sexta-feira, 30 de julho de 2010

EM FAVOR DA PÁTRIA É JUSTO QUE TUDO SEJA PERMITIDO

Mê rico filho!
Recebi a tua cartinha que me deixou muito contente. Eu já te tinha dito, vai para muito tempo, que isto tudo não ia dar em nada. Tu pareces que nem sabes como é que funciona o Ministério Público e as investigações.
O que achei engraçado, tal como tu, foi terem arranjado aquela da extorsão tentada. Coitados dos homens, agora é que vão gramar esta! E devem ter arranjado alguma coisita sobre “fraude fiscal” ou não? É que eles são especialistas em encontrar fraudes fiscais. Aliás, nem sei porque é que as finanças não vão buscar esta malta para lá.
O que o fisco não detecta, eles detectam. E depois é uma carga de trabalhos. Porque a seguir à fraude fiscal, vem sempre o “branqueamento de capitais”. É por dedução. Se o tipo fugiu ao fisco, e não pagou os impostos, que nós achávamos que devia ter pago, e se depositou a massa num lado qualquer, mesmo que seja num banco estrangeiro, então está a branquear. Como, se depositar dinheiro num banco estrangeiro, fosse crime.
Eu estava convencida que esta coisa tinha mais a ver com o tráfico de droga, venda de armas, etc. Ah, não há tráfico de droga? E em Portugal ninguém vende armas? Se calhar não. O pessoal quando anda mais eufórico, deve ser do Red Bull. Aquele que nos dá asas!
O que sei é que o Pedro e o Smith já têm “tinha” para se coçarem! Mas vê lá tu bem, mê filho, …então fazem um despacho e escarrapacham as perguntas que não tiveram tempo de te fazer? Afinal, pensava eu que tu é que eras uma pessoa ocupada, mas esta rapaziada, numa mão cheia de anos, não tem tempo para falar contigo? Em última estância, sempre poderiam fazer-te as perguntas, quando vais fazer o teu “jogging”. Punham-se a correr ao teu lado e conforme fossem correndo, faziam-te as perguntas. Ah, eles são muito lentos? És capaz de ter razão. Se levaram mais de seis anos para fazer a investigação, se calhar tu punhas-te a correr e eles ficavam logo para trás. E se calhar, ainda ficavam sem o fôlego que tiveram para escrever aquele despacho. Isto está mesmo a irritar a rapaziada toda. Se calhar, além da mudança estrutural que o MP necessita, também precisa de recrutar malta nova que tenha pedala para isto.
Mê filho, continua a fazer “jogging” que assim esta malta não te apanha nas corridas!

PS: Vai dando notícias. É sempre bom saber coisas de ti e do País. Beijinhos.


“Certum est omnia licere pro patria.” [Quantiliano, Declamatio 369] Em favor da pátria é justo que tudo seja permitido.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

FREEPORT

Mãezinha, finalmente acabou esta injustiça que me andaram a fazer. Incrível, como é que numa democracia, como esta, uma pessoa possa ser enxovalhada, estando o seu nome na praça pública, prejudicando, inclusive, o nome da nossa família?
Eu nunca tinha visto uma coisa semelhante. Na maioria dos casos, o Ministério Público, até consegue deduzir acusações, inventando situações e fazendo deduções, para conseguir acusar os arguidos que são figuras públicas. Mas comigo foi diferente.
Eu que nunca me escondi atrás da posição que tenho, estive sempre à espera que eles me chamassem para responder às questões que me quisessem colocar. Mas, nada!
Eu, ao fim e ao cabo, quase nada tive a ver com aquele assunto. Limitei-me a assinar o que era justo, na altura. Se já tinha sido indeferido a construção de um cemitério, para a zona, com o argumento que a densidade populacional (dos mortos, claro), o aumento do tráfego que os cortejos fúnebres poderiam trazer, alterando o meio ambiente, o que é que tinha a ver com isso? Não me parece que possamos comparar, com a vida sadia que os saldos do Freeport, podem aportar. Neste caso, estamos a falar de vida, e a espécie humana, precisa de ser protegida, também. Ou não?
Tinham 27 perguntas para me fazer? Porque não fizeram? Eu até lá ia, pessoalmente, responder.
Agora, virem com o argumento, que o Procurador emitiu um despacho no dia 4 de Junho, dando como tempo limite para a conclusão do inquérito, o dia 25 de Julho e que por essa razão não tiveram tempo? Vá lá vai! Ninguém acredita, nem eu! Ao fim e ao cabo, estão a lavar as mãos e continuam a deixar suspeições no ar, embora não tenha sido constituído arguido e de ter ficado ilibado desta cena.
Isto é muito giro. Os outros é que ficaram acusados de extorsão na forma tentada. Sacaninhas, andaram a congeminar estas coisas todas, para sacar, à empresa, dinheiro, dizendo que era para pagar luvas. Mas não sacaram! Tentaram! Então, onde é que foram parar os quase dois milhões de euros?
Olha, mãezinha. Se o Ministério Público não sabe, como é que nós havemos de saber?
O importante, mãezinha, é que fui ilibado e já não podem andar mais por aí a dizer isto e aquilo sobre mim.
Eu que estava a pensar propor, na revisão Constitucional, a alteração sobre as competências e o estatuto do Ministério Público, já não vou propor coisa nenhuma. Os tipos são mesmo bons. Conseguiram ver que eu não tive nada a ver com aquela história, ao fim de seis anos.

