quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

leiria balada do encantamento.wmv



Porque é a terra que me viu nascer e porque a interpretação desta "balada" é fantástica, aqui deixo estas belas imagens. Espero que gostem...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

QUEM NÃO SE SENTIU, JÁ, CANSADO?

Quantas vezes nos sentimos cansados, achando que ninguém nos compreende e que a vida é injusta? Talvez já tenhamos tentado mudar as coisas e, as pessoas ao seu redor, sem êxito, e de tanta luta, o cansaço se apossa, trazendo desalento, sentimento de solidão e incompreensão... Então, se nos sentimos mal, fechamo-nos em mágoas, tristezas, e ao nosso encontro, vem o desanimo, acabando-se, também, por evitar os outros e até mesmo, a nossa própria pessoa, para não termos que olhar para dentro, para nos questionarmos e vermos o que, “sabemos”, que tem que ser visto ou revisto. E neste esforço contínuo de fuga, sentimo-nos, enfim, como quem tenta caminhar ou correr numa esteira, chegando, apenas, à exaustão e a nenhum outro caminho...
É preciso dizermos a nós mesmo: "Basta! Não quero e nem vou me permitir viver assim! Não vou ficar a tentar dar voltas e voltas nesta “esteira” estúpida, numa teimosia e inflexibilidade, que não me levam a lugar algum!" Deve-se observar a natureza e ver que um rio, flui, desviando-se dos obstáculos, mudando o seu curso mas, seguindo, o seu caminho, porque tem um objectivo maior: o grande mar! O grande mar da nossa vida está à nossa espera, mas se ficarmos “encalhados” em algum obstáculo, ao invés de contorná-lo, nunca chegaremos a qualquer lugar! Assola-nos o medo de seguir pelo desconhecido, e teimamos em fincar os pés nas raízes do medo, na insegurança, escondidos, atrás de uma pseudo “segurança”, escondendo-nos atrás das dificuldades, dando-nos falsos motivos para não enfrentar o caminho. Além do mais, tornamo-nos críticos com os outros, por causa de uma certa inveja, quem sabe, dissimulada! Ninguém é superior ou inferior a ninguém, apenas não somos iguais. Há uma desigualdade, entre nós, que nos une, pois precisamos uns dos outros, na troca de experiências para que possamos aprender a arte da vida, para que possamos ver um novo horizonte de existência, por um ângulo, até então, ainda não apreciado! Encontrar, um novo ponto de partida, para a nossa vida!

A vida está aqui para ser vivida, na sua plenitude e não, para que sejamos, apenas espectadores que nos vamos lamentando da nossa falta de inércia! Ela se concentra no “agora”, onde realmente estamos. Temos que aprender a deixar o passado no seu lugar, para vivermos a nossa vida, no “presente” e, dela, retirar o maior prazer, porque, esta é a nosso vida, neste lugar!
A vida é cheia de oportunidades; ela se reconstrói de dentro para fora; portanto, temos que tentar cultivar a alegria. Na vida nos cansamos, não enquanto caminhamos, mas justamente quando estagnamos... Cansados somos como galhos secos que nada produzem, mas quando cultivamos a alegria de viver, ficamos como árvores verdejantes que bem adubadas, darão frutos, com certeza.
Temos que pôr de lado, a ideia de viver, no limite da sobrevivência.
Flua como ar, o rio, a natureza! Flua com o sorriso! Flua neste espaço de vida! Observe a vida planando como uma ave gigante, numa visão aérea, num sentimento de coragem e liberdade, mas conserve o seu ninho, pois, precisa dele. Todos temos os nossos momentos, mas não se atormente por muito tempo, como um chato e rezinga, numa amargura que contamina sorrisos e dá obstáculos! Mais do que isso…afasta os que nos possam querer bem. Faça uma terapia de autoconhecimento e sinta admiração pelo que é, pela sua história! Apaixone-se por si e volte de novo à vida. Foi gerado e nasceu para isso, e não apenas para sobreviver! Liberte-se da sobrevivência e permita-se viver! A alegria é uma consequência natural, quando nos permitimos a tê-la. A procuramos! Não deixe nada para “amanhã”, porque, o amanhã, ninguém sabe se existirá. O momento é agora! Seja responsável pela sua vida. É necessário e insubstituível nela, portanto, receba a sua vida e viva-a da melhor maneira possível, respeitando sempre três regras básicas: RESPEITO A SI MESMO, RESPEITO AO OUTRO e RESPONSABILIDADE!
Já agora, com um sorriso!

“Cur veteranus dux, fortissimus bello, compressis manibus sedeas?”[Tito Lívio, Ab Urbe Condita 7.13.7] Porque tu, que és um comandante experiente, tão valente na luta, permaneces de braços cruzados?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

