segunda-feira, 30 de abril de 2012

DATAS DE FELICIDADE E DE INFORTÚNIO


Todos nós memorizamos, datas… umas por imposição legal, outras por que tivemos momentos de felicidade, outras nem tanto…foram momentos de tristeza e que por vezes, nos perseguem até ao final dos nossos dias. Na maioria dos casos, salvo melhor opinião, a nossa tendência é para memorizar, mais facilmente, as datas em que tivemos alguma infelicidade.
Há mesmo datas que todos nós sabemos, porque as comemorações, todos os anos, por referência a qualquer feito, universal ou nacional, acontecem. Sobre este especto, todos nós temos em mente que a primeira guerra mundial foi entre 1914 e 1918. Já os meses em que se iniciou esta tragédia, poucos saberão. Também a maioria de nós, tem em mente que a segunda guerra mundial foi de 1939 a 1945.
Se olharmos para Portugal vem-nos à memória, porque aprendemos na escola, que a primeira República se iniciou em 1910, já poucos sabem, que a mesma foi interrompida em 1926.
Depois, coloca-se aqui um problema de saber se a segunda República foi de 1926 até 1974, ou se este período da história, não tem história. Mas, não há, quem não saiba que em 1974, concretamente, em 25 de Abril, foi o início de um período conturbado. Nem tudo se resume à liberdade. Aliás, parece, segundo diz o Pedro, que a liberdade se paga, com dinheiro e com falta de liberdade. Bem, direi eu, sempre foi assim! Neste caso, ninguém consegue encontrar uma data para a ausência de liberdade, para a permissão da violação da Constituição da República. Porque está a ser um período, cuja construção se está a ultimar e que começou, paulatinamente, em 1987. Poucos se terão apercebido…
Este período resultou nos maiores escândalos, de roubos, fraudes, perpetrados por ex-ministros que se encontram, particularmente, todos a salvo, com algumas excepções, cujo final, de justiça, nem se fará notar. Ninguém acredita que, Oliveira e Costa vá pagar coisa nenhuma.
Mas, há datas que se vão fixando, como se a vida fosse eterna para todos os portugueses…não é verdade, porque, infelizmente, muitos deles estão a ser roubados, agora, e nunca irão ver a sua situação reposta…estamos em 2012…os subsídios de Natal começaram a ser confiscados, aos funcionários públicos, em 2011. E, agora, e depois do Tribunal Constitucional, a determinada altura se ter pronunciado pela excepção, para não declarar a inconstitucionalidade, já o Gaspar diz…”eh, pá, só em 2018 é que a situação estará regularizada, repondo-se, aos trabalhadores do estado, os seus salários.” Bom, estamos, já, a falar, em 6 anos. Seis longos anos…
Mas eu sei porquê! O governo está com esperança que os ladrões deste país possam repor o que roubaram. A minha esperança é outra…só não posso dizer, porque posso ser acusado de incentivar…qualquer coisa.
Estão a ver porque digo que é mais fácil ficar na nossa memória as datas de infortúnio?
E quando já se tem a minha idade, as datas de infortúnio, começam a ser mais que as datas de felicidade e são essas que quero manter na minha mente…mas, confesso que nesta altura do campeonato, as datas de infortúnio estão querer sobrepor-se às de felicidade, porque… fui educado a acreditar no meu país e até esse me querem tirar. E a minha revolta é que eu e mais dez milhões de portugueses, fomos consentindo, que um grupo mafioso que se apoderou do poder, neste país, o tenha saqueado e nós ficámos impávidos e serenos a ver.
E, agora, depois de terem posto o país a arder, querem destruir com falsos argumentos, uma das coisas boas, que teve a “democracia,” que se encontra suspensa, que são as autarquias.
Então, fixem esta data…2012, e não esqueçam os nomes, de quem está a destruir, o que de melhor se criou com a democracia. Porque, com defeitos, é certo, é muito melhor, de longe, do que um poder Central, distribuído por Direcções Regionais que só gastam dinheiro e são uma entropia ao desenvolvimento da Nação, e ainda por cima, não sei quem são. Mas, que são do partido (s), não tenho dúvidas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PORTUGAL APÓS 38 ANOS DE DEMOCRACIA


