terça-feira, 30 de agosto de 2011

A MENINA DANÇA?

O Governo aprovou uma proposta de alteração ao regime jurídico do sector empresarial local.
A proposta de lei visa não só o regime de criação de empresas municipais, intermunicipais e metropolitanas, mas também o reforço dos poderes de monitorização da administração central sobre o sector público empresarial local.
Este modo de governar é, de facto, um folclore. Dia 25 de Agosto de 2011, o Conselho de Ministros, aprovou uma proposta de alteração ao regime jurídico do sector empresarial local.
Para o público, em geral, que vai vendo estas danças, pensará que o governo está a trabalhar bem, eventualmente, a cumprir o calendário político, imposto pela troika, de duas medidas por dia.
Mas, o prazo para resposta, pelas Câmaras Municipais, de um inquérito sobre as empresas do sector empresarial local, tinha, como prazo limite, o dia 30 de Agosto. Como é que se aprovou, uma alteração ao regime jurídico do sector empresarial local, se ninguém, no governo e arredores, sabe dançar esta música?
Logo, os “blogs” da maledicência, começam a vomitar, opiniões e considerações, sobre o assunto, tal como outros, iluminados, vão falando de economia ou de finanças, como se, nos dias de hoje, toda a gente fosse entendida na matéria.

Fala-se, que estão identificadas 288 empresas municipais. As empresas existem, ou não existem? Porque, se não estão constituídas e, os seus estatutos, não estão publicados, em Diário da República, é porque são “Sociedades Aparentes”. E não creio, que pelos modestos salários brutos que são pagos, a estes gestores, (que são inferiores à pensão de reforma de muitos educadores de infância e professores primários do antigo regime em vigor, no curso do Magistério Primário - antigo 5.º ano do Liceu e dois anos de didáctica A e B), alguém se arriscasse, a ser administrador de uma sociedade aparente. Se já não é fácil, com os vencimentos auferidos, que são sempre inferiores ao salário do Presidente de Câmara, que por sua vez, tem um salário inferior, a determinados funcionários do quadro das referidas Câmaras, em funções de chefia, que ainda são onerados com responsabilidades criminais e civis, como é que alguém se sujeitaria a gerir empresas aparentes? As responsabilidades criminais, são passíveis de serem pagas ou com o corpo ou com o dinheiro do seu salário, e as civis, com o seu salário e, eventualmente, na douta opinião do “julgador”, indo ao seu património pessoal e/ou de família. Ou, ambas as coisas! Pagas com o corpo e com o património.
Se for consultado o “sítio” do IPCA” – Centro de Investigação em Contabilidade e Fiscalidade - http://www.cicf.ipca.pt/pagesmith/26, desde 2008, que esta Instituição, com prestígio académico, tem vindo a classificar, em termos “Contabilísticos”, os Municípios, bem como as empresas municipais. E, os últimos dados, que são referentes ao ano económico de 2009, existem nesta Instituição, verificadas e analisadas, 281 empresas, municipais e intermunicipais.
Como é de deduzir, esta instituição, IPCA, não obtém dados de todas as empresas, pois solicita, os mesmos, às empresas ou realiza a consulta por internet (“sítio das empresas"), onde, devem estar divulgadas as contas das empresas, bem como os Orçamentos e Planos, das mesmas.
Agora, o Governo, se não consultou o Tribunal de Contas, que tem por lei, o dever de receber o Relatório de Contas e Actividades das empresas, aprovado e apreciado, pela Câmara e Assembleia Municipal, até 31 de Março, de cada ano, então, o problema, coloca-se entre os dois bailarinos. Por um lado as empresas que tem a obrigação de enviar ao Tribunal de Contas os seus relatórios, por outro, as próprias instituições fiscalizadoras. Mas, pessoalmente, já nada me surpreende, neste país.
Se o Ministro Miguel Relvas disse que é o “início de revolução tranquila”, eu diria de outro modo: “ é o início de uma confusão tranquila”, e já está demonstrado, pela oportunidade das consultas feitas aos Municípios, com prazos posteriores (30/8/2011), à data em que foram aprovadas alterações ao regime jurídico das empresas locais (25/8/2011).
Depois, aparecem notícias, que dizem: “Fonte oficial disse ao JN que, actualmente, estão identificadas 288 empresas municipais, intermunicipais e metropolitanas que integram o SEL, mas, para além deste número pecar por defeito, existem dados financeiros relativos a apenas 142 empresas”. Acabei de mencionar que o número de empresas analisadas pelo IPCA, Instituição independente, de investigação em Contabilidade e Fiscalidade, analisou 281 empresas do sector local. Ou seja, o dobro, das 142, que “fonte oficial disse”. Nem o governo está a trabalhar com serenidade, nem os jornais fazem notícias com seriedade.
“O diploma aperta o cerco às empresas municipais, cujo universo está ainda longe de ser conhecido”.
O cerco, ou melhor o circo, já está montado, vai para muito tempo. O governo nasceu coxo. E no meu tempo, quando se ia convidar uma senhora para dançar, e esta não estava interessada no convite, dizia: “desculpe, mas eu não danço”. A resposta de quem convidava, irritado com a recusa, era: “Desculpe, não sabia que a menina é coxa”.
Qualquer que seja o governo, tem de pensar primeiro e decidir depois! E não pode ser só, fazer “bonitos” financeiros, esquecendo-se de fazer política e economia.
Porque, se calhar, não será uma “revolução tranquila” e, muito menos “uma confusão tranquila”. Será, talvez, uma “confusão agitada”.

