sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DA GERAÇÃO À RASCA, À GERAÇÃO DO DESENRASCA

Da geração à rasca, estamos a andar, estonteadamente, a caminho da geração do desenrasca.
Começa logo, pelo Governo da República que se tem de desenrascar, para resolver o problema financeiro grave com que nos debatemos. E então, vêm as soluções do desenrasca. Aumentam-se os transportes públicos, não deixando de ficar escondido gato com o rabo de fora, na preparação de possíveis privatizações. Só que estas privatizações que se têm vindo a fazer, não sendo eu, contra as mesmas, têm sido feitas à custa do cidadão português, em benefício de meia dúzia de marmanjos. Por mero acaso, os mesmos de sempre. Se alguém tiver opinião diferente que mencione um único caso de privatização que tenha trazido benefícios ao mercado.
Este meu pensamento vem ao encontro de duas notícias, vindas a público, recentemente. A primeira, a privatização possível, da única linha de transporte ferroviário de passageiros…a linha de Cascais.
A outra notícia é que o Álvaro estaria a estudar a possibilidade de taxar a entrada de automóveis, nas grandes cidades. Não sei o que é que o Álvaro considera de grandes cidades. Quando me ponho a olhar para a região metropolitana de Lisboa, fico um pouco confuso. É óbvio, que se os transportes públicos aumentaram, entre quinze, a vinte e cinco por cento, só se consegue que esta medida seja sustentável, taxando a rapaziada que se deslocar em automóvel, para as tais grandes cidades. Senão, teríamos o pessoal a mandar os transportes públicos, que depois serão para privatizar, às urtigas. A isto, eu chamo a geração do desenrasca! Esperteza saloia, encapotada de ciência académica.
Todas estas ideias geniais têm por base algum plano? Qual a verdadeira estratégia? Ela existe? Creio que uma vez mais, o povo português é confrontado com soluções de desenrasca e não com soluções que possam contribuir, por um lado, à resolução do problema financeiro, mas que possa estar subjacente uma estratégia que leve o país ao crescimento económico. Até agora, o que tenho visto de medidas anunciadas é o estrangulamento da economia.
Está estudada qual a poupança em combustíveis fósseis que iremos obter com estas medidas? Qual a redução na importação de petróleo bruto e os benefícios que aportará em termos económicos e da balança de pagamentos? Qual a redução de CO2 que está previsto? Já estou a ver Portugal a vender quota disponível de CO2 à China.
Para quando a revisão dos contratos das parcerias público – privadas? Será que um dia que tenhamos de construir uma terceira via, sobre o Tejo, em Lisboa, vamos continuar a pagar ao consórcio Lusoponte?
Para quando a criação de mais Tribunais do Comércio, por exemplo, que possam responder em tempo útil aos problemas das sociedades comerciais? Com a situação existente, quem é que vem investir em Portugal? Não haverá falta de Tribunais especializados, por todo o país?
Para quando a imposição de que as grandes companhias sejam impedidas de encher os tribunais com acções para cobrar aos devedores de contas de telemóveis, valores de cem euros ou de duzentos euros? Porque é que, os portugueses, na sua totalidade, terão de estar a subsidiar a actividade económica, das grandes empresas que dão crédito, de modo descontrolado, a toda a gente, permitindo, que num país como Portugal, com dez milhões de habitantes, dois milhões que não têm dinheiro para comer, existam quinze milhões de telemóveis?
Será que resolvendo o problema da justiça em Portugal, o PIB, não cresceria perto de dez por cento? Quais taxas e mais taxas…por favor, deixem de andar no desenrasca e planifiquem um pouco o que será o nosso país, daqui a 20 anos! Se, não tiverem ministros para isso, façam um “outsourcing”, porque existem muitos privados que são capazes de fazer esse plano. Só que têm de ter cuidado, a fazer o contrato, e não ponham os gajos, a cobrar, comissões, durante vinte anos ou trinta. Senão, ficamos outra vez enrascados!
Compreendo que este governo está na mesma situação de quem tem uma gastroenterite…está com as calças na mão…mas, por favor, não continuem a fazer de nós, otários!

“Malitia, ut peior veniat, se simulat bonam.” [Publílio Siro] A maldade, para se tornar pior, se mascara de bondade.

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