Vivemos tempos de alegria e esperança, em Portugal.
Estava triste e, não sabia porquê. Lembrei-me de ligar a televisão, para me alegrar um pouco com as notícias e eventos do que se passa no meu país…
Fartei-me de divertir. Primeiro foi com as comemorações do 25 de Abril. Não é que eles andam aborrecidos uns com os outros e vai daí, decidem que não devem estar presentes na Assembleia da República? Fizeram mal…porque, os ministros, na bancada do governo, pela primeira vez, estavam engalanados com cravos ao peito. Mas, que bonitos. Deve ter sido influência da Ministra da Agricultura, de certeza. Na esperança de uma nova taxa para quem produzir cravos. Eu gosto disto. Taxas é uma coisa muito bonita, para contornar uma deliberação da Assembleia da República, na criação de um novo imposto. A isto é que eu chamo poupança…não se perde tempo a deliberar na Assembleia da República e a oposição a chatear.
Quando perguntaram ao Pedro como é que este entendia estes desaguisados, não é que, ele, com a experiência que tem, como trabalhador e como Ministro, disse que já estava habituado a estas palhaçadas?
Tivemos mais uma conquista do 25 de Abril. Se aqueles gajos tivessem ido à Assembleia, já os gajos do governo não poderiam pôr o cravo na lapela. Eu já achava giro, aquela coisa de porem uma bandeirinha, de Portugal, na lapela do casaco. E muito bem! Não fossem confundidos com nenhum governante do Sri Lanka ou do Ruanda. Porque, o nosso primeiro-ministro é muito africano…já devem ter notado.
Os únicos portugueses que têm dinheiro para emigrar, vão desde os jovens, até, aos portugueses com cinquenta anos de idade. O que é muito bom sinal. Significa que Portugal está no bom caminho para perpetuar o desenvolvimento, que atingiu, nestes últimos 38 anos. Já os portugueses que estão um pouco mais aflitos de dinheiro emigram para Cabo Verde ou para Angola.
Outra notícia foi a de que a baixa de salários pode comprometer as reformas. Então, não é fantástico? Paga-se menos de salários e deixa-se de pagar reformas? O quê, o dinheiro das reformas é dos trabalhadores? Não é verdade. Quem trabalha tem que se compenetrar que tem de pagar para trabalhar. Já lá vai o tempo de se receber para trabalhar. Esses tempos, em que os fascistas e capitalistas roubavam o suor do povo, acabaram. Hoje, temos uma sociedade mais justa. Tão justa que o Relvas quer que os gestores das entidades empresariais municipais ou intermunicipais, ganhem tanto, como os Vereadores. Para trabalho igual, salário igual. Isto é o que chamo de equidade. Mas, isto não seria assim, se as empresas tivessem capital dos chineses…Estou danadinho para ver os chineses a investirem nas empresas municipais e intermunicipais…tínhamos o Catroga a ser convidado a sair da EDP para ganhar mais uns tostões, numa empresa municipal, qualquer. Aliás, o Catroga e o Mexia preferem ganhar menos do que ser Vereadores e terem de pagar multas ao Tribunal de Contas. Nessa não vão eles!
Outra notícia boa foi de que 30 por cento dos portugueses anda a fazer turismo de bandeja, nos cafés e restaurantes de França, da Alemanha, da Inglaterra e até do Brasil, onde, sempre, podem montar uma barraquinha, para vender caipirinhas. E ainda dizem que a vida está mal?
A última das notícias, não resisti… e ri, ri, até não poder mais. Vejam bem, que o Governo, num gesto de reconhecimento, pelos vinte e trinta anos de dedicação, à função pública, vai dar, a quem quiser, voluntariamente, rescindir o seu vínculo, a brutalidade de nove mil e setecentos euros. Mas, como é que este governo está tão mãos largas? Já estou a ver a maioria dos funcionários públicos a rescindir o contrato, e a investir o dinheiro, num qualquer “offshore”, nas ilhas Caimão e, a tirar um doutoramento, na Universidade de Sorbonne, em Paris.
Isto é que é a verdadeira social-democracia! Adoro, este governo… não há ministro nenhum, começando pelo primeiro-ministro, que não me faça rir.
Os psiquiatras vão ter dificuldades em ter clientes…Os portugueses, hoje, são muito mais felizes do que eram em 25 de Abril de 1974. Então, não é que os portugueses podem dizer tudo o que lhes apetece, porque já ninguém anda de lápis azul? São despedidos ou perseguidos!
Já ninguém é preso…nem vai para a frigideira. São despejados das suas casas e embora tenham frigideiras, não têm alimentos para lá cozinhar.
Depois de despejados, o governo, garante, às crianças, o pequeno- almoço, na escola…os livros é que têm de ser comprados, todos os anos.
É bom ser português! Quem quiser viver feliz, é trabalhar e viver em Portugal… não é no estrangeiro, como estão a fazer trinta por cento dos portugueses.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

BATEM LEVE, LEVEMENTE...