“Argumentum ad verecundiam.” [Rezende 410] Um apelo ao pudor, à consciência.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Governo a jogar o SIMCITY

Isto está a ficar engraçado. O Governo diz que está a concretizar uma medida, por dia, do acordo com a troika. Ainda aparece, algum gajo inteligente, e diz que se tem que tomar uma medida por noite. Se as medidas por dia já saem caras, imaginem as medidas por noite.
A Troika, o défice, o não termos dinheiro para isto e para aquilo, não se resolve, salvo melhor opinião, com o aumento desenfreado da receita. Só é passível de resolver, cortando despesa.
E esta foi a promessa do actual primeiro-ministro. Até à data, não vislumbrei nenhuma medida que resultasse para uma poupança significativa. Onde é que estão essas medidas, que eram tão fáceis de implementar, quando o PSD estava na oposição?
Já não pergunto, onde é que estão as medidas para o país produzir mais riqueza, porque, a esta pergunta, nenhum académico, transformado em político, me vai responder.
Eu no intróito disse que o Governo iria implementar medidas de noite, porque, segundo os “media”, este tem de aplicar 75 novas medidas, em Setembro. Como Setembro só tem trinta dias, mesmo produzindo medidas de noite, não consegue atingir o objectivo.
Desde que o Governo tomou posse, que os “Faits divers” têm sido vários.
Os últimos foram, já depois do anunciado aumento do IVA, na energia eléctrica e gás natural, para 23%, que darão cerca de mais 100 milhões de receitas, o imposto sobre heranças e doações. Eu estou-me nas tintas. Não tenho nada para herdar e quando morrer, quem cá ficar, que pague os impostos. Mas, isto tudo, para arrecadar mais 100 milhões por ano?
Entretanto, vem a “grande” discussão de taxar as fortunas. Mas, quais fortunas? O pessoal que tem muito património em imóveis? Mas, esses já pagam impostos, pois o IMI é para todos. Ou não? É o pessoal detentor de bens móveis? Bom…os grandes grupos económicos tem essa brincadeira, em fundos, nos “offshores”. A máquina fiscal portuguesa consegue cobrar alguma coisa disto? Não me façam rir. São “faits divers”, para distrair o pessoal, para as medidas de mercearia, que este governo já anda a discutir, em termos de receitas, que não resolvem o problema de um milhão de desempregados que o país vai ter dentro em breve.
Portugal, dentro em pouco, e se fosse possível a todos os portugueses, passava a ser o jogo do “SIMCITY”. O Governo iria simulando as taxas e impostos, experimentando, até, que a população residente agarraria na sua sacola e mudava de cidade. Neste caso não é cidade, mas de país. Infelizmente, não é possível, e eles sabem-no bem, mas também pensam que podem andar a esticar a corda para além do limite, pensando que mesma não se parte. Porque quem não trabalha e não vive do seu ordenado, não lhe faz muita diferença, enquanto não lhes acabar a mama.
E então, vamos ter, encapotado na redução da despesa, mais medidas na saúde, em que os utentes vão passar a pagar mais taxas moderadoras e os contribuintes vão recuperar menos dinheiro através do IRS. Neste caso, as taxas moderadoras tem de deixar de ser moderadoras e devem passar a ter outro nome, talvez, taxa de serviços médicos e hospitalares. Como se isto não fosse ou que devesse ser pago, dos impostos, que já pagamos. As isenções fiscais, nesta área, depois, do contribuinte pagar impostos, pagar taxas, ainda vai pagar mais IRS. Para fazer isto não valia a pena ter havido eleições. Só valeu a pena as eleições, para mandar para Paris, o “Hugo Chavez da Covilhã” que estava completamente narcisado.