PS: Mãezinha, já podemos ir de férias, descansados. Beijinhos.


“Ut diversitas linguarum sic opinionum separat hominem ab homine, et peregrinum efficit in patria.” [Bernardes, Nova Floresta 2.37] Assim como a diversidade das línguas, também a diversidade das opiniões separa um homem do outro, e o torna estrangeiro em sua pátria.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A ESCRAVATURA MODERNA

Estamos em pleno século XXI, mas este tema não deixa de ser premente. A escravidão era uma prática social em que um ser humano tinha direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual era imposta tal condição por meio de força.
Nos dias de hoje, a escravatura continua, sob outros modos, a ser uma prática, de algumas mentes actuais, mas que procedem como se estivessem na idade média. Os direitos de propriedade são subtilmente exercidos, não se exercendo a força (eventualmente, a utilização de alguns tabefes), mas pela coacção moral.
Exige-se trabalho, dão-se condições de habitabilidade com fraca dignidade e pagam-se salários, ridículos, exigindo-se trabalho por troca de um prato de sopa e de umas roupas usadas. É como se as pessoas fossem uma mercadoria, só que felizmente, já não transaccionáveis. À época da escravatura, os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, sexo, a idade, a procedência e o destino.
Hoje, explora-se, nalguns casos, o facto de as pessoas não terem família, estarem desenraizados do seu meio, não terem alternativas de exigirem das autoridades, os seus direitos e, eventualmente, e neste caso, muito mais gravoso, o facto de as pessoas terem alguma fraqueza do foro mental. Neste caso é abominável, como existem pessoas tão execráveis, que conseguem explorar o trabalho e a dignidade humana, em seu próprio proveito.
Sim, porque, estas pessoas, têm a consciência que se contratarem estes serviços a uma empresa, pagarão três a quatro vezes mais, e não beneficiarão da disponibilidade e servilismo da mesma, para levar as compras a casa ou lavar os carros, ao fim de semana. Que tristeza!
Isto acontece, porque acreditam que o “escravo” não possa exercer qualquer direito de objecção pessoal ou legal, embora não seja a regra, como já não o era no tempo da sociedade esclavagista. A alguns, resta-lhes abandonar o país, que tão mal os acolheu, e voltar ao seu país de origem.
A exploração do trabalho escravo torna possível a produção de excedentes e uma acumulação de riquezas, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e cultural que a humanidade conheceu em dados espaços e momentos: construíram-se diques e canais de irrigação, exploraram-se minas, abriram-se estradas, construíram-se pontes e fortificações, desenvolveram-se as artes e as letras. Nos dias de hoje, a “escravatura” já não tem esta dimensão, mas, tem os proveitos pessoais que se tiram, permitindo, a mentecaptos, exercer uma autoridade que não lhes é reconhecida na sociedade em geral, pela sua imbecilidade carregada de uma esquizofrenia paranóica.