Numa adaptação dos famosos versos, de Augusto Gil, aqui vai, adequado à situação, dos malandros dos portugueses que trabalharam e trabalham e que, afinal, são os responsáveis do país estar na miséria, onde os governos não são fiscalizados, a Constituição é violada e o respeito pela pessoa, se traduz num número, que é somado, numa aritmética em que as contas são feitas a somar para o governo nas receitas e a diminuir para os cidadãos, que já pagaram, o que tentam usufruir. O Estado não dá nada…gere mal e rouba os nossos impostos…

Batem leve, levemente
Como quem chama por mim…
Será o Coelho? Será o Relvas?
O Coelho não é, certamente
E o Relvas não bate assim…

São talvez os gajos do partido;
Mas há pouco, há poucochinho
Nem um som se ouvia
Na quieta melancolia
Deste país à beira mar…

Quem bate, assim, levemente,
Com tão estranha leveza,
Que mal se houve, mal se sente?
Não é o Coelho, não é o Relvas
É a miséria neste país.

Fui ver. As notícias caiam
No pardo papel do jornal.
Secas e leves, geladas e frias…
Há quanto tempo não as vias!
E diabos me carreguem, se as merecia.

Olho-as através da televisão
Pôs tudo da cor preta.
Gente que sofre e, quando diz,
Tenho vergonha…
Pois trabalhei, honradamente,
para o meu país….

Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança,
E noto, por entre os demais,
Advogados, engenheiros, arquitetos
E outros mais
Na Cáritas ou no banco alimentar


Ainda têm sapatos,
Só não se vê que estão rotos
Vão caminhando com dificuldade
Do peso da vergonha que têm
Da vergonha que os dobra
De quem nunca pensou pedir sopa.

Que quem já é pecador
Sofra tormentos…enfim!
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais esta miséria?
Porque padecem os pais?
Porque sofre o meu país?

É uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Ver o meu país saqueado
Por duas gerações de políticos
Que não passam de ladrões
E que a coberto da lei
Vão saqueando o povo!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

E o Salazar é que era fascista?