Vai daí, como o Estado não deve nada aos bombeiros do transporte de doentes, vai pôr a malta a pagar as ambulâncias.
A nível fiscal, os benefícios e incentivos fiscais vão ser todos congelados - alguns podem mesmo desaparecer. Vou ficar à espera de ver quais serão os benefícios fiscais de motivação ao investimento.
O IVA vai ter as suas taxas revistas. Só? A taxa mais elevada de 23% não vai passar para 25%? Então, como é que vão fazer, nesta altura do campeonato, para a redução da TSU? Deve ser a história da multiplicação dos pães, só que, desta vez, passam a ser laranjas.
Está, também, prevista a revisão do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Que é uma coisa, diga-se de passagem, que já é barata. Nem vai influenciar o precário mercado de arrendamento. Eu não sei, é se está previsto mais fundos comunitários, para a construção futura de novos bairros municipais, depois de se destruírem as barracas que vão começar a proliferar, novamente. Esperem lá por isso.
Os transportes públicos já foram aumentados e voltarão a ser em Janeiro. Como a medida ensaiada, na comunicação social, de taxar a entrada de automóveis nas cidades, não foi acolhida, junto do pessoal, e é uma área demasiado sensível, resolve-se com o aumento significativo do imposto sobre veículos. O fumar, também, vai sair mais caro. Ah, não se estejam a rir os que já andam a fumar cigarros de enrolar, porque as barbas de milho também vão ser taxadas. Era o que faltava…este governo no que à receita diz respeito, colheu nas melhores universidades, malta muito bem preparada e eventiva. Este Governo é o outro lado da moeda. E, não me parece que seja cara, mas sim, coroa! Não foi de lá que partiu o mote?
No imobiliário, o Executivo quer alterar a lei do arrendamento com a liberalização gradual das rendas antigas. Eu não disse? Este Governo é muito esperto. Agora, sobe as rendas e altera a lei, depois, o pessoal vai para as barracas…Isto tudo, para depois pedir, à UE, mais dinheiro para a construção de bairros sociais. Só que desta vez vai haver contenção, porque já está uma empresa Chinesa, em Angola, a fazer casas por trinta e cinco mil euros. Portanto, se vocês já estavam a esfregar as mãozitas, esqueçam, que essa massa vai ser mais um negócio trilateral – Portugal, Angola, China. É a globalização. Portanto, aguentem-se à bronca.
Na justiça, o objectivo é reduzir os processos pendentes nos tribunais, preparar a reforma da gestão dos tribunais e rever as custas judiciais. Ou seja…em primeiro lugar, reduz-se o prazo de prescrição e mandam-se processos para o caixote do lixo. Depois, porque a taxa de justiça, já é acessível ao comum dos portugueses, isto é, 102 euros (Unidade de Conta), para quem procura “justiça”, esta passará a ser mais cara. Não é nada, que um tipo que ganhe um pouco mais que o ordenado mínimo, não possa pagar. Ah, se não pode comer? Vai ao Banco Alimentar ou à Caritas. Se não paga a renda ou a prestação da casa? Rouba umas madeiras e constrói uma barraca debaixo de um dos viadutos de auto-estrada, e é coisa que não falta. Estão a ver que não se deve andar a dizer mal?
Os políticos quando governam estão sempre a pensar no povo. São do povo, representam o povo, vivem a pensar no povo e trabalham para o polvo.

