue toda possibilidade de merecimento individual autónomo, nem é tão desapegada deles que não reconheça diferença entre ser filho de um herói nacional ou de um assassino estuprador.
Suponham uma rígida sociedade de castas e uma democracia igualitária. Qual das duas é mais justa? A sociedade de castas alega que é justa porque busca refletir na sua estrutura a ordem hierárquica dos valores, premiando em primeiro lugar os homens espirituais e santos, depois os valentes e combativos, depois os esforçados e industriosos e por fim os meramente obedientes e cordatos. Quem chamaria isso de injustiça? O igualitarismo democrático baseia-se na idéia igualmente justa de que ninguém pode prever de antemão os méritos de ninguém, sendo portanto melhor assegurar a igualdade de oportunidades para todos em vez de encaixilhá-los por nascimento em lugares estanques da hierarquia. A sociedade de castas falha porque não é garantido que os filhos de santos sejam santos, de modo que aos poucos a hierarquia social se torna apenas um símbolo remoto em vez de expressão directa da hierarquia de valores. De símbolo remoto pode mesmo passar a caricatura invertida. A democracia, por sua vez, na medida em que nivela os indivíduos nivela também suas opiniões e, portanto, os valores que elas expressam. O resultado é o achatar de todos os valores, que favorece a ascensão dos maus, egoistas e prepotentes pela simples razão de que já não há critérios para considerá-los piores do que os mansos e generosos. Daí a observação de que a democracia não é o oposto da ditadura – é a causa da ditadura.
Pela mesma razão, todo aquele que promete eliminar as exclusões sociais começa por excluir os que não acreditam nele, e aquele que promete uma hierarquia aristocrática perfeita começa por invertê-la quando, ao reivindicar o poder necessário para construí-la, se coloca a si próprio no topo da escala e se torna a medida dela em vez de ser medido por ela.
Na alma do indivíduo bem formado é sempre possível conciliar o senso da hierarquia de valores com o sentimento da igualdade profunda entre os membros da espécie humana. O próprio amor aos valores mais elevados infundirá nele necessariamente um pouco de humildade igualitária, da qual Jesus deu exemplo constante. O indivíduo tem sempre a flexibilidade psíquica para buscar o equilíbrio dinâmico entre valores opostos. Mas nenhuma sociedade pode ser ao mesmo tempo uma sociedade de castas e uma democracia igualitária, nem muito menos ter a elasticidade necessária para passar de uma coisa à outra conforme as exigências morais de cada situação. Os valores morais existem somente na alma do indivíduo concreto. As diferentes estruturas sociais podem apenas macaqueá-los de longe, sempre sacrificando uns em proveito de outros, isto é, institucionalizando uma quota inevitável de erro e de injustiça. Os seres humanos podem ser justos ou injustos – as sociedades só podem sê-lo de maneira simbólica e convencional, eminentemente precária e relativa.
Essas distinções são elementares, e nenhum indivíduo incapaz de percebê-las intuitivamente à primeira vista está qualificado para julgar a sociedade ou muito menos propor sua substituição por outra “mais justa”. Infelizmente, essa incapacidade é precisamente a qualificação requerida hoje em dia de todos os doutrinários de partido, parlamentares, líderes de movimentos sociais etc., porque, cada um deles só consegue subir na vida na medida em que personifique a “sociedade mais justa” em nome da qual legitima suas propostas. Ou seja: são sempre os homens injustos que se incumbem de promover a “justiça social”, julgando e condenando aquilo que nem mesmo compreendem. Se em vez de buscar uma “sociedade mais justa” começássemos por derrubar de seus pedestais os homens injustos, um a um, a sociedade em si não se tornaria mais justa, mas haveria mais justiça na sociedade injusta – e isto é o máximo a que seres humanos razoáveis e justos podem aspirar.
Ius naturale est id quod iustum est ex ipsa natura rei. [Jur] É direito natural aquilo que é justo pela própria natureza da coisa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mê FILHO, PRECISO DE IR ÀS COMPRAS