Ao longo destes meses, os portugueses, impávidos e serenos, têm vindo a assistir a medidas deste governo, que além da incompetência, generalizada, dos seus ministros e secretários de estado, tem subjacente a destruição de toda a economia do estado, para que futuramente, esta seja entregue a grupos privados, onde com toda a certeza, iremos encontrar os ex-ministros e ex-secretários, como tem vindo a acontecer, em governos anteriores, na liderança dessas empresas, com contratos de concessão, completamente leoninos.
Depois de toda a polémica, em volta da extinção das freguesias e o enfraquecimento do poder local, assiste-se à destruição das empresas municipais, mais um modo de canalizar, posteriormente, estes negócios para os amigos.
Fala-se na extinção de cerca de 140 empresas…com critérios duvidosos para a sua extinção. Devemos lembrar-nos que as empresas que têm prejuízo, este já está consolidado na divida pública. Portanto, não me parece que este critério seja o padrão para a extinção destas empresas, porque se esse fosse o critério, dissolvia-se o Estado português, pelo acumular de dívidas em que este, é responsável por 94% do défice nacional.
Já em 2006, com o novo regime jurídico das empresas municipais, as autarquias são obrigadas a encontrar o equilíbrio financeiro das empresas municipais, quando as mesmas por qualquer razão dão ou deram prejuízo.
O extinguir de 140 empresas vai colocar no desemprego, mais de 30.000 portugueses. O governo é o próprio impulsionador da criação do desemprego…
Temos vindo a assistir à nomeação de assessores e técnicos especializados, para apoio aos ministros e secretários de estado, de miúdos com vinte e sete, vinte oito anos, com vencimentos de três mil euros. Pois, bem, nos últimos anos, o poder local, procurou ter à frente das suas empresas gestores profissionais…a que o governo quer pagar o mesmo que paga aos putos assessores…portanto, como os mais velhos e experientes não estão para aguentar estas situações de desconsideração, permanente, vamos assistir, a mais putos da jota, a ocupar lugares de administradores nestas empresas.
A incongruência deste governo é tanta que ainda há pouco tempo, legislou que um administrador de uma empresa tem de ser licenciado…como se um qualquer candidato a vereador ou mesmo a presidente de Câmara, necessitasse de ser licenciado….para exercer essa função. Então, as funções são iguais? As responsabilidades são iguais? O Escrutínio é igual? Os administradores também vão ser só julgados pelos eleitores e ficam impunes perante o accionista, tribunal de Contas, IGF, DGA e não sei quantas mais entidades?
O governo cria uma lei para remuneração dos gestores públicos…os gestores das empresas autárquicas não são gestores públicos? Não haverá empresas do sector local que movimentam centenas de milhões de euros por ano? Mas, qual é o critério?
O governo só tem prejuízos com estas empresas? Mentira! Pagam IRC, pagam IVA a 23% numa obra, quando uma autarquia só paga 6%. Todos os seus trabalhadores, como as empresas não pagam para a segurança social? E pagam muito mais do que pagam os funcionários públicos para a CGA e para a ADSE.
Sendo assim, mandam-se para o desemprego mais 30.000 portugueses?
Nada desta desgraça tem a ver com a Troika… tem a ver com o governo e com um conjunto de ministros incompetentes, arrogantes e mal formados, que visam, unicamente, os seus interesses futuros, levando o país à ruptura completa.
Caberá ao povo, nas próximas eleições, rectificar a merda que fez…estou à vontade para o dizer, por várias razões…uma das razões, é como gestor, outra, porque sempre fui, contra a arrogância e incompetência dos governos, em geral, e outra, porque sou português e nunca vi nada assim…e o Salazar é que era fascista?
Estando os trabalhadores das empresas municipais, abrangidos pelo contrato individual de trabalho, tem sido vítimas das reduções de salário que deveria abranger só os funcionários públicos. Como trabalhadores ao abrigo do contrato individual de trabalho, não deveriam estar penalizados nas progressões e carreiras, como se funcionários públicos se tratassem. Do mesmo modo, não deveriam estar abrangidos pela famigerada lei de confisco do décimo terceiro e décimo quarto mês…mas, estão. Mas, como estão com contratos individuais de trabalho estão abrangidos pelo despedimento coletivo, quando da extinção das empresas… Como gestor sério, como homem livre e de bons costumes, não posso deixar de estar indignado por todos aqueles que são trabalhadores e se encontram numa situação em que não são carne, nem peixe…o que é mau, pertence-lhes…o que é bom não existe…ou seja, como trabalhadores com contrato individual de trabalho, não lhes assiste o principio da autonomia da vontade…estão obrigados, no pior sentindo, ao espartilho colocado por qualquer governo déspota…que é o caso.
Para que servem os sindicatos? Para nada, porque ainda não ouvi nenhum sindicalista a preocupar-se com os mais de trinta mil trabalhadores que vão para o desemprego.
Uma vez mais, enquanto o regime político deste país, não mudar, de modo a que exista alternativa, a esta alternância de poder, de fedelhos na procura da riqueza fácil e rápida, onde os governos vão nivelando os portugueses pela fasquia baixa, isto é, perto da pobreza, nunca o meu voto entrará numa urna.
E o Salazar é que era fascista?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

NÃO HÁ FUTURO





A receita da Troika, subscrita pelo PS, PSD e CDS está a cumprir os seus desígnios. Mais desemprego, má execução orçamental no que diz respeito à receita, cortes na saúde, aumento dos transportes, redução dos salários da função pública e corte dos subsídios de férias e natal. Resultado? Espera-se que o consumo reduza 25%...nada mau, porque isso vai ao encontro da Troika e dos partidos da governança que é mais empresas a fechar e mais desemprego.
Os salários dos funcionários públicos representam, qualquer coisa como cerca de 14% do PIB…ou seja, para que o governo possa adequar o restante das receitas já implementadas e atingir o défice imposto, terá de cortar, depois destas agruras, cerca de cem mil funcionários públicos, aos seus quadros. Ou seja, mais ao menos 15% dos efectivos, actualmente existentes.
Devia de haver vergonha na cara e explicar aos portugueses que nunca iremos atingir o desiderato que a Troika impôs…custe o que custar…
Negros tempos se avizinham…onde a mentira vai perdurar, o pão vai faltar e talvez, então, o povo, mal governado, deixe de consentir o mal que lhe têm feito.
Há futuro…Portugal continuará, mas pior que qualquer país do Magrebe.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A PUTA SOBE, SOBE A CALÇADA




