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Nos dias de hoje, a escravatura continua, sob outros modos, a ser uma prática, de algumas mentes actuais, mas que procedem como se estivessem na idade média. Os direitos de propriedade são subtilmente exercidos, não se exercendo a força (eventualmente, a utilização de alguns tabefes), mas pela coacção moral.
Exige-se trabalho, dão-se condições de habitabilidade com fraca dignidade e pagam-se salários, ridículos, exigindo-se trabalho por troca de um prato de sopa e de umas roupas usadas. É como se as pessoas fossem uma mercadoria, só que felizmente, já não transaccionáveis. À época da escravatura, os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, sexo, a idade, a procedência e o destino.
Hoje, explora-se, nalguns casos, o facto de as pessoas não terem família, estarem desenraizados do seu meio, não terem alternativas de exigirem das autoridades, os seus direitos e, eventualmente, e neste caso, muito mais gravoso, o facto de as pessoas terem alguma fraqueza do foro mental. Neste caso é abominável, como existem pessoas tão execráveis, que conseguem explorar o trabalho e a dignidade humana, em seu próprio proveito.
Sim, porque, estas pessoas, têm a consciência que se contratarem estes serviços a uma empresa, pagarão três a quatro vezes mais, e não beneficiarão da disponibilidade e servilismo da mesma, para levar as compras a casa ou lavar os carros, ao fim de semana. Que tristeza!
Isto acontece, porque acreditam que o “escravo” não possa exercer qualquer direito de objecção pessoal ou legal, embora não seja a regra, como já não o era no tempo da sociedade esclavagista. A alguns, resta-lhes abandonar o país, que tão mal os acolheu, e voltar ao seu país de origem.
A exploração do trabalho escravo torna possível a produção de excedentes e uma acumulação de riquezas, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e cultural que a humanidade conheceu em dados espaços e momentos: construíram-se diques e canais de irrigação, exploraram-se minas, abriram-se estradas, construíram-se pontes e fortificações, desenvolveram-se as artes e as letras. Nos dias de hoje, a “escravatura” já não tem esta dimensão, mas, tem os proveitos pessoais que se tiram, permitindo, a mentecaptos, exercer uma autoridade que não lhes é reconhecida na sociedade em geral, pela sua imbecilidade carregada de uma esquizofrenia paranóica.
“Ex multis paupertatibus divitiae fiunt.” [Sêneca, Epistulae Morales 87.38] De muitas pobrezas faz-se uma riqueza.
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