REFLEXÃO DEPOIS DO NATAL

Depois do Natal vem um momento de reflexão. Para este momento de reflexão, escolhi, o porquê de escrever, para um blogue.
Poderia escrever, eventualmente, para um diário, mas esse seria demasiado exclusivo e pessoal. Algumas das preocupações que vão assolando o meu espírito, acabariam por ficar numa folha de papel.
Eu sei que é modesto o número de leitores do meu blogue, pois só 8800 visitas foram efectuadas, em 2010. Ou seja, há uma modesta média de 25 visitas diárias.
Mas, não é isso que me importa…o número dos que o visitam, para ler o que escrevo é que vão ditando a razão de ser do mesmo. Aliado a tudo isso, denota-se a qualidade dos meus leitores, que se dão ao luxo de perderem, alguns minutos do seu dia, para procurar ler o que escrevo. A estes, um abraço, com votos de que no próximo ano, a vida lhes sorria, se possível, mais do que em 2010.
Normalmente, o blogue é carreado por assuntos de política, porque esta não está, de modo nenhum, separada de nós, por mais indiferentes que possamos ser. Esta tem o condão de gerir a nossa vida e condicionar grande parte da nossa felicidade. Principalmente, quando a crise assola o nosso país, as angústias e inseguranças, aumentam.
Mas, também, existem algumas preocupações, da minha parte, em relatar algumas das injustiças pessoais, dos amigos que vivem ao meu redor, que não são mais, do que muitos dos sofrimentos calados, que pululam por aí. Infelizmente, para gozarmos de felicidade, parece que temos que conhecer a infelicidade, pois, de outro modo não reconheceríamos a mesma. Não estou completamente convencido deste postulado.
Continua a ser um teorema, no meu ponto de vista, pois carece de demonstração.
Em 2011, a minha preocupação, continuará a ser sobre a política deste país e, em particular, vou aqui, continuar a desvendar, a correspondência entre a “mãe” e o “mê querido filho”. Até, porque estes, se vão manter em cena, pois as alternativas, ainda não surgiram, nem ninguém as quer assumir.
Se estivéssemos a falar de uma sociedade comercial, diríamos que estariam disponíveis, os administradores da massa falida. Mas para estes, gerir a massa falida é uma profissão, remunerada. No caso da política, não é particularmente agradável, andar a gerir os restos daquilo que os outros andaram a fornicar, durante estes anos e diga-se de passagem que é muito mal paga. Eu sei. Eu sei…que sempre é mais do que o salário mínimo e mais do que ganha a nova geração de licenciados, de Bolonha ou não.
Mas, que é muito ingrato, é.
De um ou outro modo, todos vão criticando o “José Narciso”. Mas o que mais me surpreende são os senhores magistrados. Dizem que "Sócrates tem um trauma com a justiça”. Mas direi eu…quem não tem? Processos que levam anos e anos a verem a luz do dia. E isto, já não é do tempo do Sócrates. Providências cautelares, no Tribunal de Comércio de Lisboa que levam mais de oito meses a ter uma resposta. Tribunais de Família que levam meses para notificar os interessados, num processo de divórcio. Partilhas de bens que levam mais de dez anos a serem resolvidas. Senhores Magistrados qual é a economia de um país que aguenta tal desaforo? Ah, mas depois a questão está sobre os possíveis cortes salariais que o Governo vai fazer. Para os Senhores Magistrados não. Devem ser cidadãos de outra classe qualquer e talvez, não sejam portugueses.
É bom, que se vá sentindo que há limites para tudo, até numa classe de Magistrados que ao reivindicarem o direito a fazer greve, se colocam ao lado da plebe. Se fizessem greve porque viam os seus concidadãos de mãos e pés atados, com problemas na justiça para resolver, penso que isso é que dez milhões de portugueses agradeciam e, agradecia a economia deste país. Os atrasos dos tribunais representam mais de 7% do PIB, caso não saibam.
Diria, aliás, que se é completamente estúpido quando se investe em Portugal, seja em que negócio for. Havendo sempre litígios por resolver, como é que uma empresa pode esperar que uma providência cautelar leve mais de oito meses a ser apreciada pelo Tribunal?
Senhores Magistrados, se acham a situação injusta, comecem por pugnar uma justiça atempada. Se tiverem que fazer greve, façam-na mas atendendo às necessidades do país e não de uma classe que, administrativamente, tem subido na hierarquia, sem se responsabilizar por nada.
Se é assim que se perspectiva o ano de 2011, cá estarei, para modestamente, gritar o que me vai na alma.

“In controversiis, quas in iudiciis moveri contigerit, aequalitatem litigatoribus volumus servari.” [Codex Iustiniani 12.19.12.4] Nas demandas que forem movidas em juízo, queremos que seja observada igualdade entre as partes.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