"Mittere digitum in vulnere". ■Meter o dedo na ferida.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

HOSPITAL SOVIÉTICO GARCIA DA HORTA- ALMADA (PARTE II)

Da noite para o dia. Com pulseira verde, o idoso que ontem esperou, mais dois utentes, no Hospital Garcia da Horta, em Almada, chegou ao Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, às 16 horas.
Cinco minutos depois, a triagem verificou se o mesmo era diabético. Procurou identificar se tinha febre. Foi verificada a pressão arterial.
Cinco minutos decorridos, e estava a ser chamado ao Balcão onde lhe foi efectuado um ECG. Foi também auscultado. Todo este desempenho, realizado por uma médica, já com os seus cinquenta anos. Não por estagiários.
Foi colhido sangue para análises. Aguarda neste momento, 17 horas, que seja chamado para realizar um RX às pernas. Última hora…são 17 horas e 15 m e o RX já foi realizado. Aguarda neste momento os resultados.
Parabéns ao Hospital S. Francisco Xavier, pela organização do seu serviço.
Tudo isto, nada tem a ver com pulseiras verdes ou amarelas. Tem a ver com capacidade de gestão, onde se procura a eficiência e a eficácia, além do mais, porque se trata de um idoso com 83 anos de idade.
É esta a diferença de um bom serviço público, contrapondo com o Hospital Garcia Horta que presta um mau serviço público. Afinal não é tudo mau…pois não. É uma questão de atitude!
Ainda bem que o meu Hospital é o S. Francisco Xavier. Mas tenho pena dos cidadãos da outra banda que têm de gramar com um Hospital, como o Garcia da Horta. E eu não percebo nada de gestão na área da saúde! Mas, não é preciso para ver a diferença.
Bem-haja, aos gestores e colaboradores do Hospital S. Francisco Xavier.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

