quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O ORÇAMENTO DE ESTADO CONTRATUALIZADO



Mãezinha, como estou contente. Consegui levar aqueles tipos à certa. Mesmo com um défice de 9,3% e uma divida que ultrapassa os 85%, já depois daqueles dinheiros que recebi por causa das barragens e que deu muito jeito. Agora se as barragens vão ser feitas ou não, é outro problema. Logo se vê. Se houver azar sempre posso invocar “alteração das circunstâncias supervenientes”. (Esta foi um amigo meu jurista que me ensinou)
Claro que o pessoal dos sindicatos, não gostou nada da ideia de aumentos zero, mas eles ainda não se aperceberam que para o ano vai ser ainda pior. Este ano só vamos reduzir o défice público em 1%, mas até 2013 temos de baixar esta coisa 6 pontos percentuais.
Aí é que vai doer…aumento dos impostos, principalmente o IVA.
O que eu ainda tenho pena é dos desempregados, coitados. Mas tenho de manter aquela coisa de entra um, saem dois. Ah, os que se querem reformar? Ó mãezinha, o orçamento de estado não aguenta com tanta malta a pedir reforma. Se eu não pusesse aquela dos 6% ao ano, eles continuavam a reformar-se e não temos pilim para transferir para a Caixa geral de Aposentações. Exigimos aos privados que paguem 23,75% para a segurança social, mas o Estado não aguenta, mãezinha.
Olha! Foi bom! Não se pode pedir mais, depois de termos levado com aquela ripada no número de deputados na Assembleia. Ó mãezinha, esta malta quer tudo. Estão habituados a esta dicotomia que nós Socialistas temos. Por um lado somos sociais-democratas e queremos a iniciativa privada, por outro gostamos de dar dinheiro à malta na acção social. E, pronto. Esta malta está habituada a viver de subsídios e não se faz à vida.
Também é por causa disso que vamos ganhando as eleições. E nós sabemos bem disso.
Mãezinha, como os meus parceiros, da chamada direita, viabilizam esta coisa, o povinho não pode dizer que fomos só nós. Se os outros lá estivessem era a mesma coisa. Por aí estou safo!
E quer eles queiram quer não, vamos ter TGV e auto-estradas à pazada. Agora é que vai ser. Depois de estar em dois governos e não fazer mais estradas que o Cavaco é que não pode ser. Também quero ficar na história, como o primeiro, ainda por cima, engenheiro, que mais estradas vai construir. O Guilherme é que me anda a aborrecer com os indeferimentos que está a dar nos concursos. E eu que pensava que ele era da corda.
É que agora, acabaram-se aqueles golpes de teatro bem encenado dos “Magalhães” e etc. Agora é mesmo obra a sério.
Vê o caso das escolas que as autarquias andam a fazer! Eles fazem e eu fico com o mérito! Que achas? Esta faz parte do teatro, mas ninguém liga. O povinho sabe lá se é o Estado se são as autarquias?
Mas o Guilherme não me está a sair da cabeça. Não é que agora, também quer um plano anti-corrupção para o Ministério Público? Francamente! E quem é que vai fiscalizar o Tribunal de Contas? Por um lado gosto…policia a fiscalizar a policia. Já parece aqueles filmes americanos em que há policias a fiscalizar policias. Eh pá, porreiro! Depois não podem vir dizer que não é por falta de fiscalização que o País não anda.
E se houver uma bronca qualquer, nomeamos logo uma “Comissão de Inquérito” na Assembleia e pronto. Nunca mais me digam que não há transparência e que esta pouca vergonha, do financiamento dos partidos é que é a culpada disto. Os partidos estão completamente fora deste baralho. Então não somos nós que estamos na Assembleia a representar o povo?

Mãezinha, com esta te deixo. Beijinhos repenicados do tê filho.

“Contractus ex turpi causa, vel contra bonos mores, nullus est.”[Jur] Contrato originário de causa desonrosa, ou contra os bons costumes, é nulo. VIDE: ●”Pacta quae turpem clausulam continent non sunt observanda.”