FILANTROPIA VERSUS CARIDADE

Para se poder entender a diferença entre caridade e filantropia, haverá que explicar cada uma delas, para se tirar conclusões. Porque um amigo já me tinha dado este desafio, e porque estamos a atravessar uma época em que somos mais sensíveis, quer à caridade quer à filantropia, tomo a liberdade, de antes do Natal, deixar este pequeno texto, que espero elucidativo.
A palavra Filantropia vem do grego (amor) e (homem), e significa "amor à humanidade". O seu antónimo é a misantropia (Misantropia é a aversão ao ser humano e à natureza humana no geral. Também engloba uma posição de desconfiança e tendência para antipatizar com outras pessoas. Um misantropo é alguém que odeia a humanidade de uma forma generalizada. A palavra vem do grego misanthropía, a junção dos termos (ódio) e (homem, ser humano). O termo também é aplicável a todos aqueles que se tornam solitários por causa dos sentimentos acima mencionados (de destacar o elevado grau de desconfiança que detém pelas outras pessoas em geral). (Quantos há por aí?)
Os donativos a organizações humanitárias, pessoas, comunidades, ou o trabalho para ajudar os demais, directa ou através de organizações não governamentais, sem fins lucrativos, assim como o trabalho voluntário, para apoiar instituições que têm o propósito específico de ajudar os seres vivos e melhorar as suas vidas, são considerados actos filantrópicos.
História
O termo foi criado por Flávio Cláudio Juliano (331/332 - 26 de Junho de 363), que foi imperador romano desde 361 até à sua morte.
Uma das tarefas de Juliano como imperador, foi a de restaurar o paganismo como religião dos romanos, e neste intento, imitou a igreja cristã. Assim, criou o termo "filantropia" para concorrer com o termo cristão caridade, que era uma das virtudes da nova religião e que nunca tinha sido parte do paganismo em Roma ou Atenas.
Visão comum de filantropia
A filantropia pode ser vista limitadamente como a acção de doar dinheiro ou outros bens a favor de instituições ou pessoas que desenvolvam actividades de mérito social. É encarada por muitos, como uma forma de ajudar e guiar o desenvolvimento e a mudança social, sem recorrer à intervenção estatal, muitas vezes contribuindo por essa via para contrariar ou corrigir as más políticas públicas em matéria social, cultural ou de desenvolvimento científico. Os indivíduos que adoptam esta prática, naturalmente indivíduos que dispõem dos necessários meios económicos, são em geral denominados por filantropos ou filantropistas. A filantropia é uma das principais fontes de financiamento para as causas humanitárias, culturais e religiosas. Em alguns países a filantropia assume papel relevante no apoio à investigação científica e no financiamento das universidades e instituições académicas.
Uma falsa filantropia pode ser chamada pela gíria “pilantropia”.
Já a “Caridade” é uma das virtudes teólogas e uma das sete virtudes. Tem o mesmo significado que o Ágape. (Ágape (vem do grego, transitando para o latim, como "agape"), é uma das diversas palavras gregas para o amor. A palavra foi usada de maneira diferente por uma variedade de fontes contemporâneas e antigas, incluindo os autores da Bíblia. Muitos pensaram que esta palavra representava o amor divino, incondicional, com auto-sacrifício activo, pela vontade e pelo pensamento. Os filósofos gregos nos tempos de Platão e outros autores antigos, usaram o termo para denotar o amor a um esposo ou a uma família, ou a afeição para uma actividade particular, em contraste com “philia”, uma afeição que poderia ser encontrada entre irmãos ou a afeição assexuada, e eros, uma afeição de natureza sexual.)
É um sentimento que pode ter dois sentidos, o sentimento para si mesmo, e ao próximo.
O Cristianismo afirma que a caridade é o "amar ao próximo como a si mesmo". E afirma que se uma pessoa não se amar, adulterando e mentindo a si mesma sobre as coisas que a rodeia, defendendo, somente, o seu ponto de vista, sem pensar no ponto de vista divino, pode estar "amando" o seu próximo, mas da sua maneira, pois quanto mais buscar o esclarecimento divino sobre como amar-se a si mesmo, maior poderá ser o amor desta pessoa pelo seu próximo.
E afirma que nos dias actuais muitos estão buscando em Cristo, mas à sua "maneira", não procurando em arrependerem-se das suas acções, pois, em si mesmos, não acham culpa alguma, pois defendem os seus próprios pontos de vista. Esquecem-se que o salário do pecado é a morte, e quem não se ama (caridade) peca, pois, quem exerce a caridade, não peca, pois acaba amando a Deus, mais do que a si, mesmo, ouvindo assim a sua voz e colocando em prática a verdade que recebe. Dizendo, que quem ama a Cristo, confirma também o Senhorio de Cristo sobre si mesmo, abandonando tudo por Ele, pois um Servo abandona tudo pelo seu Senhor, vivendo somente para ele.
Aliás, Jesus Cristo ordenou: "Amar a Deus sobre todas as coisas", isto para os cristãos constitui a parte fundamental da caridade.
Quem tem o amor, prova, não somente com palavras mas, sim, com acções. Abrindo mão dos costumes dos gentios por amar a Deus sobre todas as coisas, seguindo a sua voz e os seus mandamentos.
Resumindo e usando as palavras do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, "a caridade é a virtude teóloga pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me aproveita» (1 Cor 13,1-3)".
São Paulo disse que, de todas as virtudes, "o maior destas é o amor" (ou caridade). O Amor é também visto como uma "dádiva de si mesmo" e "o oposto de usar". A caridade é motivada pelo sentimento de compaixão, de amor ao próximo ou a uma causa. Pode partir de uma individualidade isolada ou de um grupo mais numeroso.