“Ex multis paupertatibus divitiae fiunt.” [Sêneca, Epistulae Morales 87.38] De muitas pobrezas faz-se uma riqueza.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

DESERTO

Deserto, em geografia, é uma região que recebe pouca precipitação pluviométrica.
Ora, que eu me tenha apercebido, não tem chovido, nem aqui, nem no resto do país. E segundo as últimas previsões, o calor vai continuar. Significa que o pessoal de Oeiras, vai para a zona marítima e está-se marimbando, para as zonas desérticas do concelho, onde só chove quando tem de chover.
Como consequência, os desertos têm a reputação de serem capazes de sustentar pouca vida. Deste modo, como é que se pode esperar que haja muita animação no deserto? Comparando-se com regiões mais húmidas, isto pode ser verdade, porém, examinando-se mais detalhadamente, os desertos frequentemente abrigam uma riqueza de vida que normalmente permanece escondida (especialmente durante o dia) para conservar humidade. Aproximadamente 20% da superfície continental da Terra são desérticos.
As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é principalmente composto de areia, e dunas podem estar presentes. Paisagens de solo rochoso são típicas, e reflectem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. As terras baixas podem ser planícies cobertas com sal. Os processos de erosão eólica (isto é, provocados pelo vento) são importantes factores na formação de paisagens desérticas. E há zonas do concelho, onde o vento é uma característica, constante, principalmente no verão, o que faz com que a areia se entranhe em todos os lados, obrigando a lavagens mais repetitivas das partes podengas e não só, porque as mentes perversas também têm que desenrolar os cabelos todos os dias, para que possam pensar.
Os desertos algumas vezes contêm depósitos minerais valiosos, que foram formados no ambiente áridos ou que foram expostos pela erosão. E não tenho dúvidas que pelos desertos cá do burgo, existem minerais muito valiosos. Aliás, são esses a riqueza dos desertos. Mas, onde há desertos há camelos e o que não falta são bostas de camelo. É preciso ter cuidado onde se pisa. Por serem locais secos, os desertos são locais ideais para a preservação de artefactos humanos e fósseis. Principalmente, “brutosários” e “ignorantosários”! Sua vegetação é constituída por gramíneas e pequenos arbustos, é rala e espaçada, ocupando apenas lugares em que a pouca água existente pode se acumular (fendas do solo ou debaixo das rochas).
A fauna predominante no deserto é composta por animais roedores (ratos -cangurus), por répteis (serpentes e lagartos), e por insectos. E que chatos são os insectos. Picam, voam em nosso redor e normalmente poisam na merda. Abaixo os insectos. Os animais e plantas têm marcantes adaptações à falta de água. Muitos animais saem das tocas somente à noite, e se formos por alguns lugares, que conhecemos, conseguimos dar com eles.
É pela noite, que eles congeminam as suas acções.

“Diabolus unde prohibetur mittit nuntium suum.” [Bebel, Adagia Germanica] O diabo, quando está impedido, manda seu mensageiro.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