Mê rico filho!
Noutro dia fui a banco, para ver se me emprestavam um dinheirito, pois queria fazer uma compras, porque não dá jeito nenhum está a tirá-lo do offshore.
Tenho de estar a mandar mails para as Caimão e primeiro que cá chegasse era uma chatice.
Mas não é que o gerente, do Banco onde eu fui, muito simpático, me disse: minha senhora, lamentamos mas não temos dinheiro para emprestar.
E eu disse-lhe: mas o meu filho tem dito que isto está uma maravilha e que até no primeiro trimestre a economia estava a crescer, como é que o senhor me diz uma coisa destas?
- Mas quem é o filho da Senhora? Não me diga que é o primeiro-ministro? É sim senhor, respondi eu! E, então, a Senhora que é mãe dele ainda acredita no que ele diz?
Irritei-me com aquilo e disse-lhe: Olhe lá meu senhor, acredito eu a mais trinta e tal por cento de portugueses que votaram em mê filho. E não estão nada arrependidos, porque segundo as sondagens esses trinta e tal por cento vão continuar a votar nele.
Se o senhor não tem dinheiro, porque está aflito, tudo bem. Mas não me venha dizer que a culpa é dele.
Nem deles nem daquela rapaziada que anda a mamar atrás dele. Sim, porque mê filho sempre foi muito protector dos seus amigos. Até vai apoiar o Pateta Alegre como candidato à Presidência da república e vai ter o apoio do Bloco de Esquerda. Na segunda volta, ainda vai ter apoio do PCP.
E vai ver, que ainda vamos ter um Presidente e um Governo Socialista. É só ele prometer mais cento e cinquenta mil novos empregos e esta rapaziada acredita nele.
Então, diga-me lá: quando é que o senhor espera voltar a ter mais mercadoria para vender? É que sem mercadoria, vai ter de fechar o negócio.
Olhe, se isto está assim, quem não tira o meu lá do Caimão, sou eu! E mais, vou dizer aos meus vizinhos para porem a massa lá fora. Chiça….ficar sem o mê dinheirinho é que não. Mê filho está farto de trabalhar para ficar com os bolsos rotos.
E não vai ser com a reforma que ele se vai safar…muito menos agora!
Já foi um sacrifício pagar os apartamentos ao offshore!
Olha mê filho, vê lá se me empresta algum. É que preciso mesmo de ir ás compras. Sinto-me de tal modo tão deprimida, com esta merda toda no país, que preciso de ir espairecer ao El Corte Inglês.
Fico à espera. Não te esqueças do pedido da mamã. Beijinhos!

« Miserum istuc verbum et pessimum est ‘habuisse’ et nihil habere. » [Plauto, Rudens 1243] É triste e muito ruim essa expressão ‘ter tido’ e não ter nada. ●

sábado, 5 de junho de 2010

Olha o presente, recorda o passado, olha o futuro.