A Filantropia, por sua vez, é uma espécie de beneficência ("amor a humanidade") que é planeada socialmente e que guarda algum interesse anterior. As organizações filantrópicas, normalmente, financiam causas humanitárias e apóiam os estudos científicos, mas sempre esperando alcançar algo em troca disso.
Para se fazer caridade não é indispensável que se tenha recursos financeiros. Para ser filantrópico é. A caridade sem dinheiro, por exemplo, pode ser aquela que praticamos, no dia a dia, nas pequeninas coisas... Ouvir um idoso com paciência, auxiliar na educação de uma criança com dificuldades na escola, doar um pouco do tempo livre para visitar alguém que esteja enfermo, ser voluntário, levantar o ânimo de alguém que está triste, etc. No final das contas, ser caridoso, sem utilizar dinheiro, é escolher a prática do bem como um modo de vida... Por outro lado, ser filantropo, na maioria das vezes, é estar vinculado à algum projecto de desenvolvimento e mudança social, tentando, muitas vezes, preencher uma lacuna deixada pelo Estado. Por isso, é muito comum observarmos empresas privadas que se qualificam como filantrópicas. Na verdade, uma observação mais cuidadosa de tal filantropia, nos fará perceber que elas nada mais fazem do que defenderem, antes de tudo, os seus próprios interesses. É claro que uma empresa de celulose, por exemplo, que ofereça uma certa quantidade de cadernos, "gratuitamente", para algumas escolas públicas, em troca do recebimento de papéis já utilizados (recicláveis), está promovendo, sim, um bem para a comunidade em questão. As crianças terão cadernos! Todavia, é necessário observar que, muito antes da simples motivação de ajudar as pessoas, outros interesses, muito mais motivadores, aos olhos mercantis do empresário, instigam essa "boa acção". No caso citado, a empresa pretende, antes de mais nada, ser reconhecida socialmente como aquela que é "aliada" às causas humanitárias e, ao mesmo tempo, ecologicamente correcta.

Ora, naturalmente, esse comportamento, chamará a atenção dos consumidores que passarão a privilegiá-la quando necessitar adquirir algum produto do seu género.Nesse caso, a filantropia é utilizada como estratégia de marketing... A filantropia faz alarde. Dá com uma mão e aponta, para o que faz, com os cinco dedos da outra para que todos vejam e a reconheçam como a "boazinha". A caridade, ao seu turno, é desprentenciosa, é gratuita, não guarda interesses escusos.

Por isso, é tão difícil encontramos pessoas que realmente praticam CARIDADE, com todo a carga semântica e pragmática que essa palavra carrega em si.

Mas, salvo melhor opinião, a caridade é algo que se extingue no momento da sua prática, enquanto a filantropia, pode e deve ter continuidade. Mas, sou a favor desta, quando ela tem como pressuposto, a dignidade humana. E para isso, é preciso muito mais que oferecer cadernos para uma escola, recebendo em troca papel reciclável.

Só para exemplificar, transcrevo este pequeno texto, escrito sobre a pessoa, do meu avô paterno: “Tomás Pereira Roldão enquanto Presidente da Comissão Paroquial Republicana local, exerceu grande influência junto do governo para que fosse instalada na Marinha Grande a sua escola industrial, que só viria a abrir as portas em 1920, com uma aula de desenho. A sua acção a favor do ensino já se tinha manifestado em Dezembro de 1909, com a criação do “Núcleo da Marinha Grande” da Liga Nacional de Instrução. Organizou movimentos de apoio às crianças pobres, de modo a serem criadas as condições indispensáveis para que fizessem um regular percurso escolar”.
Quanto à caridade, era quando se pediam vagões de cereais, concrectamente, milho, para fazer pão, para matar a fome à população.

No estado em que o país se encontra é fundamental praticar caridade, para acorrer às necessidades imediatas, mas é necessária muita filantropia, mas tendo como pano de fundo a dignidade humana. De outro modo, a filantropia, não é mais que a caridade pagã de Juliano.


Miser vel ignavissimo cuique ludibrio est.” [Epígrafe de Fábula de Fedro 1.20 / Rezende 3547] O infeliz é motivo de riso até para qualquer covarde. ■Ao caído todos se lhe atrevem. ■Leão moribundo, cachorro lhe mija. ●Audet vel lepus exanimo insultare leoni. ●Mortuo leoni etiam lepores insultant.

Celine Dion - So This Is Christmas (Eng. Subs)


Para todos os meus amigos e leitores, deixo-vos aqui esta música, com votos de um Feliz Natal e próspero Ano Novo, assim eles nos permitam. Obrigado pela vossa inestimável companhia, ao longo deste ano.
Bem-hajam!