NEM COM JUSTA CAUSA É DESPEDIDO

Mê rico filho!
Chegou o carteiro, das noves para as dez. Fui a correr à janela, em bicos dos pés. E pus-me a gritar…há carta para mim? Responde-me o carteiro: tem uma carta do Zé, sê filho!
Vi na tua cartinha, que nunca mais te esqueceste, que a mãezinha usava o sabão macaco e o Halibut para te esfregar as “nalguinhas”, quando estavas assadinho. E que ricas nalguinhas que tu tinhas, mê filho.
Tenho estado a acompanhar as entrevistas e discussões sobre a Constituição da República. Então, aqueles malandrecos, não querem ficar cinco anos no governo?
Mas mais, querem preparar-se para despedir o pessoal, com aquela de acabarem com a “Justa Causa”. Não sei bem para que é que eles querem aquilo, se tu, com “justa causa”, mandaste para o desemprego milhares de portugueses. Por outro lado, olha para ti, que com justa causa nunca mais és despedido. Dizem que já são mais de seiscentos mil. Mas havia tanta gente a trabalhar? Como é que é possível? Então, com tanta gente, agora, sem trabalhar, como é que as receitas dos impostos, continuam a subir? Milagre? Não me parece, seu maroto.
Afinal, é bem verdade o que andam a dizer que tu só tens aumentado os impostos à malta. Ah, e mais! Que neste primeiro semestre, aumentaste mais a despesas. Esse foi sempre o teu problema. Sempre gastaste mais do que ganhavas. Não tens mesmo jeito, meu “nalguinhas” da mamã.
Mas o Pedro não está para brincadeiras. Entalou o Silva e deu-te uma oportunidade, diabólica, de agarrares naquele mote do neo-liberalismo e dizer que querem destruir as conquistas de Abril.
Que é uma proposta de uma constituição retródoga e que querem é que o país nunca mais seja socialista e mais injusto. Bom, se ficar cada vez mais pobre, não faz diferença. Aí temos sempre a desculpa da crise internacional e pomos a malta toda a pedir. Corta-se nos exames de diagnóstico nos hospitais, aumentamos a idade da reforma, baixamos as reformas, baixamos os salários e a culpada é esta maldita crise.
Vá lá, vá lá, que eles não mexeram nos tribunais. Mantêm o Constitucional, os advogados do Estado continuam a ser magistrados e a fazer as borradas que querem e ninguém lhes pede contas. E se alguém o fizer, está a ir contra os tribunais e a tentar desvirtuar o estado de direito. Mê filho! Não estás farto destas balelas? É que até a mim me cansam.
Já não falo do ensino…esse então, devem querer acabar com aquele facilitismo que se tem criado, de passar a rapaziada sem exames e depois, ainda metê-los na universidade com vinte e três anos, mesmo que sejam analfabetos. E três anos depois, licenciados em qualquer coisa. Olha, mê filho. Eu que pensava que os bacharelatos já tinham acabado, mas não. Agora, parece que as escolas profissionais já querem dar bacharelatos. Então já viste, um empregado de balcão de um Hotel, bacharelado? Isto sim é que era categoria. Olhe Sr. Bacharel, era um café e um copo de água! A porra toda, é que depois a gorjas aumentavam. Não podíamos dar a mesma gorja que damos hoje, a um bacharel. Ou não é? Mas destas coisas de inventar cursos e diplomas administrativos é a tua especialidade, mê filho.
Hoje a cartinha já vai longa e eu ainda tenho que fazer umas compras no LidL, pois, não tenho nada em casa. Porque vou ao LidL? É fácil, mê sacaninha…é que com a reforma que tenho, mais o Halibut que me obrigas a comprar, o dinheiro não chega para tudo.

“Beati sunt ii qui sorte sua contenti sunt.” Felizes os que estão contentes com a própria sorte.

terça-feira, 20 de julho de 2010

SABÃO MACACO E HALIBUT

Mãezinha, como viste, mantive-me de pé. Tal foi a tareia que eles apanharam que desistiram da compra. Melhores dias virão, mas não podem dizer que não sou patriota.
Era o que faltava!
E agora, como essa história da Constituição? Então, vê lá tu, que querem acabar com o caminho para o Socialismo?
E então o que é que fazíamos depois aos pobres? Deixava de haver cheques poupança para contemplar as crianças nascidas, entretanto? O quê? Os cheques ainda não começaram a ser pagos? Mas quem é que te disse isso? O Teixeira ainda não me disse nada. Ah, já sei…andam para aí a dizer que é mais umas das promessas que não cumpri? Não é verdade, mãezinha. O que o Teixeira deve ter feito, foi adiar a entrada do pagamento dos cheques.
Mãezinha, tu sabes bem que para ganhar eleições vale tudo, até tirar olhos. Ou não é? Achas que eu estava no poleiro se não fosse a conversa que tenho para esta malta? Eles gostam de ser lorpas. Vais ver que, depois de tudo isto, ainda vai haver para aí quarenta por cento de tipos a votar em nós.
Agora, mudar a Constituição e dar mais poderes ao Presidente da República? Era o que faltava. Só quando eu for o candidato. À partida, o Silva deve ganhar as eleições e eu, depois, não estou para ele estar sempre a dar-me conselhos como é que devo fazer as coisas. Ah, ele é economista? Oh, mãezinha, e eu sou engenheiro. Ora essa?
Quando chegar a minha altura de ser candidato, então podem mudar o regime político, para Presidencialista. Até lá, convém que isto esteja nesta bagunça, que sejam os partidos a mandar nesta coisa e assim ninguém é responsável por nada. Tu não vês que ao fim de seis anos, eu ainda ponho as culpas em cima daqueles dois. Sim. O Durão e o Santana, pois então!
Com o Pedro vai ser diferente? Não, mãezinha! Ele vai formar governo, mas depois eu na Assembleia digo que a culpa é deles. É sempre assim!
E com isto, o país vai-se afundando? Mãezinha vê se entendes estas coisas. Enquanto não for o FMI a mandar fazer as coisas, ficando eles como responsáveis, ninguém vai admitir tomar medidas que ponham o rabo do povo assado. Até lá, mãezinha, lavar o rabo com sabão macaco e muito Halibut.