A observação continuada de comportamentos que procuro entender e ter compreensão, mas que me deixam numa posição de não saber bem o que fazer ou que mais dizer, fizeram com que escrevesse este post. Os problemas dos outros são sempre mais fáceis de serem entendidos e as recomendações afloram com rapidez. Mas quando amamos alguém, o aparente sofrimento por ansiedades despropositadas, que não deviam existir, porque na realidade, a vida é sempre feita de incertezas. Só existe razão para a ansiedade quando existem problemas reais que se podem traduzir por factos. Um problema sério de saúde, por exemplo. Toda a ansiedade que não é demonstrável por factos, passa a ter características de doença e é, já, no foro psiquiátrico que ela terá de ser amenizada. Quando uma pessoa anda permanentemente nervosa, aflita, enfim, um pouco “fora do normal”, acaba por colocar toda a gente nervosa, também, e com isso acaba por ter atitudes irritantes, ou passa a vida a fazer coisas para chamar a atenção dos outros.
E foi quando eu disse para mim que deveria ter paciência e entender a situação dela. Entender que ela não passa por um bom momento e que é difícil para ela lidar com tudo isso. Que por causa da sua ansiedade já patológica, ela não consegue colocar a cabeça no lugar, não consegue ver a maneira que está agindo e nada do que ela faz é por mal, mas simplesmente por não conseguir distinguir uma coisa da outra.
E foi justamente aí que me deu o estalo. Quantas vezes julgamos as atitudes de outras pessoas sem realmente saber o que se esconde por trás? Quando alguém passa apressado no trânsito, ou alguém que passou correndo para o autocarro, levando as restantes pessoas de arrasto? Será que essas pessoas realmente são assim ou poderiam estar com algum problema e agiram sem pensar?
É fácil exemplificar isso. Basta pegar um exemplo bem pessoal. Naquele dia em que tudo dá errado, em que o melhor teria sido não sair da cama, quando o mundo parece conspirar contra nós, será que não agimos de forma rude – ou no mínimo um pouco – com as outras pessoas? Ou quando estamos cheios de coisas para fazer, precisando fazer vinte coisas ao mesmo tempo, com pessoas chamando, de tudo quanto é lado, e aparece um engraçadinho e faz uma pergunta idiota – ainda que séria – não a mandamos passear?
Há que se ter um pouco de paciência antes de julgar qualquer acção de uma outra pessoa, principalmente se for uma atitude que essa pessoa não tomaria normalmente. Ao invés de ficarmos com o orgulho ferido, achando, que a tal pessoa não pode nos tratar assim e começar a choramingar ou reclamar, poderíamos tentar entender os motivos que levaram essa pessoa a fazer isso. Nem sempre pode existir um bom motivo, mas podemos tentar descobrir primeiro antes de fazer qualquer julgamento.
Compreender e entender uma pessoa pode fazer toda a diferença em qualquer tipo de relação, principalmente se ela for amorosa ou familiar. Conseguindo entender o que motiva tais atitudes das pessoas nos dá uma outra visão da situação e podemos analisar claramente tudo o que se passa. E assim, podemos evitar mágoas, tristezas e algumas discussões.
Claro que existe uma grande diferença entre falar e fazer. Eu sei bem que não é nada fácil, mas há que se tentar. E com a prática, começa a tornar-se tão automático que, quando vemos, já conseguimos ter mais paciência e menos aborrecimentos.
Todas as pessoas podem sentir ansiedade, principalmente com a vida atribulada actual. A ansiedade acaba tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do grau ou da frequência, pode se tornar patológica e acarretar muitos problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade. Portanto, nem sempre é patológica.
Quantas vezes não observamos as unhas roídas, sendo esta uma característica de ansiedade? Até se consegue arranjar doenças de pele, se não for nas próprias unhas, para não falar de outros sintomas.
Ter ansiedade, ou sofrer desse mal, faz com que a pessoa perca uma boa parte da sua auto-estima, ou seja, ela deixa de fazer certas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. Dessa forma, o termo ansiedade está de certa forma ligado à palavra medo, sendo assim, a pessoa passa a ter medo de errar quando da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar.
A ansiedade em níveis muito altos, ou quando apresentada com a timidez ou depressão, impede que a pessoa desenvolva seu potencial intelectual. O neófito é bloqueado e isso interfere não só na sua educação tradicional, mas na inteligência social. O indivíduo fica sem saber como se portar em ocasiões sociais ou no trabalho, o que pode levar a estagnação na carreira.
Não é fácil, entender-se esta problemática, mas também, sem a própria ajuda de quem vive a ansiedade, alguém poderá ajudar. E os que estão próximos, aqueles que nos amam de verdade, sentem-se impotentes para “ajudar” que determinadas atitudes e comportamentos não sejam tomados, pela pessoa que não tomaria esses comportamentos, normalmente.
A vida são lembranças, a vida é o presente e o futuro logo se verá! Mas o futuro também se constrói, tendo sempre em consideração que a vida é sempre repleta de vicissitudes. E estas são resolvidas ou procuram-se resolver, no momento em que aparecem, e não antes de surgirem, para não vivermos em ansiedade.

“Aspice, respice, prospice.” [Inscrição em relógio solar] Olha o presente, recorda o passado, olha o futuro.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

PORTUGAL CONTINUA A MUDAR

A educação em Portugal tem evoluído de uma forma impressionante. Estamos a ficar com uma taxa de analfabetos licenciados, formidável.
A educação tem sido uma “paixão” assolapada. O que faz a paixão…
A paixão começou com as novas “oportunidades”. Com três meses de conversa e larachas, pode-se ter o 12.º ano.
Ontem, caíram-me ao chão, quando vi a notícia, de que um “jovem” com quinze anos de idade, no 8.º ano do secundário, transitava para o 10.º. Isto deve ser, em princípio, para não traumatizar a criança e depois assegurar-lhe um futuro de ignorância.
Já tinha lido que haveria um, qualquer, politécnico que formava licenciados em campos de “golf”. Isto deve ser uma brincadeira de mau gosto, ter jardineiros licenciados.
A grande reforma do ensino universitário, com Bolonha, veio proporcionar “mestrados”, com três anos de licenciatura e mais dois anos de treta.
Pergunto eu, na minha santa ignorância, se os licenciados em direito, por exemplo, que depois da sua licenciatura, ou na ordem dos advogados ou no CEJ, tinham no mínimo de fazer mais dois anos de formação, depois de cinco anos de licenciatura, se não devem ter direito ao “doutoramento”? Ainda por cima, esta gente tinha de tirar o 12.º ano, sem facilidades.
Estando eu ligado ao mundo empresarial, mas também ao ensino universitário, tenho sido confrontado com situações, em que já não sei como os manter no sítio.
Um funcionário, com o 9.º ano de escolaridade, faz uma informação deste teor: “Venho por este meio informar (…), de umas situações (…) precisa de novas marcas soes no chão novas sinalizações pintadas no chão…(…)essas baias iram nus parques já nus fez falta…Pesso a sua compressão são coisas que fazem falta nus parques…”
No futuro, as admissões de funcionários nas empresas, têm, forçosamente, de incluir uma prova de selecção que inclua:
- Ditado, redacção e interpretação de um texto. Prova de aritmética, procurando saber se sabem fazer uma prova dos nove, sem máquina de calcular.
Tem andado este país a fazer formação em informática, a pessoas que deveriam saber alguma coisa de inglês, quando nem na língua materna se conseguem exprimir. A não ser que as expressões utilizadas no extracto do texto, que junto, esteja de acordo com o novo acordo ortográfico.
Com esta fobia de criar pseudo -licenciados em qualquer coisa, passamos a ter novas profissões, tais como:
- Empregado de balcão de uma loja de fotocópias – “ Técnico superior de fotocópias”. No Brasil, será “Técnico superior de Xerox”.
- Manicura – “Técnica superior de unhas e peles – com mestrado de pintura de unhas e aplicação de acetona.”
- Barman – “Técnico superior de manipulação de bebidas alcoólicas e refrigerantes”. “Pós graduação em manipulação e produção de caipirinha”.
- Empregada doméstica – “Técnica superior de arrumos e limpezas”.
- Vigilante – “Técnico superior de vigilância, com mestrado em vigilância nocturna, sem lanterna”.