Luís Roldão

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O REGIME POLÍTICO

“Significa isto que não devemos contemplar apenas o melhor regime mas também aquele que é simplesmente possível, e ainda aquele que é de mais fácil aplicação e mais comum a todas as cidades. A verdade é que grande parte dos autores procura apenas a forma mais excelente e que requer abundância de recursos; outros propõem uma forma comum para todas as cidades, menosprezando os regimes já estabelecidos, e exaltando, por exemplo, a constituição espartana ou outra qualquer. O que verdadeiramente interessa, pelo contrário, é introduzir uma ordenação política cujas disposições persuadam facilmente os cidadãos e facilmente sejam adoptadas; pois não é, de modo algum, menos trabalhoso o acto de reformar um regime do que o acto de o instituir desde o início, da mesma forma que não é menos trabalhoso o acto de aprender melhor do que o acto de aprender desde o início. É por isso que, além de outros aspectos referidos, o político deve ser capaz de auxiliar os regimes já estabelecidos, como já tivemos oportunidade de referir.”
” [Aristóteles, Política, 1288 b 34 – 1289 a 7]
Vamos ver se é possível importar estas ideias, a Portugal e ao povo português!
Disse Aristóteles que o mais importante é a existência de um regime político (uma ordenação política). O pressuposto não dito é o seguinte: a existência de um regime político é preferível à sua inexistência. Dito de outro modo, a política é uma inevitabilidade para a espécie humana. Estamos feitos!
Se se estiver atento descobrem-se, relativamente aos regimes políticos, quatro qualificações a considerar: 1. o preferível; 2. o possível; 3. o de mais fácil aplicação; 4. o mais comum. Estas qualificações não têm de ser lidas como excluindo-se umas às outras, embora existam tensões interessantes entre elas.
Aristóteles opõe ao «melhor regime» o «regime possível». Este é aquele que cada condição espácio-temporal e de cultura cívica permite organizar. A política não depende da verdade, mas de uma adequação pragmática às condições de possibilidade. Esta meditação aristotélica é um poderoso adversário da doutrina do neo-conservadorismo evangélico norte-americano: a ideia de que a democracia é o melhor regime e que é exportável, independentemente das condições. Este tipo de pensamento transforma o regime democrático -liberal também numa espécie de utopia. Aqui, poderemos articular a ideia de regime possível com a ideia de regime de mais fácil aplicação. Aristóteles afasta a ideia de que se deve impor o regime mais comum. Subjacente a isto está que o regime mais comum (aquele que existe em maior número de comunidades políticas) pode não ser aplicável a uma dada comunidade concreta. Uma ideia interessante é aquela que termina o texto de Aristóteles: «o político deve ser capaz de auxiliar os regimes já estabelecidos». A questão não seria então de fazer as comunidades políticas abandonar a sua tradição, mas respeitar as tradições políticas existentes, melhorando-as, mas no respeito pela sua multiplicidade
Apesar da sua abordagem aparentemente conservadora (melhorar o regime existente, escolher o possível em vez do excelente), Aristóteles deixa em aberto a questão. Como se faz isso? Faz-se, ao não eliminar a consideração do «melhor regime». A prudência manda respeitar a multiplicidade de tradições políticas, a facilidade de persuasão dos cidadãos e o que é possível. Mas não fica fora do debate «científico» a questão do melhor regime. A ideia do «melhor regime» constitui-se não como um programa a levar à prática (por exemplo, foi o que o leninismo tentou fazer com o marxismo, ou Bush no Iraque), mas num ideal regulador da acção política.
E ao fim de 36 anos do regime político que temos em Portugal, podemos chegar à conclusão que o mesmo se esgotou, completamente.
Portugal, dentro do regime democrático, necessita de reformar a sua Constituição e avançar para o que é inevitável – O Presidencialismo.
Um Presidente eleito que escolha o seu Governo, sem qualquer correlação com a maioria existente no Parlamento.
“Piscis minutos magnus comest.” [Varrão, Nonius 2] O peixe grande come os miúdos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ENQUADRAMENTO DAS MASSAS

Mãezinha!
Espero que estejas já de volta das rabanadas. Estou danadinho, de me sentar, descansado, a comer uma rabanada e deixar por momentos de pensar na vida. Já viste, mãezinha, como é ingrato este povo?
Temos procurado ser justos com os que mais sofrem de injustiça. No nosso país, graças a mim e ao Partido, não existem classes privilegiadas, nem classes diminuídas. O povo somos nós todos, mas a igualdade não se opõe e a justiça exige que onde há maiores necessidades aí seja maior a solicitude. Não se é justo quando não se é humano. Diz-me, mãezinha: “do que seria de todos nós, se não tivéssemos protegido os desvalidos dos bancos, que tanto se têm esforçado, para comprarmos as nossas casinhas”?
A esta hora, já não havia “offshore”. Te garanto! Tinham ido atrás dos bancos.
Agora, só porque vamos aumentar um pouquinho o IVA, aumentamos os combustíveis, a electricidade, os transportes públicos e reduzimos o apoio, a essa malta, parece que já todos vão votar no Silva, mesmo pondo a mão, em cima da fotografia.
Mãezinha, nem tudo está mal. Temos feitos progressos, na formação de elites, que eduquem e dirijam o país. Põe os olhos na juventude socialista, mãezinha. Sem uma elite forte, como a que foi a da minha geração, seria ainda mais grave a crise nacional. Daqui para a frente, só as gerações em desenvolvimento, se devidamente aproveitadas, nos fornecerão os dirigentes, indispensáveis à nossa completa renovação. Começamos por recrutá-los, à saída da universidade. Pomo-los candidatos a uma Câmara e se porventura não ganharem, vão para uma Secretaria de Estado.
É muito mais proveitoso, a criação destas elites, do que a criação das novas oportunidades. Dá menos nas vistas! Deste modo, ninguém embirra com a rapaziada.
Mãezinha! Ao fim e ao cabo, os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites do partido, enquadrando as massas. (Percebeste, esta?)
Estou feliz, mãezinha. Porque finalmente e é o que importa, é que encontrámos o verdadeiro caminho, segundo o qual o povo pode viver tranquilamente a sua vida e o país cumprir a sua missão histórica, isto é, que se realize o essencial na vida e se seja fiel ao que é permanente na História do Socialismo Democrático.
Como o povo tem memória curta, incube-nos avivar até ao cansaço a recordação dos tempos em que o país foi sacrificado nas mãos de um tirano, que tirou o país da “banca rota”, dando-nos, durante anos e anos um Orçamento de Estado com “superávit”. Mas, para quê, mãezinha? Não estamos melhor assim?
Não desistas, mãezinha de fazer as minhas rabanadas(enquadrando as massas), porque no Natal, é só paz e fraternidade e temos que aproveitar estas épocas para dar um toque de lamechas.

Cumprimentos aos primos e aos tios, e um Natal cheio de rabanadas.