Por vezes apetece-me brincar, no bom sentido, com alguma da grande poesia que se tem feito. Este poema, da autoria de um grande poeta, António Gedeão, é uma poesia em que se podem fazer uns trocadilhos engraçados, mas que não deixam de ter a marca profunda deste excelente poeta. O poema original é uma obra dedicada às mulheres trabalhadoras e empenhadas no bem -estar da sua família, mesmo que para isso a sua vida seja pautada por imensos sacrifícios. Infelizmente existem excepções…mas que, na realidade, confirmam a regra. E é às excepções, que este trocadilho se aplica, com graça. Às excepções de mulheres com falta de carácter, desonestas consigo e com os outros…parasitas da sociedade. Porque, “que las hay las hay”
Então, aqui vai…

A Puta sobe, sobe a calçada,

Sobe e não pode que vai derreada.

Sobe, Puta, Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada.

Entrou em casade madrugada;

Regressa a casa é já noite cerrada.

Na mão grosseira,

De pele queimada,

Besuntada de creme rasca
Leva uma mala desengonçada e desgastada.

Anda, Puta, Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada.

Puta é velha,Enxovalhada,

Tem perna magra,Mal torneada.

Ferve-lhe o sangue de afogueada;

Saltam-lhe os peitos
Caídos e pendurados na caminhada.

Anda, Puta. Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada.

Passam bêbados,

Rapaziada,

Palpam-lhe as coxas de peles caídas

não dá por nada.

Anda, Puta. Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada.

Chegou a casa pôs-se a falar.

Falou com o filho,

Falou com a nora;

Bebeu a sopa numa golada;

Não lavou a loiça,

Não varreu a escada;

Não deu jeito à casa suja e desarranjada;

Não coseu a roupa já de si remendada;

Despiu-se à pressa, como quem vai para o varão

Desinteressada;

Caiu na cama de uma assentada;

Chegou um dos homens,

Viu-a deitada;

Serviu-se dela,

Não deu por nada.
Anda, Puta. Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada.

No final da manhã,

Já com o sol bem alto,

Salta da cama,

Desembestada;

Puxa do rimel,

Dá uma pincelada;

Veste-se à pressa,

Desengonçada;

Vai para o café,

Desaustinada;

Range o soalho a cada passada,

Salta para a rua,

Corre alvoraçada,

Galga o passeio,

Desce o passeio,

Desce a calçada,

Chega ao caféà hora marcada,

Puxa que puxa, larga que larga,

Toca a sineta na hora aprazada,

Corre pra casa,
Debita ódio
Que transfigura a cara

E volta ao facebook, para a desgarrada

Puxa que puxa, larga que larga,

Regressa a casa é já de madrugada.

A Puta de bêbada

Balança…pela calçada.

Anda, Puta, Puta, sobe,

Sobe que sobe, sobe a calçada,

segunda-feira, 2 de abril de 2012

MIGUEL RELVAS OU MOUZINHO DA SILVEIRA?