Tenham dó! Com esta rebaldaria, colocaram o país no charco! Não acredito que tudo isto, não tenha repercussões no país, nos próximos cem anos!
Meu querido Portugal, que tens sido governado por bandalhos!


“Vitiorum omnium procreatrix desidia.” A preguiça é a mãe de todos os vícios.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

PORTUGAL ESTÁ A MUDAR

Finalmente, Portugal está a mudar. Já se sente essa mudança. A vida corre sobre rodas. O futuro sorri para os portugueses, como uma criança sorri, quando faz algo de novo que os pais admiram.
E a época, é de facto de mudança…mais impostos, menos poder de compra, mais desemprego, a crescer a um ritmo galopante. Mês após mês. Vão lá com estas cantigas para as famílias que estão desempregadas, que ao abrirem o frigorifico, dentro dele, nada resta, para comerem no dia de hoje. Muito menos para o dia de amanhã, porque Portugal está a mudar.
Sim, está mudar para um futuro de mais miséria, mais desemprego, mais insegurança.
Mais insegurança nas ruas, onde já a polícia, bate a torto e direito, deixando os intervenientes caídos na rua e nem uma ambulância de cuidados médicos chama.
Onde com as “novas oportunidades” se consegue com um curriculum profissional e três meses de treta, fazer o décimo segundo ano.
Está o país a mudar, para a insegurança, de quem andou uma vida inteira a descontar para que tivesse uma velhice sem dependências. Dependências que os próprios Governos gostam, pois sempre lhes permite em épocas eleitorais, criarem um subsídio de miséria para os idosos.
O país está a mudar, para os milhares de jovens que, mal ou bem, realizam os seus estudos e cujas expectativas é continuarem a viver debaixo da alçada dos pais, porque não encontram emprego. Ai não? Jovem, aproveita e vai fazer “uma nova oportunidade”. Sim! Se tiveres a oportunidade vai-te embora deste país que está a mudar, mas que não tem futuro.
É um país, em que em quinze anos de governos socialistas conseguiram pô-lo numa situação de insolvente.
Onde os empresários, utilizando a corrupção e transferindo a responsabilidade da mesma para os políticos, foram-se governando nesta economia decadente de obras públicas não reprodutivas.
Onde a aposta foi sempre a mão -de -obra barata, como factor competitivo. Onde o trabalhador passa o tempo a contar os feriados do ano, para fazer “pontes” e cada vez produzir menos.
É um país a mudar!
Já estou cansado de ver tanta mudança! Mas, para haver mudanças de governo, teremos de esperar que os hóspedes que se encontram à mesa da degustação saiam para entrarem os outros. Porque, assim é o desejo do actual patrão da hospedaria.
Com tanta mudança, fica tudo na mesma! Como diziam na minha terra: “mudam as moscas, mas a merda é a mesma”.
E quem se lixa é o mexilhão!
Dizem-lhe que tem o poder do voto! Não se iludam…não há poder no voto. Porque não há poder em quem vota, de os pôr na rua, no momento adequado.
Parecem lapas!

"Malis mala succedunt." [Erasmo, Adagia 3.9.97] ■Males a males sucedem. ■Uma desgraça nunca vem só. ■