“Magnus es in verbis, in factis nullus haberis.” [Binder, Thesaurus 1748] És grande nas palavras; nas ações, tu não vales nada.

QUANDO ALGUÉM PARTE

Quando alguém parte, porque deixa uma instituição, não se faz uma referência, “aos que partem”. Dá a sensação que estamos a falar dos que partem, para o reino dos céus. Francamente…falta de mau gosto, roçando o cabresto da besta.
Na realidade, as pessoas partem, mas antes, de partir, deixaram as suas impressões digitais, em tudo o que fizeram. Deixaram amigos e inimigos! Deixaram obra feita!
Esses, os amigos, dão uma palavra de conforto e dizem, o que é de esperar, num amigo…obrigado. E deveria ser de esperar, da própria instituição. Mas, como esta é representada por pessoas e as mesmas são casca grossa, o resultado é zero. Os inimigos, para seu próprio conforto, porque, a “vida” continua, dizem, que partem.
Partem para ficar longe das bestas, dos carroceiros que pululam por esta sociedade, pensando que são alguém na vida. Partem, porque se fartaram de “vilanagem”. Faz-me lembrar aquela frase do “Simpsons”…” pode ter-se muito dinheiro, mas um dinossáurio, ele não pode comprar”.
Na realidade, quando se vive a esgueirar a vida, como se de uma gincana se tratasse, procurando levar o ovo, na colher de sopa, mantendo um equilíbrio precário e porque, não se “trepa” na vida, de qualquer jeito…é preciso ter jeito, já que a cabeça é oca. É oca por falta de princípios e de educação, é oca por mau carácter, é oca porque o sistema parassimpático e o simpático, estão permanentemente em rota de colisão. Por último, a educação não se “compra”, também, porque esta vem do berço.
E para os que pensam que são caçadores treinados, devem perceber que, na caça ao coelho, estes andam aos “zigs zags”. Quando se pensa que se está atirar para o zig, o coelho salta e vai para o zag. E o caçador falha o tiro!
A decadência do país, começa pelas pessoas que se encontram à frente das instituições…se estas não vivessem à sombra dos outros, não passariam de “pastores”, a roçar o cabresto da besta, que são eles próprios.

“Memoria iusti cum laudibus, et nomen impiorum putrescet”. [Vulgata, Provérbios 10.7] A memória do justo será acompanhada de louvores, e o nome dos ímpios apodrecerá.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

AMIGOS QUE SE PERPETUAM

Não é fácil gerir sentimentos. Diversas interpretações se colocam, por vezes, diante das mesmas situações. Tudo depende dos interlocutores.
As formas de sentir são sempre diferentes. Cada um de nós sente de modo diferente.
A importância de determinados acontecimentos na vida, de alguém, tem o valor que essa mesma pessoa lhes atribui.
Não são forçosamente valorados da mesma forma pelos outros. Mas, existe sempre uma necessidade, em cada um de nós, de avaliar os nossos, comparando com os outros.
Nunca somos suficientemente felizes, mas comparando com os outros, somos os mais infelizes, quando somos confrontados com alguma vicissitude da vida.
Por exemplo, a doença. Sim, porque a valoração que damos ao nosso problema é sempre maior do que os outros, principalmente, quando não temos os outros perto de nós, de modo a que possamos inteirarmo-nos, do seu sofrimento e das suas angústias.
E, porque se trata da nossa própria vida.
Que sentido faz a vida, se nós não participamos nela? Quando muito, antes de se partir, preocupam-nos as pessoas que amamos.
Eventualmente, uma manifestação de egocentrismo, no seu ponto mais alto. Não deixa de ter alguma legitimidade para se actuar deste modo. Ao fim e ao cabo, trata-se da nossa própria vida. E, como diz o ditado, se tiver que ser, "antes ele que eu"!
Mas, quando numa sala de estar de um hospital oncológico, nos cruzamos com alguém, com quarenta e poucos anos, mãe de um filho com onze anos de idade, em que o azar bateu, primeiro no cólon dos intestinos e depois, viajou até ao fígado, subindo aos pulmões e se procura, em todas as alternativas, a vida, não conseguimos ser insensíveis.
Porque, o combate pela vida, primeiro nos hospitais de Lisboa, depois em França e por último em Espanha, não nos deixa, de modo nenhum insensíveis.
Uma experiência, em que se tenta todas as hipóteses, para conservar o que de mais rico temos em nós, a vida. E esta experiência é de imediato, partilhada, de um modo desinteressado e até entusiasmante, como quem pretende dizer: “ partilha a minha experiência, porque vale a pena, para tentares salvar a tua vida”. “Vê o que eu tenho conseguido”! “Com tudo isto, e até agora, resisti.” “Portanto, se eu consegui estas “vitórias”, também podes conseguir.”
No íntimo, tenta-se “acompanhar” o outro. É bom sinal…porque significa que se está a acompanhar.
Este dar, está relacionado com a vida. Procurar que o outro tenha, também vida. Porque se resultar com ele, então, também resulta comigo. Logo, porque não havemos de partilhar a vida e os sucessos que possamos ter, para manter a vida?
A pessoa humana é de facto espectacular…porque partilha a vida, quando lhe vê escapar a vida. Mas, por natureza, quando temos a ideia de que somos donos da vida, temos dificuldade em partilhar, algo na vida. Nessa altura, escondemos os segredos da nossa vida. Não vá o outro, ter mais sorte, do que eu, na vida!
Na realidade, quando aquilo que procuramos é só, manter-nos vivos, vale tudo, inclusive, partilhar os nossos sucessos de sobreviver, perante a “pandemia” do século.
Ficam para trás, os interesses materiais e aqueles, que à partida, orientaram a vida, pensando que eram donos da mesma.
A conversa entre duas pessoas ou mais, que se encontram, na sala de espera de um hospital oncológico, não passa pelos sucessos comuns da sua vida, nem tão pouco, os sucessos e êxitos dos filhos, mais pródigos ou não, que cada um de nós pode ter, e que, de certo modo, espelham a maravilha que somos ou a nossa continuidade, ilustrando toda uma vaidade, que fica muito aquém, do que é a preocupação, de quem só quer salvar a vida e partilha os seus conhecimentos e experiências, procurando dar vida. Porque a vida dos outros, neste caso, pode espelhar a sua própria vida.
Mas, numa sala de espera, nem só as pessoas “apanhadas” pela doença, fazem parte da assistência. Estão presentes, também, quem acompanha os doentes, procurando manter um determinado ambiente, de um modo altruísta e autodidacta. Sim, autodidacta, porque, se é o próprio paciente que tem de aprender a “viver” com a doença, quem o acompanha tem, a todo o momento que aprender, por si próprio, a ultrapassar os momentos de declínio, nas diversas fases da doença.
Muitas vezes, uma notícia de que a situação está estável, representa um sucesso, que não deixa indiferente ninguém e que é, sempre, um sinal de esperança e de vitória Do mesmo modo, quando a notícia é menos favorável, a força anímica tem que ser encontrada de imediato.
Também aqui, se encontra um “elo” de solidariedade, que só é entendível, por quem vive e acompanha um paciente, que dia após dia, vai espectando, para que o “euromilhões”, não saia nos próximos exames médicos.
Vale a pena combater, aquele conjunto de células que entendem falar outra língua, de modo que ninguém as entenda, para baralhar a vida. Assim, como vale a pena, acabar por conhecer, quem também fale a”língua” de quem está doente e que, sem preconceitos, sem vaidades, acaba, ao transmitir as suas experiências, por dar alento ao companheiro(a) de infortúnio.
E quem tiver a sorte, de ter por perto, quem acompanha, e que vive as alegrias, das boas notícias, mas consegue encontrar, também, de imediato, a força anímica necessária, a minimizar as más noticias, acaba por ter sorte, no azar. Talvez, tenha dentro do azar, a sorte, de ter uma das maiores sortes da vida…o de na realidade, com toda a certeza, encontrar amigos, que se perpetuam, para além da vida.
Porque não é possível viver uma vida com estas ligações, sem que as mesmas, não se perpetuem para sempre.