Beijinhos, deste tê filho!

PS: Logo, que possas, manda-me uma cartinha que eu gosto, muito, de saber como estás e de saber a tua opinião sobre esta esquizofrenia política.



« Transiit messis, finita est aestas, et nos salvati non sumus. » [Vulgata, Jeremias 8.20] O tempo da ceifa é passado, o estio findou-se, e nós não fomos salvos.

domingo, 18 de julho de 2010

MUDAR PORTUGAL

A grande questão que se coloca é se alguém conseguirá mudar Portugal, ou se a frase correcta, não seria: Mudar de Portugal.
É isto que têm feito milhares e milhares de portugueses, que não encontram futuro em Portugal, e que não acreditam em Mudar Portugal.
Na passada quinta-feira, ouvi uma intervenção de um respeitável político da nossa praça, que a determinada altura mencionou o problema da bipolarização da política portuguesa. Isto é, ora se vota no PS, ora se vota no PSD.
Infelizmente, tive de me ausentar, antes das perguntas a formular pelo público, mas gostaria, depois de formular a pergunta pertinente que tinha em mente, de ironizar e perguntar como é que se poderia tratar esta “bipolaridade”. É que, depois de decorridos trinta e seis anos, com esta “bipolaridade”, a politica deste pais já é uma esquizofrenia.

A Esquizofrenia politica tem-se demonstrado como uma doença angustiante e incapacitante do normal funcionamento do país. A esquizofrenia politica é na realidade uma doença da atitude mental dos nossos políticos, que afecta de forma grave a sua forma de pensar e o seu comportamento em geral. Se falamos do PS, associa-se ainda os sintomas de prodigalidade, pois têm tendência a gastar mais do que tem o país. Por isso estamos completamente tesos.
As pessoas com esquizofrenia sofrem, de entre diversos sintomas, de alucinações (observar as coisas de forma diferente), delírios (crenças de natureza bizarra ou paranóide que não são verdadeiras), alterações do pensamento ou medo. Tanto se diz que o país está a crescer, como o país na realidade se afunda a olhos vistos. Tanto se elogia o crescimento do PIB em 1%, como se diz que este não serve para acompanhar o crescimento da despesa do Estado. E isto já se verifica, vai para dez anos. Nos últimos cinco anos a esquizofrenia politica deste governo está numa fase muito aguda.
Os delírios, visões e as alucinações constituem os sintomas psicóticos ou positivos que são os transmitidos por quem está no governo. E nesse capítulo o nosso Zé está de parabéns. Este país, na boca dele, nunca esteve melhor. Os "sintomas negativos" também surgem ao fim de algum tempo: o povo fica ausente, mostra muito pouca iniciativa e tem uma vida emocional embotada. Mesmo que isto seja uma grande confusão, continua a votar nesta rapaziada.
Uma importante característica reside no facto de que um povo com esquizofrenia não tem qualquer ideia de que está a sofrer da doença. Perde o contacto com a realidade.
Aos que se encontram, ainda com sanidade mental e não estão reféns da sua situação de vida (idade, por exemplo), o melhor que têm a fazer é Mudar de Portugal e tentar viver num país que não seja depressivo e esquizofrénico.
“Maximam illecebram esse peccandi, impunitatis spem.” [Cícero, Pro Milone 16.2] O maior estímulo para cometer faltas é a esperança de impunidade.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

