segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A MINHA MÃE PODIA TER SIDO MINISTRA DAS FINANÇAS


Perante a crise económica e financeira que Portugal está a viver, em que se vai até buscar o fundo de pensões da PT para amenizar o défice, recordei a minha querida mãe.
Se fosse viva, teria hoje cem anos de idade. Que saudades que tenho dela e hoje, vou ter que lhe fazer justiça.
Um dia, já lá vão muitos anos, dizia-me ela: “ Filho, eu também era capaz de ser Ministra das Finanças” (sic).
Eu sorri, e na minha ingenuidade, disse: “ Mas, mãe… não tens conhecimentos para ser Ministra das Finanças”. Ao que ela me retorquiu: “estás enganado, meu filho. Era mesmo capaz”. E a conversa ficou por ali, pois, fiquei na dúvida se ela estava a brincar comigo ou se estava a falar a sério.
Bom! Passados estes anos, chego à conclusão que a minha mãe falava a sério. E vou-vos dizer porquê.
Éramos uma família de quatro filhos, mais a minha mãe e o meu pai. Só o meu pai é que trabalhava fora de casa e, portanto, o único que poderia trazer proventos para sustentar estes matulões. Todos eles a comer, vestir, calçar e a estudar.
Ela estava cingida ao ordenado que o meu pai trazia para casa. Não tinha a prerrogativa de “decretar,” ao meu pai, e dizer: “dá cá mais dinheiro”.
Isso teria como resultado, o meu pai chegar à empresa, e dizer: “preciso de aumentar as minhas receitas para fazer face às despesas lá em casa”. “Aqueles matulões, agora, querem mais automóveis, querem abrir mais umas delegações dos bailes de garagem, na casa dos vizinhos. Portanto, meus senhores, toca de aumentar as receitas cá do João. E, ainda no mês passado, tive de fazer uma festa de aniversário de um dos meus filhos, gastei uma pipa de massa e o ordenado não chega”.
Na realidade, isto não era possível. Nem a minha mãe podia impor ao meu pai, mais dinheiro, nem o meu pai, podia dizer ao patrão, por decreto, “dê cá mais dinheiro”.
A minha mãe tinha de governar a casa, com o dinheiro que o meu pai, todos os meses, trazia para casa. Se não havia dinheiro para festas, não se faziam as festas. Se não havia dinheiro para as rambóias dos matulões, que remédio, ficassem em casa, a ouvir as rádio novelas do “OMO”, lava mais branco.
Hoje, quando vejo o PEC 1, o PEC 2, o PEC 3, não sabendo onde acabam os PECS, e quantas vezes mais, vai o Governo aumentar as receitas, porque não acaba com a rambóia dos matulões que tem no Governo e delegações associadas, nas festas, nos automóveis, nas empresas inviáveis, que proliferam no universo do Estado, as inúmeras entidades reguladoras que não regulam coisa nenhuma, tenho que fazer-te justiça mãe: “Podias ser Ministra das Finanças, sim senhora”. Pois conseguiste, educar quatro filhos e nunca faltou pão à mesa, com o magro ordenado que o pai, todos os meses do seu trabalho, trazia para casa. E quando partiram, não deixaram dívidas aos filhos. O que já não se pode dizer deste governo que quando partir deixa o país na miséria, depois de nos pôr a passar fome.

« Ius non patitur ut idem bis solvatur. » [Jur / Black 1046] A lei não admite que a mesma coisa seja paga duas vezes.

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