O Conselho de Ministros aprovou a 2 de Fevereiro a Proposta de Lei da Reorganização Administrativa Territorial Autárquica, através da qual se pretende eliminar entre 1300 a 1400 freguesias.
Estou um bocado confuso se a extinção de freguesias é uma reorganização administrativa ou é uma reorganização de circunscrições? Que confusão!
Mas, vamos a uma análise rápida destas peripécias de que tem sido patrono, o Miguel Relvas que deve pretender ser o novo Mouzinho da Silveira. É que primeiro, o Relvas falava em extinção de freguesias. Lá ficávamos sem a freguesia de Picha ou sem a freguesia de Coina.
Perante as manifestações de desagrado, o governo, na pessoa do putativo, novo Mouzinho da Silveira, veio, a terraço propor, a “fusão” de freguesias. Bom…pior a emenda de que o soneto. Porque, agora, quem é que iria dizer à freguesia de Picha que ficava sem a Coina ou vice-versa? Isto é, que a freguesia da Coina ficava fundida na Picha? Logo, apareceu uma ideia peregrina de “agregação”. Mete-se a Picha na Coina e fica a freguesia do Coito. Vamos lá ver mas é, se tudo isto não é um coito interrompido. Interrompido pela manifestação das populações que o governo teima em chamar de estúpidos, mas que não são… A final, onde é que está a eficiência, a eficácia e a economia da “agregação” de freguesias e ou Concelhos?
Ninguém no governo ainda conseguiu explicar, muito menos o putativo, novo Mouzinho da Silveira.
Quando estes parolos vão para ministros, além da arrogância, querem criar situações de alteração significativa das leis, de modo a ficarem na história. Mas, para ficarem na história teriam de ter a categoria do Mouzinho da Silveira, do Ferreira Borges ou de qualquer outro ilustre, político ou pedagogo de outros tempos…não basta saber escrever com o novo acordo ortográfico.
Onde é que estão as novas competências? E que competências são? São atribuídas às freguesias e depois delegadas pelos Municípios? Para haver novas competências, onde está a nova lei das finanças locais? Porquê, nesta altura do campeonato, sendo o IMI, um imposto municipal, a razão, porque se encontra empenhado o governo, no mesmo? É para dar mais dinheiro aos Municípios? Não me parece, quando alguns deles, conscientes da brutalidade que constitui, já, este imposto, estão a reduzir o valor percentual do mesmo, prescindindo de direito próprio, da sua taxa máxima.
Logo, o governo, tanto quanto me cheira, está a preparar-se para reduzir os orçamentos dos Municípios e por consequência, das freguesias. Deste modo onde ficará a eficiência? Lembremo-nos que a contribuição dos municípios para o défice é de 6%. Noventa e quatro por cento pertence ao Estado central e satélites (IP, EPE, etc.)
Quanto á eficiência, como é que esta se poderá tornar maior e melhor, quando em muitas das freguesias, a única entidade que presta serviço público e de proximidade são, exactamente, as freguesias? Já não há correios, não há Multibancos a não ser nas Juntas, por aí fora. Fazer, vinte ou trinta quilómetros para ir a uma sede de uma Junta? Não me parece que seja eficiência, até porque na grande maioria destes lugares nem há transportes públicos.
Mas, adiante. O Governo, a coberto do “memorandum” da troika só vai debitando merdas desta natureza. Economia? Onde? No vencimento dos Presidentes de Junta? As maiorias delas, como são pequenas, os Presidentes de Junta ganham menos que o ordenado mínimo. Sim, não recebem os três mil euros dos assessores e técnicos especializados que o governo tem contratado, junto da Jota. Sim, as dezenas de putos com vinte e sete, vinte e oito anos que são contratados com três mil euros para assessores e técnicos especializados. Isto é, não bastava a prepotência de alguns ministros, para termos agora, putos a assessorar coisa nenhuma ou a dar palpites, como técnicos especializados, de coisa nenhuma.
E então, o governo, depois das contestações, chuta a bola para o campo dos municípios e diz:” Aprovem na Assembleia Municipal” e depois enviem para a malta que nós cá temos técnicos especializados. Como se os municípios fossem estúpidos. Mas, alguém vai querer ficar com esse ónus?
Ah, mas se o município não o fizer, nós temos um gabinete especializado, coordenado pelo putativo, novo Mouzinho da Silveira e fazemos nós a agregação. Isto é…se nenhum município agarra na sua, o gabinete fá-lo…agarra-a e sacode-a, antes de a agregar na outra.
Portanto, além da agregação onde está a reorganização administrativa? É para decretar em diplomas avulsos?
Senhor putativo, novo Mouzinho da Silveira:
Não haverá nenhum município que agarre na sua, sem ter o cuidado de se proteger, para não se contaminar com qualquer doença venérea ou engravidar a freguesia vizinha.
Não me parece que na verdade nenhum destes ministros seja um “iluminista”, propriamente dito…por isso, não forniquem mais o pessoal, tentando meter a freguesia da Picha na Coina ou vice-versa, já que desistiram de fazer com a fusão novas freguesias em que a Coina passaria a chamar-se “Raita” e a freguesia de Picha, a chamar-se “Pirilau”.
Se têm amor às partes baixas, da freguesia, pensem antes de agir!