OS LEÕES DA ESTRELA

Eu pensava que só havia leões em África. Mas afinal, parece que existem leões em todo o lado. Leões no futebol e leões na “parvónia”. Sim, leões na parvónia, atendendo que, em Portugal, não temos savana. Mas, temos, por exemplo, o mato que cresce por todo o lado e que são focos de incêndio, em muitas freguesias deste país. E não é preciso ir para longe, basta ter um olhar atento, ao redor de Lisboa e concelhos limítrofes.
Já lá vai o tempo em que só havia o Leão da Estrela. Agora, encontram-se leões em diversos pontos do país. Leões com juba e leões sem juba. Os mais agressivos são os leões com falta de juba, pois encontram-se no ponto intermédio dos leões com juba e sem juba.
São os mais perigosos, porque estão permanentemente a rosnar e a querer dar entender que são maus.
Coitados dos leões que tem falta de juba. São frustrados, por terem falta de juba. Passam a vida a tentarem esticar a juba, como se a juba fosse crescer. Passam as patas mal cheirosas permanentemente pelos escassos pêlos da juba que resta.
Até com as fêmeas, são de mau trato! Qualquer coisa e estão logo de punho em riste, pois nem dentes têm para morder.
Mas, porque é que eu estou a falar nos leões? Por causa dos leões da Estrela. Sim, os que vão habitando as nossas casas para o lado da Estrela, mais propriamente em S. Bento. Vai para quantos meses que eles andam a discutir se comem ou não comem os utilizadores das Scuts? Proposta para aqui, proposta para acolá e por último, nova proposta de um “leão” que diz: e se fossemos só à caça a partir de 1 de Janeiro?
Até lá, vamos caçando por outros lados!
E lá vamos nós, andando de protocolo em protocolo, melhor dizendo, de contrato em contrato. E isto dos contratos, tem muito que se lhe diga.
Logo, à partida, são unilaterais ou bilaterais, podendo ser plurilaterais. Mas para fazer um contrato é preciso ter legitimidade para isso. E não me parece que o contrato, já outorgado pelo eleitorado, mantenha a mesma legitimidade que tinha. Por outro lado, e o Pedro ainda não entendeu, que existe a “alteração das circunstâncias” que permite renegociar as condições do contrato.
Se não podem cumprir o contrato, em vez de estarem em incumprimento, invoquem o “rebus sic stantibus” (alteração das circunstâncias), e vamos lá renegociar esta coisa.
Podemos ainda pensar no erro, na transmissão da declaração. Quando porém, a inexactidão for devida a dolo do intermediário, a declaração é sempre anulável. Salvo melhor opinião, a política seguida até agora, desde as últimas eleições, é possível de ser anulável, por erro na transmissão da declaração e o erro foi cometido pelos portugueses, quando votaram no Zé.

“Lege bibunt undam, comedunt sine lege placentam” [Schottus, Adagia 585] Medem a água que bebem, mas não medem o bolo que comem.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

NÃO TE DEITES! MORRE DE PÉ, MÊ FILHO!

Mê rico filho. Acabei de receber a tua cartinha. O carteiro chegou das nove para as dez…e eu, ansiosa, fui, logo, abri-la.
Ainda bem que as coisas estão a correr benzinho, embora não goste nada do que me disseste sobre os teus camaradas que te estão a tentar pôr na rua. Nem com o Manel, a concorrer à presidência da república, eles ficaram contentes? Olha! Ingratidão, é o que é. Quando menos esperamos saem estas surpresas. Mas, também, não é nada que tu não saibas porque já fizeste o mesmo a alguns camaradas teus. Olha, como diz o povo, e eu sei que gostas do povo, “cá se fazem cá se pagam”.
Agora, não gostei, uma vez mais, foi daquele optimismo que tu colocaste naquele jornal inglês, em que dizes que vais reduzir o défice para 2% até 2014. Ó mê querido filho! Tu queres fornicar mais o “povo” que tu tanto amas? Pronto, já sei que me vais dizer que quando a gente ama é que se deve fornicar. Dá mais prazer!
Mas, não achas que é optimismo a mais? É que tu, vai para cinco anos, andas sempre com esse optimismo. Explica lá como é que isso vai ser possível?
Ah, mê maroto. Eu já sabia que era isso que tu ias dizer. Vai para mais de uma ano, que noutra cartinha trocada entre nós, se abordava essa situação. Então, significa que o IVA vai aumentar mais? Ok, correcto. Ah, e os ordenados vão baixar cerca de 15%? E as deduções fiscais vão ser reduzidas?
Nunca me enganaste, mê filho. Nada como a tua mãezinha para entender um filho da mãe.
Quer dizer que andaste a prometer e a prometer, a esta malta, que com o PS era que era uma maravilha, que ias criar cento e cinquenta mil novos empregos e quantos é que ajudas-te a destruir? Ah, não contas com esses? Está bem!
Há um raio de um pensamento que não me sai da cabeça! Como é que irás fazer para aguentar a segurança social e o pagamento das reformas? É que, com o desemprego a aumentar, o número de reformados a subir, como é que arranjas dinheiro para isso? Ah, também vais aumentar os descontos para a segurança social? Bom, está bem. Se não fores por aí, terás que aumentar ainda mais o IVA. Pois é, não há consignação de receitas no orçamento. Então, mê filho, crias outro imposto. Bom, se for assim, e enquanto não houver eleições, vais aguentar-te à bronca.
Mas olha! Não me parece que te safes. Tenta negociar um lugar para a Comissão dos Refugiados e dá de “frosques”, enquanto é tempo. Já sabes que a tua mãezinha está sempre contigo, mesmo, que na maioria das vezes me desiludas.
Afinal, mãe é mãe!
Dá mais notícias, logo que possas. Gosto muito de ler as tuas cartas e saber notícias tuas e do país.