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A APOSENTAÇÃO E O ORÇAMENTO DE ESTADO


Mê querido filho. Recebi a tua cartinha que me deu muita alegria.
Noutro dia fui com as minhas amigas comer uma torradinha e beber um chazinho e a conversa foi sobre a nova lei que tu andas a tramar, em que a aposentação passa, no mínimo, para os setenta anos de idade e cujas regras, segundo os comentários, começam pela adequação do organismo de cada candidato ao limite de idade para aposentação.
Logo de seguida, estabelecida a idade mínima de aposentação para cada indivíduo, vais impor uma série de regras, aliás, com as quais eu concordo.
A primeira passa, segundo dizem as minhas amigas, pela transformação das escadas existentes em todos os prédios de escritório, em rampas, dotadas de corrimão não escorregadio. Não vá alguém estatelar-se no chão. Dá para os funcionários e para os utentes, porque nem tu acreditas que é com 200 euros que esta malta vai passar a fornicar sem camisinha e fazer filhotes.
As casas de banho dos escritórios têm que ser todas dotadas de apoio e acesso a cadeiras de rodas, de modo que ninguém seja impedido de trabalhar, por falta de meios. Uma das medidas a inserir na “Higiene e Saúde no Trabalho”.
Deve estar previsto a substituição de todos os sistemas de comunicação, em particular o telefone, de modo que estes possam amplificar os sons e imagens, pela resultante perda de vista e de audição, por consequência do aumento de idade.
A informática das empresas deve providenciar a instalação de impressoras que possam imprimir em formato A3.
Em simultâneo, as empresas e instituições do Estado, devem proporcionar a aquisição de lentes de aumento para concomitantemente com as impressoras em A3, facilitarem a leitura dos documentos a todos os seus funcionários.
Atendendo que os monitores são uma ferramenta essencial no trabalho, do dia a dia, os serviços devem ser dotados de monitores de 32 polegadas, de modo a facilitar a sua leitura.
O código de trabalho deverá ser revisto de modo a instituir um novo regime de faltas justificadas ao serviço, tais como:
- Esquecimento do local de trabalho;
- Esquecimento de como se faz o trabalho;
-No caso da existência de falta de ar, o trabalhador pode justificar a sua falta;
- Existindo incontinência urinária, o trabalhador, enquanto não se reparar a situação, tem as suas ausências ao trabalho, justificadas;
- A dor nas costas é também contemplada, podendo o trabalhador pedir para faltar e ir ao massagista, no caso do serviço não ter um disponível, a tempo e inteiro, e desde que o mesmo também não sofra de dores nas costas;
- Todo o trabalhador que se ausente para ir ao funeral de um colega, tem a sua falta justificada, desde que este último estivesse ao serviço e ainda não estivesse reformado;
Os bengaleiros nas entradas dos serviços, devem ter um local para as bengalas que pode ser cedidas a título gratuito, caso sejam devolvidas no dia seguinte. No caso de esquecimento, é relevada a coima;
Para os trabalhadores que tomem ansiolíticos ou comprimidos para dormir, deve estar um despertador em cada secretária que obviará o problema do trabalhador se atrasar a voltar para casa.

As empresas fornecedoras de elevadores, devem providenciar, o aumento do 'time-out' para o encerramento das portas dos elevadores, tendo em vista a agilidade de locomoção dos funcionários ainda existentes.
Atendendo à idade avançada dos trabalhadores, os serviços devem providenciar, novos equipamentos, onde o trabalhador possa guardar fraldas e remédios.
As funcionárias mais novas ficam proibidas de vestir trajes que possam, por qualquer razão, provocar acidentes vasculares cerebrais ou outros aos seus colegas mais velhos. Estão, portanto, proibidos os uso de decotes que pronunciem e relevem os peitos, bem como o uso de mini-sais ou blusas que mostrem o umbigo.
Por último, deverá ser obrigatório incluir nos papéis para a reforma, a certidão de óbito.
Mê filho! Além de aumentares o bem-estar da grande maioria dos portugueses, mantendo-os no activo, deves estar a pensar em poupar dinheiro nos hospitais de retaguarda e nos lares para idosos. Eu já te conheço. Não dás ponta sem nó. E com duas cajadadas,. matas dois coelhos de uma só vez e deixas de ouvir a oposição e as empresas de”rating” dizer que não reduzes a despesa corrente primária do Estado.
Continua assim que vais bem, mê rico filho!
Beijinhos desta tua mãezinha que te quer muito. (nem imaginas quanto)