HOSPITAL SOVIÉTICO GARCIA DA HORTA -ALMADA

Não sei se é por acaso, se é por incompetência dos gestores, se é a capacidade de gestão, marxista-leninista, do Hospital Garcia da Horta, em Almada, que é um perfeito inferno para os utentes.
Ainda hoje, entrou um utente, com 83 anos de idade, com Alzheimer e sem capacidade de locomoção. Esta falta de capacidade de locomoção, sugeriu, ontem. O idoso vai acompanhado de um familiar. Este teve de pagar do seu bolso a ambulância que permitiu o idoso chegar ao Hospital.
É um inicio de história que dá para adormecer para quem espera e desespera, para saber o que se passa com a saúde do idoso.
Chega a ambulância às 13 horas. Como existiam duas macas, já em espera, só decorridos 45 minutos é que o idoso foi apresentado para triagem. Bom, parece que a mesma é feita por um enfermeiro. Que foi anotando o que o acompanhante relatava. Nada mais. Bom, neste caso, poderia ser um padeiro, porque era igual ao litro.
Foi atribuída a pulseira verde. Mas, qual é o enfermeiro estagiário que diagnostica o estado de saúde de um idoso, que não diz coisa com coisa? Se for acompanhado por alguém que consiga sintetizar a situação, talvez. Imaginemos que é alguém, menos esclarecido e com mais falta de conhecimentos, como é que essa síntese seria realizada? Como seria avaliada pelo “padeiro” vestido de branco, a situação? Bom… é de gritar aos céus …decorridas cinco horas, nem sinais de atendimento. Parece, dizem as más-línguas, que o Hospital Garcia da Horta, para captar mais umas massas, tem as portas abertas a estagiários e não recruta profissionais qualificados em número suficiente, logo, o seu número é limitado. Por outro lado, por influências maoistas, gosta de investir em medicinas alternativas. Quem espetasse umas agulhas, no cú desta malta, era pouco.
Ficam duas pessoas, o idoso e o acompanhante, à espera, já vai para cinco horas. Parece, dizem, porque informações também não há, que decorridas 7 horas, será visto por um “médico”, eventualmente estagiário. Ou então, a consulta será feita, nesta altura, por um enfermeiro, já que a triagem foi feita por um padeiro.
Desde as 13 horas e decorridas cinco horas, nem o idoso come nem bebe, nem o acompanhante.
Bom… um idoso é recepcionado num Hospital como se tivesse uma constipação. Só existem, na recepção, duas máquinas de “vending”, uma para café e outra para sandes. São necessárias moedas. Bom… a da sandes está vazia e a da água, Coca-Cola, são necessárias moedas para se obter uma garrafa de água. O acompanhante, para não deixar sozinho o idoso, procurou, junto do “Guiché das Taxas”, que lhe trocassem cinco euros, para comprar a garrafa de água. Resposta da funcionária, também marxista ou no mínimo “casca grossa”, disse que se a pessoa quisesse trocar os cincos euros que fosse ao café/loja que fica a cerca de mil metros do local da recepção. Bom, o acompanhante, em face, da recusa, propôs que a funcionária tomasse conta do idoso, enquanto iria trocar os cinco euros. Claro que a funcionária, zelosa do seu dever, e que já beneficiou de formação, dada nas novas “oportunidades”, virou as costas ao interlocutor. Esta matéria não foi dada no curso…educação, humildade e consideração perante quem se encontra fragilizado. Só lhe ensinaram que lidar com a malta da ferrugem era à bruta e com maus modos.
Se é necessário sete horas, na recepção de um Hospital, para ser atendido, pensa-se que será por um médico, quantas horas mais serão necessárias, depois, para concluir exames médicos e saber do prognóstico? Uma pouca-vergonha. Os liberais querem sacar a massa ao pessoal, porque nos dizem que privatizando a saúde está tudo resolvido. Os de esquerda querem este tipo de medicina, em que o atendimento, no seu geral, é péssimo e a triagem de doentes é feita por padeiros, como se o doente que se apresenta num Hospital fosse massa para pão. País de merda…E ninguém dá um chuto nesta malta.
Depois, admiramo-nos dos imensos relatos de famílias que deixam os idosos à porta do Hospital ou quando são internados, já ninguém os “levanta”. Digo, levanta, porque este é o termo que se coaduna com um atendimento, sem um mínimo de eficiência e eficácia, de doentes idosos, no Hospital Garcia da Horta.
Com toda a certeza irei concluir este relato…que não prestigia nem Garcia da Horta, nem os bons profissionais abnegados, que existirão, também, nesta Instituição.
Última hora…decorridas seis horas de espera e existindo só dois utentes com pulseira verde, ainda nenhum deles foi chamado, porque não estão a chamar utentes com pulseira verde…não há um padeiro que possa dar uso a esta massa? Quem faz triagem, deve ter competências, também, para dar andamento a um doente que foi catalogado de verde e se encontra em espera vai para seis horas. Eu se morasse daquele lado, já tinha feito alguma coisa…obrigava os administradores do Hospital a fazer um leasing novo! No mínimo...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fala-se muito. Faz-se pouco!