PS: Não te deixes quebrar, agora, com as negociações da PT. Um patriota é patriota até ao fim. Não te deites! Morre de pé, mê filho!

“Mallem mori quam mutare”. [Divisa] Prefiro morrer a mudar.

sábado, 10 de julho de 2010

GOLDEN SHARE E O CAMELO

Alô, mãezinha! Eu sei que já estava com saudades de uma cartinha minha relatando algumas peripécias, deste sê filho.
Mas tenho andado aqui nestas negociatas com o Pedro, por causa dos impostos e das Scuts. E não tem sido nada fácil. Ainda por cima, desonrou-me em Espanha quando fez esta viagem para falar com o PP. Não, não é o Paulo Portas, é o partido mais ao menos igualzinho ao PSD. Para melhor, claro.
Isto de não ter maioria no parlamento é uma grande chatice. Nunca mais volto a mandar nisto se não tiver maioria. Porque é que estou a negociar com o Pedro? Oh mãezinha, o Paulo não quis. Mandou-me dar uma volta ao bilhar grande. Diz ele que é mais fácil, mandar palpites na televisão, porque depois o Pedro se quiser formar governo vai precisar dele. Portanto, prefere não se chamuscar com esta situação. Sim, mãezinha, eu sei que estamos com as calças na mão. E claro, como isto está para mudar, ando aqui na azáfama nas conversas de partido, mas estou a ficar com dificuldade de convencer os meus camaradas. Penso que eles se estão a preparar para pôr outro tipo a mandar no partido. Um tipo mais Seguro.
O quê, mãezinha? Mostrámos a “golden share” e os espanhóis ficaram chateados? Estavam a pensar o quê? Eles já não se lembravam de Aljubarrota, mas aqui com o Zé não se brinca. O quê mãezinha, se eu sei o significado de “golden share”? Então diz lá!
Mê filho, a “golden share” é uma coisa muito antiga. Há mais de dez mil anos que foi encontrado numa prancha de argila escrito que “golden share” era igual a um camelo que tinha abusado sexualmente de uma ovelha.
Oh mãezinha! Eu não sou nenhum camelo, nem abusei sexualmente de ninguém. Limitei-me a fornicar os accionistas da PT. Eram 74% dos accionistas? Quero lá saber. Portugal está em primeiro lugar. Eram portugueses? Oh mãezinha, se são portugueses, não são patriotas, senão, não quereriam vender a PT. É ou não é?
É por causa dessas e de outras que tive de me armar em padeira. Dei-lhes uma “padeirada” que eles até andaram à roda. Agora, já querem negociar. Está a ver? Ganha Portugal e os patriotas da treta. Mãezinha, eles estavam a precisar de saber quem manda aqui. Andavam a faltar ao respeito ao Zé, sê filho.
Mãezinha, isto é uma democracia e o capital tem de se habituar à ideia que podem fazer os negócios que quiserem, mas quem decide sou eu. Oh, mãezinha! Sabes lá o que é ter o poder de mandar em tanto dinheiro? Nem te passa pela cabeça.

“Gratis donato non spectes ora caballo.” [Samuel Singer, Thesaurus Proverbiorum Medii Aevi 113] Se o cavalo te foi dado de graça, não lhe examines a boca.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