Tres sunt mortis nuntii: casus, infirmitas, senectus. Casus nuntiat mortem latentem; infirmitas apparentem; senectus praesentem.” [Hugo de São Vítor / Bernardes, Nova Floresta 1.309] Três são os mensageiros da morte: a desgraça, a doença e a velhice. A desgraça anuncia a morte que está escondida; a doença, a morte que está aparecendo; a velhice, a morte que está presente.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O DIÁLOGO “DEMOCRÁTICO”






Mãezinha!
Desculpa ter estado todo este tempo sem te escrever mas, como tu sabes, isto agora é reuniões, que nunca mais acaba.
Dizem que a democracia é diálogo e pronto. Como temos que dar um ar mais democrático, tenho passado o tempo a falar com esta rapaziada. Por outro lado, se isto correr mal, eu sempre posso pôr a culpa nos outros. Também não tenho feito outra coisa.
É preciso é a malta estar no poder. O país logo se vê.
Mas, mãezinha! Até me arrepio com esta do diálogo, porque foi assim que o António “Picareta Falante” deixou o Governo e baldou-se para a “Comissão dos Refugiados”, não sem antes ter deixado o país num “Pântano”.
Ò mãezinha, foi mesmo um pântano. Tê filho é que é muito habilidoso, aliás, já o era desde os tempos de estudante, e dei a volta por cima, e pus a culpa no Pedro. Sim, o Pedro que recebeu, agora, passados cinco anos, aquela fita que eu hei-de levar daqui a pouco tempo, se esta do diálogo não funcionar.
Ele foi o défice, a dívida externa, o desequilíbrio da balança comercial, e eu, espertalhão, como tinha aprendido naquela aula de “análise de risco”, sim aquela em que tive equivalência, disse com os meus botões: “Ò Zé, o melhor que tu tens a fazer é encomendar ao Constâncio, um número porreiro e depois dizes que aquilo foi conseguido tudo, em um ano e meio que eles estiveram no Governo.” E foi porreiro, pá! Conseguimos!
Ainda agora, já lá vão cinco anos a governar e quando me chateiam com a situação, mesmo bera em que está o país, eu desatino. Já sabes como eu sou e ponho, logo, a culpa no Santana.
Não sei porquê, eles lá sabem, parece que engolem em seco e não me dão a resposta que eu daria se estivesse no lugar deles: “Vá p`ra escola”. Ou então, “Se o diálogo é para continuar assim, mande-nos a resposta por fax.”
Mas eles lá têm qualquer coisa atravessada e eu penso que, como não queriam lá o Pedro, até não dizem nada. Só pode ser, mãezinha! Os tipos não são estúpidos!
Com esta do diálogo, agora pus os tipos do PSD a comer aqui na mão. Como eu fazia com os pombos, lembras-te? Foi por causa dos pombos que eu não fiz logo a licenciatura e ainda bem, porque aprendi a voar com eles e ganhei espírito de orientação. Tal como os pombos bem treinados, sou um corredor de fundo.
Mas, mãezinha! Isto está mesmo muito mal. Não mãezinha, não quero que fiques nervosa!
Agora que aconteceu esta desgraça no Haiti e tudo aquilo ficou destruído, em última estância, agarro no meu canudo e vou trabalhar como “engenheiro civil”, porque a Ordem dos Engenheiros lá, não manda nada e eu safo-me.
Olha que eu sempre acatei as tuas recomendações e lembro-me bem, quando tu me dizias: “Estuda meu filho que, um dia, podes precisar de ser engenheiro”.
Mãezinha, esta carta já está a ficar longa. Tenho de ir, pois hoje, tenho mais uma maratona.
Beijinhos deste tê filho que nunca te esquece.