De tal modo se fala, que eu já me chateio de falar. Ultimamente, remeto-me, na maior parte das vezes, ao silêncio. Não é por falta de razões e motivos para não falar mas, tenho preferido utilizar a força das mandíbulas para mastigar e ruminar, o que penso e não digo.
Mas, hoje, apeteceu-me, novamente falar. Falar desta merda de país, onde este povo faz de conta que nada acontece. Até parece que tem um futuro próspero, onde continuará a abundar as facilidades que nos tentaram incutir nestes últimos anos de democracia.
Facilidades na escola, que se traduz numa passagem de analfabetismo para uma outra categoria, a iliteracia. A aprendizagem é feita de conversa de café, das notícias dos jornais e televisão. Facilitismo, conjugado com ausência de autoridade. E se mesmo assim, não se consegue concluir o ensino secundário, aposta-se nas novas “oportunidades” e mascaramos a situação. Uma bandalheira!
Facilidades para se passarem férias no Brasil ou nas Caraíbas, recorrendo ao crédito, ao consumo. Facilidades em obter créditos para trocar de mobília ou para trocar de automóvel.
Esta foi a animação da política, dos últimos quinze anos, deste país. A paixão pela “educação” e a revitalização de uma economia, baseada no consumo desenfreado. Estas foram as grandes orientações, destes últimos governos. Com tantos ilustres professores, doutores e engenheiros, nenhum ainda apresentou, a este país, a solução de criar riqueza para se redistribuir, de modo que possamos viver, de acordo com as nossas posses.
Vimos assistindo, a um “ilustre” professor, de economia, ao soltar de frases, mais que gastas, sobre as apostas a fazer neste país. A última foi o “turismo de qualidade”. Não sei o que isto é. Se calhar são novos empreendimentos em Boliqueime e arredores. É que não faço a mínima ideia. Ou, à necessidade de revitalizar a agricultura. Será o aproveitamento dos espaços verdes, junto das auto - estradas, para semear as couves portuguesas? De facto, não sei o que será… O que sei é que temos andado a viver de banalidades políticas que só se têm traduzido numa confusão de palavreado. Grandes “caixas altas” nos jornais, com notícias que não valem rigorosamente, nada.
Agora, aquilo que sei é que os impostos vão aumentando, que a inflação vai consumindo o que resta, do rendimento líquido de cada português, e que mais nada se vislumbra no horizonte, deste país.
Existe algum plano estratégico, sobre as diversas matérias, importantes, para o desenvolvimento e bem -estar dos portugueses, nos próximos vinte anos? É claro que não. Vamos deixar o andamento deste país à iniciativa privada. Eles resolvem tudo!
Eles vão resolver o caos a que chegou o ensino, eles vão resolver o caos em que está a justiça. Ah! Eles vão resolver o problema em que está a segurança social.
É fácil…vende-se o Hospital de Santa Maria, à iniciativa privada, por 40 milhões. Vende-se a cidade universitária de Lisboa, incluindo a reitoria, à iniciativa privada, por mais 40 milhões.
Na justiça, podem-se fazer lotes de tribunais e vende-se cada lote por 40 milhões. O pessoal a mais? Também não é problema…o Estado português assume os encargos de mandar essa rapaziada para a “agricultura” ou fazer “turismo”. Não há compradores? Enganam-se! O Kwanza pode não valer nada, mas eles tem dólares, não se preocupem.
E como é que vai ser depois? Fácil…nunca ouviram, aquela, do “utilizador, pagador”? Ah, se vamos ter de continuar a pagar impostos? Claro, temos que manter os políticos a governarem-se nas privatizações. Ora essa!
Ao tempo que andava a ruminar, que tive que falar. Por mim, vou continuar a pensar nas baboseiras que se vão dizendo por aí, nos jornais, na televisão e noutros meios de propaganda, de um Estado desestabilizador, que é o nosso, no presente momento, para poder justificar a merda da “troika” e duma governação assente em roubar os seus cidadãos. Mas, esta é a consequência de um povo que não quer trabalhar e entrega os seus destinos, a um Estado constituído por “jotas”, que finalmente, assumiram o poder.
Fala-se muito. Faz-se pouco!