UM CASO NA VIDA DE UM ADVOGADO

O homem sentou-se à minha frente. Mais velho que eu, com idade para ser meu pai. Éramos amigos, para mais de vinte anos. Nunca o tinha visto assim!
De semblante carregado, com alguma dificuldade de se ajeitar na cadeira, que se encontrava do outro lado da minha secretária. Por fim, respirou fundo e disse-me: sabes Luís tenho que te dizer uma coisa…lembras-te da minha filha? Sim, respondi. Embora já não a veja há muitos anos mas, lembro-me de uma menina que tinha uma sensibilidade muito particular para a música e da qual tive o privilegio de ouvir tocar, a um piano de cauda, uma bela interpretação de Mozart, seguida de outra de Vivaldi. Já lá vão uns anos. Foi um serão muito interessante, disse eu. Pena que não tenhamos repetido tais experiências. Logo de seguida, disse: já deve estar uma mulher.
Foi quando ele, se voltou a acomodar na cadeira, como se esta fosse desconfortável e me disse: Luís ela não é minha filha, foi adoptada. Eu nunca disse isto a ninguém e espero que fique por aqui. Ao que eu retorqui que estava perante um amigo, mas que em primeiro lugar estava a falar com um advogado e, portanto, tudo o que se passa-se ali, era confidencial.
Sentia-se envergonhado, porque não era o pai biológico da filha, que ele adorava e para a qual pretendeu dar uma educação, como qualquer pai faria, proporcionando-lhe, o melhor que lhe podia dar.
De imediato, retorqui: houve lá…se é adoptada é tua filha. Deixa-te desses constrangimentos. Ama-la, deste-lhe afecto, tu e a tua mulher, como muitos pais biológicos, por vezes não fazem. Sempre foi o teu orgulho, porque estás agora com essa posição? Digo-te mais, isso para mim pouco me interessa, porque na realidade é tua filha, ponto final.
Perante a minha reacção, sentiu-se melhor, mais confortável e já se tinha relaxado para me contar, porque vinha solicitar os meus serviços.
- Sabes, ela saiu de casa aos dezasseis anos, para casar. Eu e a minha mulher fomos contra esta decisão, pois tínhamos a ideia que a mesma iria travar o desenvolvimento da vida dela e que um dia mais cedo ou mais tarde, seria infeliz.
A minha filha deixou-nos de falar, até que, agora, com trinta anos, apareceu-me à porta de casa, porque se quer divorciar. Que está farta da vida e da prisão em que tem vivido. Eu abri-lhe a porta, mas também lhe abri o coração. Agora, estou aqui para saber se poderias tratar do divórcio da minha filha.
- Ao qual eu respondi, que sim. A tua filha que venha falar comigo, para que possamos analisar a situação.
- Luís, disse ele, vê tu bem que estivemos privados do convívio da minha filha, durante estes anos, por causa de uma teimosia e insistência da parte dela em querer casar. Eu já sabia que ele não era a pessoa, com carácter e formação para ela e, que a família dele, iria procurar isolá-la do nosso contacto. E foi o que aconteceu. Mas eu recebia-a, como se nada fosse e olha que ao fim destes dias, nem sequer falámos sobre o assunto.
A minha opinião foi que não valeria a pena estar a falar, muito menos se ela não tomasse a iniciativa. Mas quando falassem, não abordassem a situação numa atitude recriminatória. O mal estava feito. Os anos perdidos já não se recuperavam e o que havia a fazer era viver o futuro e aproveitá-lo para o viverem sem ressentimentos. Afinal, pais são pais. Acabam sempre por perdoar.
E assim foi!
Eu não conhecia o marido, da filha do meu amigo, mas posteriormente, vim a conhece-lo e pensei, com os meus botões: na realidade, como é que uma miúda com uma sensibilidade tão refinada fugiu de casa dos pais, para casar com uma pessoa que é o oposto dela? Na verdade, cada panela deve ter a sua tampa. E estes não se ajustavam. Mas, o que é evidente para os mais velhos, com experiência da vida, não o é para os mais novos.
Acabei por dizer ao meu amigo:
- Deves aproveitar ao máximo estes dias felizes do amor incondicional e livre dos braços de ferro associados à conquista da sua independência que adivinho tumultuosa (por acaso foi menos tumultuosa, porque tudo se resolveu por bem).
Quero acreditar que saberás, como os teus pais, encontrar sempre um espaço para o perdão depois de reconhecidas as culpas, as tuas limitações, as decisões erradas e tudo quanto armadilha o bom desempenho que, por princípio, qualquer pai anseia.
Resta-te amar a tua filha e lidar com as suas revoltas e amarguras no futuro em que te confrontarás com o papel de intérprete da sua desilusão pelos aspectos defraudados. Afinal és pai da tua filha! E ela como filha, pode, de modo errado, ter decidiu erradamente a sua vida, mas agora, está de volta!

“Aufert vim praesentibus malis qui futura prospexit.” [Sêneca, Ad Marciam 9.4] Quem olha para o futuro, suaviza os males presentes.