segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mãezinha estou de regresso

Depois destas pequenas férias de Natal e fim de ano, já comecei a trabalhar. Fiz este pequeno intervalo para te escrever esta cartinha, porque a única coisa que me chateou durante este tempo foi a mensagem de fim de ano do Presidente da República.
Deves ter ouvido e sei que também não gostastes. Como é que eu poderia gostar de uma coisa daquelas? O homem não perde uma para me dar para baixo.
Já em 2008, na mensagem de fim de ano, o Presidente disse que 2009 ia ser um ano difícil. Lembras-te? Tinha eu acabado de dizer, mais o Teixeira que isto estava a recuperar. Tinha criado 150.000 novos empregos, etc.
Sabes, aquelas tretas do costume. E veio este tipo, estragar tudo com o discurso da treta, a dizer que estávamos mal. Agora, pior a emenda que o soneto, veio dizer que a situação estava explosiva. Até parece que sou algum “Talibã”. Chiça. Só me falta esta.
Eu não ando por ai a pôr bombas, nem estou a pedir ao povo que se suicide.
Veio logo dizer, aquilo, que a oposição quase não fala, que o desemprego subiu em flecha e que de jovens aumentou em cerca de 20%.
E não se ficou por aqui. Tinha que a seguir dizer que a dívida do Estado tem vindo a crescer. Ora bolas. Alguma coisa tem de crescer. Ou não é?
Se cresce é porque cresce, se diminui é porque diminui, já não percebo nada disto. Sou preso por ter cão e por não ter.
Depois veio com aquela que o paizinho já dizia…lembras-te? Se o desequilíbrio das nossas contas externas continuar ao ritmo dos últimos anos, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, ficará seriamente hipotecado. Quer dizer, agora já não são os filhos mas os netos. É exactamente a mesma conversa. Até parece o avô cantigas. O ritmo é sempre o mesmo.
E pronto, lá veio aquela do “Talibã”: “ Com este aumento da divida externa e do desemprego, a que se junta o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva”. Ó mãezinha, então isto não é o mesmo que dizer que eu ando a pôr “minas” por essas estradas fora?
E a conversa das estradas continuou, já não bastava aquela história do Tribunal de Contas, chumbar os projectos que eu tinha, para dizer, que não podemos continuar a ser ultrapassados, em termos de nível de desenvolvimento, por outros países da União Europeia. Mãezinha, este homem não sabe que há limites de velocidade? Se estamos a ser ultrapassados é porque os outros vão em excesso de velocidade. Não concordas?
Que já vamos na 19.ª posição! Alguém tem que ir atrás. Porque é que havíamos de ser nós a ir à frente? Nós andamos com energias renováveis. Não andamos a poluir, muito menos com aqueles carros que são produzidos nos países de Leste, com motores a dois tempos.
Claro que o tipo não é parvo e mandou logo uma indirecta: “Não é tempo de inventarmos desculpas para deixarmos de fazer o que deve ser feito”. Eu sei, mãezinha, eu sei! Ele estava a referir aquela dos dois orçamentos e que assim eu não tinha condições de governar. Ele sabe muito. É para me encostar à parede.
O problema é que nós lá no partido, sabemos que se convocarmos eleições antecipados, esta porcaria fica na mesma. Ou seja, vou de ter de governar com a oposição. Mãezinha, eu estava mal habituado e ainda não me mentalizei. Também já sabes como eu sou. Além de “narciso” sou casmurro.
Eu bem disse À malta, lá do grupo parlamentar que não era boa ideia ir para a televisão dizer que o Presidente tinha de intervir, etc. O tipo não foi nessa e disse, na mensagem que “tem ouvido muitos apelos para que o Presidente da República intervenha activamente na política”. Ah, pois queria! Era a maneira de me safar! Mas o espertinho não foi nessa.
Olha, não sei como é que vou endireitar esta coisa.
Mãezinha, não vou desabafar mais contigo, para não te preocupar, mas que isto está explosivo, está.

Beijinhos deste tê filho “Talibã”.


PS: Mãezinha esta, do “talibã” , fez-me lembrar o mê amigo Hugo Chavez. Não é?


“Testudo volat.” [Claudiano, In Eutropium 352] A tartaruga está voando. ■Como mentes, meu irmão!

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