“Modicum fermentum totam massam corrumpit”. [Vulgata, 1Coríntios 5.6; Gálatas 5.9] Um pouco de fermento corrompe toda a massa.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DA GERAÇÃO À RASCA, À GERAÇÃO DO DESENRASCA

Da geração à rasca, estamos a andar, estonteadamente, a caminho da geração do desenrasca.
Começa logo, pelo Governo da República que se tem de desenrascar, para resolver o problema financeiro grave com que nos debatemos. E então, vêm as soluções do desenrasca. Aumentam-se os transportes públicos, não deixando de ficar escondido gato com o rabo de fora, na preparação de possíveis privatizações. Só que estas privatizações que se têm vindo a fazer, não sendo eu, contra as mesmas, têm sido feitas à custa do cidadão português, em benefício de meia dúzia de marmanjos. Por mero acaso, os mesmos de sempre. Se alguém tiver opinião diferente que mencione um único caso de privatização que tenha trazido benefícios ao mercado.
Este meu pensamento vem ao encontro de duas notícias, vindas a público, recentemente. A primeira, a privatização possível, da única linha de transporte ferroviário de passageiros…a linha de Cascais.
A outra notícia é que o Álvaro estaria a estudar a possibilidade de taxar a entrada de automóveis, nas grandes cidades. Não sei o que é que o Álvaro considera de grandes cidades. Quando me ponho a olhar para a região metropolitana de Lisboa, fico um pouco confuso. É óbvio, que se os transportes públicos aumentaram, entre quinze, a vinte e cinco por cento, só se consegue que esta medida seja sustentável, taxando a rapaziada que se deslocar em automóvel, para as tais grandes cidades. Senão, teríamos o pessoal a mandar os transportes públicos, que depois serão para privatizar, às urtigas. A isto, eu chamo a geração do desenrasca! Esperteza saloia, encapotada de ciência académica.
Todas estas ideias geniais têm por base algum plano? Qual a verdadeira estratégia? Ela existe? Creio que uma vez mais, o povo português é confrontado com soluções de desenrasca e não com soluções que possam contribuir, por um lado, à resolução do problema financeiro, mas que possa estar subjacente uma estratégia que leve o país ao crescimento económico. Até agora, o que tenho visto de medidas anunciadas é o estrangulamento da economia.
Está estudada qual a poupança em combustíveis fósseis que iremos obter com estas medidas? Qual a redução na importação de petróleo bruto e os benefícios que aportará em termos económicos e da balança de pagamentos? Qual a redução de CO2 que está previsto? Já estou a ver Portugal a vender quota disponível de CO2 à China.
Para quando a revisão dos contratos das parcerias público – privadas? Será que um dia que tenhamos de construir uma terceira via, sobre o Tejo, em Lisboa, vamos continuar a pagar ao consórcio Lusoponte?
Para quando a criação de mais Tribunais do Comércio, por exemplo, que possam responder em tempo útil aos problemas das sociedades comerciais? Com a situação existente, quem é que vem investir em Portugal? Não haverá falta de Tribunais especializados, por todo o país?
Para quando a imposição de que as grandes companhias sejam impedidas de encher os tribunais com acções para cobrar aos devedores de contas de telemóveis, valores de cem euros ou de duzentos euros? Porque é que, os portugueses, na sua totalidade, terão de estar a subsidiar a actividade económica, das grandes empresas que dão crédito, de modo descontrolado, a toda a gente, permitindo, que num país como Portugal, com dez milhões de habitantes, dois milhões que não têm dinheiro para comer, existam quinze milhões de telemóveis?
Será que resolvendo o problema da justiça em Portugal, o PIB, não cresceria perto de dez por cento? Quais taxas e mais taxas…por favor, deixem de andar no desenrasca e planifiquem um pouco o que será o nosso país, daqui a 20 anos! Se, não tiverem ministros para isso, façam um “outsourcing”, porque existem muitos privados que são capazes de fazer esse plano. Só que têm de ter cuidado, a fazer o contrato, e não ponham os gajos, a cobrar, comissões, durante vinte anos ou trinta. Senão, ficamos outra vez enrascados!
Compreendo que este governo está na mesma situação de quem tem uma gastroenterite…está com as calças na mão…mas, por favor, não continuem a fazer de nós, otários!

“Malitia, ut peior veniat, se simulat bonam.” [Publílio Siro] A maldade, para se tornar pior, se mascara de bondade.