“Malorum in una virtute posita sanatio est.” [Cícero, Tusculanae Disputationes 4.15] A cura de todos os males está exclusivamente na virtude.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A DECADÊNCIA DE PORTUGAL – DUZENTOS ANOS DEPOIS

Nos últimos duzentos anos, Portugal, tem sido o palco dos caracteres corrompidos, numa prática de vida de conveniência.
Parece que tudo começou a destrambelhar, desde a primeira “Carta Constitucional”.
Foram anos de lutas e debates, em que o país se foi afundando. Até que a ideia começou a germinar, que seria a República a solução dos males, até então vividos. Assim não foi, porque o país continuou em completa pobreza, ainda, por cima, com a entrada, na fatídica primeira guerra mundial.
Golpe de Estado! Estado Novo. O país começou a desenvolver-se, devagar, em função das suas posses. Ensino primário com a construção de escolas, novos hospitais, como foram o de Santa Maria, em Lisboa e o S. João, no Porto e por aí fora.
Mas, o sistema de governo não era democrático. A democracia sim, essa é que entregaria ao povo a liberdade e o progresso. Não nos podemos esquecer, do desenvolvimento industrial, embora condicionado, que o país beneficiou, nesta época. Um dos exemplos foi o complexo industrial do Barreiro, a CUF e nos anos sessenta a indústria dos países da EFTA.
Porque, hoje, voltei a reler um pequeno texto, de Eça de Queirós, que continua a ter a mesma força, que teve, quando o escreveu, tomo a liberdade de o transcrever, porque, acho, que, tem o mesmo vigor de outrora, em relação a um país que depois de beneficiar de milhões e milhões de euros, continua em decadência acelerada.

“A DECADÊNCIA DE PORTUGAL”

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. (veja-se o Governo, o Parlamento, os Tribunais, etc.). Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. OS serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao caso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce…O comércio definha, a indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.”