« Exeat aula qui vult esse pius. » Deixe a corte quem quer permanecer honesto.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PREVISÕES DA "BI -DENTE" PARA 2010

Depois de ter consultado a “Bi –Dente”, esta deu-me algumas dicas do que se pode passar neste ano de 2010.
A SIC em comunhão de interesses com o PSD, não fosse o Balsemão o Presidente da SIC e o sócio número da organização politica, vão organizar um programa para tentar encontrar o líder ideal para o PSD. O nome do programa será “Ídolos PSD”. Os que já foram ídolos ou que de qualquer modo já concorreram, não podem ser candidatos, incluindo o Passos Coelho.
O evento “Red Bull Race” que se realizava no Porto e passará a realizar-se em Lisboa/Oeiras, pode acabar em desastre com o embate de um avião na torre de contentores da Liscont, no Porto de Lisboa.
Atendendo à decadência em que a Igreja está, em termos de fiéis que abandonam, ou não ingressam na Igreja, o Papa na próxima visita a Lisboa, vai substituir as hóstias por pastéis de nata. Pensa o Vaticano que com esta promoção dos pastéis de nata, poderá aumentar significativamente o número de fiéis.
Atendendo ao bom desempenho de Armando Vara, junto do BCP e a sua argúcia para os negócios bancários, irá substituir Vítor Constâncio, junto do Banco de Portugal. Acredita-se, assim, que as previsões económicas poderão vir a ser mais correctas, no futuro.
Vítor Constâncio, atendendo à forma heróica com que se defrontou nos escândalos bancários em Portugal, é a pessoa indicada para liderar o Banco Mundial e assegurar a mesma liderança nos escândalos que vierem a acontecer a nível mundial.
Medina Carreira será constituído arguido, por festejar a falência de Portugal e a entrada do país, no FMI.
Portugal é campeão do mundo de futebol com golos de Liedson e Deco.
D. Duarte é preso por se juntar às comemorações dos cem anos da República.
Depois da conquista do mundial de futebol, por Portugal, o Governo, aproveitando a euforia vivida, aumenta o IVA para 40%. O povo embriagado, só depois de repor a garrafeira é que se apercebe do aumento do IVA.
A celebração do primeiro casamento homossexual, faz com que deixe de haver inundações e desaparece o arco-íris.
O Benfica e Luís Filipe Vieira, são condecorados por Lula da Silva pelo seu apoio à emigração de brasileiros.
Em Agosto, Portugal será invadido por uma onda de calor. Este facto fará notícia por várias semanas, em todos os telejornais.
Obama recebe o prémio Nobel da literatura depois de anunciar a intenção de escrever um livro.
José Sócrates consegue sensibilizar o Bloco de Esquerda para o problema de descriminação política das minorias de governação, e passa a ter maioria no parlamento com apoio do Bloco.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

PORTUGAL NA SENDA DO PROGRESSO

Hoje, está a ser discutida a grande proposta estruturante, do crescimento das famílias em Portugal.
Com os novos casamentos que se irão realizar, vamos assistir, finalmente, ao crescimento da população.
A economia vai beneficiar com o aumento do mercado de arrendamento e aquisição de novas habitações.
O Algarve vai passar a ter mais famílias de férias no próximo verão. Mas, o que vai ser importante, vai ser a posição de Portugal no ranking internacional, dos países que dão cobertura a esta situação.
Espero que o Ministro da Economia aproveite para fomentar no estrangeiro, o casamento em Portugal de gays, de modo que o turismo possa incrementar, com os casamentos gays que se venham a celebrar em Portugal, tipo casamentos à moda de “Las Vegas”. Que seja criada uma linha de crédito, para a construção de hotéis vocacionados a receber só casais gays. Isto é, reservada a demissão, a casais heterossexuais.
Que no orçamento de Estado, o Governo, estabeleça um subsídio para as comemorações, com discursos de Estado, na Assembleia da República, quando da comemoração do dia, do “Orgulho Gay”. Sinceramente, não percebo onde é que está o orgulho, mas eles lá sabem.
Que para as famílias Gays, seja criado um subsídio de maternidade, diferente dos casais heterossexuais, porque o tempo de gravidez é mais longo e o parto mais difícil.
Que seja, desde já, alterada a lei, no que à relação paternal diz respeito, de modo a que se possa identificar com objectividade quem é o pai e a mãe, de modo que nos primeiros divórcios, se possa atribuir o cuidado da criança, por princípio e prática reiterada dos tribunais, à mãe. Nada de confusões.
Para o futuro, os programas escolares não devem indicar a diferença dos machos e fêmeas, pelo sexo. Deve ser dada a orientação aos meninos que o género sexual, nada tem a ver com ter pénis ou não. Tanto pode ser-se fêmea com pénis, como macho sem pénis. Se uma criança perguntar se é macho ou fêmea, encontre outra explicação que a criança entenda, desde que não seja mencionado a anatomia do individuo.
Muito há a fazer no desenvolvimento desta sociedade, a caminho do progresso de esquerda.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

OPINIÃO SOBRE OPINIÃO

José Leite Pereira, num artigo de opinião, aborda a questão dos 90 mil cidadãos que assinaram uma petição pedindo um referendo sobre o casamento gay, comentando de seguida o seguinte: “ O número parece grandioso. Para apresentar uma candidatura a presidente da Republica, a lei só exige 15 mil assinaturas, pelo que, vistas as coisas assim, um número tão grande quase deveria obrigar a convocar de imediato o dito referendo.”
Logo a seguir, diz: “ Mas tudo é relativo. 90 mil cidadãos representam, afinal, menos de 1 por cento do total da população portuguesa. Três partidos apresentaram-se a eleições defendendo os casamento gays e obtiveram, em conjunto, mais de metade dos votos dos portugueses. Vistas as coisas assim, 90 mil já não é um número tão grande”.
Meu caro José Leite Pereira, salvo melhor opinião, a sua opinião, como calcula, é sempre passível de contraditório, sendo, além do mais, uma opinião pouco elaborada.
Porquê pouco elaborada, perguntará?
E então o total dos partidos que não se pronunciaram sobre a temática do casamento gay, somado com o número de cidadãos que se abstiveram, não será um número maior?
Mas não vamos por ai, pois sou da opinião que este tipo de linguagem aritmética, em que estamos a comparar o que não é comparável, não nos leva a lado nenhum.
Aquilo que me importa recordar é que Portugal é uma democracia representativa. Ou seja, os senhores deputados representam o povo português, na Assembleia da República. Se 90 mil cidadãos não são nada, tendo em conta que a Assembleia tem 230 deputados e que os deputados do PSD, mais do CDS, além dos deputados do PS que serão obrigados a votar, por disciplina de voto, são mais de metade do total de deputados, significa que 90 mil cidadãos já passam a ter importância. Ou não será?
Por outro lado, quantos gays é que assinaram uma petição a pedir um casamento gay? Fizeram petição? Penso que não seria fácil encontrar 15 mil cidadãos que assinassem uma petição a favor do casamento gay.
Se, por outro lado, o referendo não interessa nada, porque não dá em nada, acabe-se com ele, nesta revisão constitucional, acabe-se com o Governo a ser constituído a partir da Assembleia da República, acabe-se com o MP como ele existe hoje, em termos de organização e competências, etc. Em resumo, façam uma nova democracia, porque, sinceramente, estou farto desta.