Uma Campanha Alegre – Eça de Queirós

“Per multum “cras, cras”, omnis consumitur aetas.” [Binder, Thesaurus 2534] Com muito amanhã, amanhã, perde-se o tempo todo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TRISTEZA

Tristeza é quando chove ou quando está calor demais.
Quando o corpo dói ou não dói e os olhos pesam ou não pesam.
Tristeza é quando se dorme pouco ou quando se dorme muito, quando a voz sai fraca, mas também pode sair forte, quando as palavras cessam ou quando elas abundam, mas se o corpo desobedece, que se há-de fazer? Uma dose de vitaminas!
Tristeza é quando não se acha graça a nada, quando nos tornamos chatos para burro. Chateamo-nos a nós e aos outros.
Quando não se sente fome ou quando nos dá um apetite dos diabos.
Quando qualquer brincadeira é uma chatice e nos pomos com a pieguice de chorar. Tristeza só dura enquanto a gente quiser.
Se quisermos ela vai acabar.
Não importa se és do tipo de pessoa que procuras ajuda, ou daquelas que preferem isolar-se. Podes sim, fazer algo por ti. A primeira coisa importante é lembrares-te que na vida tudo passa, então, em breve, essa tristeza terá passado também. Lembrarmo-nos disso faz com que consigamos colocar a tristeza em seu devido lugar, diminui a sua intensidade e ajuda-nos a observá-la de fora.
Enfim…a deixarem de ser chatos! Porque a vida não se compadece dos chatos! A partir de determinada altura já deixamos de dar atenção ao modo reiterado, daqueles que estão sempre chateados!
Há quem tenha por hábito chatear-se, por isto e por aquilo. Que veja em tudo maldade. Que não acredite nos outros.
Ah, e quanto a sentimentos, nem falar! Pois, aí, é possível toda a especulação. Criam-se factos, utilizam-se argumentos para esgrimir as nossas razões. Uma vez mais, estamos a ser chatos.
Penso que, em vez de sermos chatos, vale a pena sonhar. Idealizar ou desfrutar os prazeres já vividos. Os momentos que nos deram felicidade. Quando isto acontece, ganhamos forças para ultrapassar o momento de sermos chatos. O momento em que nos parece que tudo na vida nos cai em cima.
Sim…há coisas bem pesadas na vida e eu tenho tido experiência delas. E algumas, consomem-nos e acompanham a nossa vida, até que se faça luz.
E, a mim, aconteceu-me! Então, pus-me a pensar e fui direito ao norte!
Imaginei que tinha como cenário o mar, com as suas ondas tocadas pelo vento. E por acaso, o vento sopra lá fora, bem forte. Vento de inverno…que traz chuva, muito chata. Esta sim é chata. É chata porque nos obriga a andar de guarda-chuva. É chata porque nos molhamos, é chata porque nos retira mobilidade. Até para secar a roupa é chata. A roupa continua molhada.
Mas aqui, também devemos parar e pensar que se pode desfrutar, desta chuva chata, tirando algum prazer, com o sonho dos dias de sol. Mas, quando não há calor demais…senão, é chato e é tristeza.

A natureza é assim mesmo. Uns dias chovem, outros fazem sol. E o mesmo se passa connosco. Uns dias chovem, outros fazem sol.
Temos é que pensar e acreditar que o modo como vemos a vida é problema criado por alguém que está a ser chato. E esse alguém, somos nós!

Porque não gosto de ser chato, vou acreditar que posso e tenho o direito de não ser chato e viver, o que de bonito tem o triângulo, que tenho procurado construir, onde possa reinar a paz, o amor e o silêncio.

« Modus omnibus in rebus optimum est habitu. » [Plauto, Poenulus 238] É bom ter medida em todas as coisas. ■Em tudo convém medida. ■Nem oito nem oitenta.

CARTA AO PAI NATAL

Mãezinha, desculpa não te escrever, desta vez. É, que estamos em época Natalícia e tenho de aproveitar o tempo para escrever ao Pai Natal.
Também, é só uma vez por ano que faço isto. Ao longo do ano, tenho sempre mandado cartinhas para ti. Mas, estou muito precisado de fazer alguns pedidos e não quero que ele se esqueça de mim.
Sim, mãezinha! Eu sei que já compraste umas coisinhas para mim, na “Loja do Chinês.” Estes, actualmente, são os únicos que vendem barato e compram barato. Vê o caso da dívida pública portuguesa.
Mas, o que tenho para pedir ao Pai Natal, tu não consegues comprar, na “Loja do Chinês”.
Em primeiro lugar, quero pedir, com todo o fervor, que se encontre petróleo em Portugal. Não vejo outra maneira de salvar este país. Passávamos a comercializar em “euro petróleos”. Palavra de honra que acabava com esta porcaria da divida pública, do défice e até podíamos aumentar os funcionários públicos, mais 2,9%, outra vez.
Se assim fosse, já tinha garantido, mais uns dez anos à frente desta mercearia.
Mas não! Não vamos ter essa sorte. O que vamos encontrar é cada vez mais o petróleo a subir de preço. Dizem que há países que estão a crescer, mas connosco é sempre assim. Só nos comparam com o que há de pior.
Ah, se a Espanha está mal, então nós, não nos podemos queixar. E A Irlanda? Que era o tal “tigre” europeu? Já viram como as coisas estão?
Mas, Pai Natal. Além do petróleo, que nos dava muito jeito, vê se fazes compreender, a esta malta, que não vale a pena fazer greve.
Mas, a final estou a pedir tudo para o país e não estou a pedir nada para mim.
Pai Natal, não te esqueças de mim…se nada se resolver, vê se consegues arranjar-me um lugarzinho ao sol, numa qualquer instituição dessas boas, lá fora.
É que se não encontrarmos petróleo em Portugal, estou arrumado. Tenho mesmo de emigrar.


« Multos expertus sum qui vellent fallere; qui autem falli, neminem. » [S.Agostinho, Confessiones 10.23] Conheci muitos que queriam enganar; que quisesse ser enganado, nenhum.