“Homo naturae oboediens, homini nocere non potest.” [Cícero, De Officiis 3.25] O homem que obedece à natureza não pode fazer mal a outro homem.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mãezinha estou de regresso

Depois destas pequenas férias de Natal e fim de ano, já comecei a trabalhar. Fiz este pequeno intervalo para te escrever esta cartinha, porque a única coisa que me chateou durante este tempo foi a mensagem de fim de ano do Presidente da República.
Deves ter ouvido e sei que também não gostastes. Como é que eu poderia gostar de uma coisa daquelas? O homem não perde uma para me dar para baixo.
Já em 2008, na mensagem de fim de ano, o Presidente disse que 2009 ia ser um ano difícil. Lembras-te? Tinha eu acabado de dizer, mais o Teixeira que isto estava a recuperar. Tinha criado 150.000 novos empregos, etc.
Sabes, aquelas tretas do costume. E veio este tipo, estragar tudo com o discurso da treta, a dizer que estávamos mal. Agora, pior a emenda que o soneto, veio dizer que a situação estava explosiva. Até parece que sou algum “Talibã”. Chiça. Só me falta esta.
Eu não ando por ai a pôr bombas, nem estou a pedir ao povo que se suicide.
Veio logo dizer, aquilo, que a oposição quase não fala, que o desemprego subiu em flecha e que de jovens aumentou em cerca de 20%.
E não se ficou por aqui. Tinha que a seguir dizer que a dívida do Estado tem vindo a crescer. Ora bolas. Alguma coisa tem de crescer. Ou não é?
Se cresce é porque cresce, se diminui é porque diminui, já não percebo nada disto. Sou preso por ter cão e por não ter.
Depois veio com aquela que o paizinho já dizia…lembras-te? Se o desequilíbrio das nossas contas externas continuar ao ritmo dos últimos anos, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, ficará seriamente hipotecado. Quer dizer, agora já não são os filhos mas os netos. É exactamente a mesma conversa. Até parece o avô cantigas. O ritmo é sempre o mesmo.
E pronto, lá veio aquela do “Talibã”: “ Com este aumento da divida externa e do desemprego, a que se junta o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva”. Ó mãezinha, então isto não é o mesmo que dizer que eu ando a pôr “minas” por essas estradas fora?
E a conversa das estradas continuou, já não bastava aquela história do Tribunal de Contas, chumbar os projectos que eu tinha, para dizer, que não podemos continuar a ser ultrapassados, em termos de nível de desenvolvimento, por outros países da União Europeia. Mãezinha, este homem não sabe que há limites de velocidade? Se estamos a ser ultrapassados é porque os outros vão em excesso de velocidade. Não concordas?
Que já vamos na 19.ª posição! Alguém tem que ir atrás. Porque é que havíamos de ser nós a ir à frente? Nós andamos com energias renováveis. Não andamos a poluir, muito menos com aqueles carros que são produzidos nos países de Leste, com motores a dois tempos.
Claro que o tipo não é parvo e mandou logo uma indirecta: “Não é tempo de inventarmos desculpas para deixarmos de fazer o que deve ser feito”. Eu sei, mãezinha, eu sei! Ele estava a referir aquela dos dois orçamentos e que assim eu não tinha condições de governar. Ele sabe muito. É para me encostar à parede.
O problema é que nós lá no partido, sabemos que se convocarmos eleições antecipados, esta porcaria fica na mesma. Ou seja, vou de ter de governar com a oposição. Mãezinha, eu estava mal habituado e ainda não me mentalizei. Também já sabes como eu sou. Além de “narciso” sou casmurro.
Eu bem disse À malta, lá do grupo parlamentar que não era boa ideia ir para a televisão dizer que o Presidente tinha de intervir, etc. O tipo não foi nessa e disse, na mensagem que “tem ouvido muitos apelos para que o Presidente da República intervenha activamente na política”. Ah, pois queria! Era a maneira de me safar! Mas o espertinho não foi nessa.
Olha, não sei como é que vou endireitar esta coisa.
Mãezinha, não vou desabafar mais contigo, para não te preocupar, mas que isto está explosivo, está.

Beijinhos deste tê filho “Talibã”.


PS: Mãezinha esta, do “talibã” , fez-me lembrar o mê amigo Hugo Chavez. Não é?


“Testudo volat.” [Claudiano, In Eutropium 352] A tartaruga está voando. ■Como mentes, meu irmão!