domingo, 9 de agosto de 2009

Portugal volta a conquistar o Mundo pela via Administrativa

“…considerando que o terreno sito em Cabo Verde, da titularidade do
arguido Isaltino Morais, resultou da prática, por este, do crime de
abuso de poder(…) declara-se o referido terreno (…) perdido a favor do Estado.”
In Sentença de Isaltino de Morais, Sintra, 3 de Agosto de 2009

Decerto com preocupações maiores para evitar o recrudescimento do escorbuto e de outras maleitas muito mais próprias de séculos passados (embora esta coisa da gripe dos porcos, cientificamente chamada de H1N1 tenha ido buscar genes antigos à pneumónica de 1918), Portugal inventou uma nova forma de conquistar novos territórios: a via administrativa.

Ao declarar perdido a favor do Estado Português o terreno que Cabo Verde ofereceu ao autarca Isaltino Morais, começou de forma simples: por um terreno de calhaus apelidado pelos locais como “Vila Miséria”. Mas esse é o princípio. Apreciada a decisão ali para o lado da Rua da Escola Politécnica, com telefone com linha directa para Belém e S. Bento, os decisores portugueses deram já instruções para averiguar à exaustão Pereira Coutinho, na esperança de poderem declarar território português a ilha que aquele possui em Angra dos Reis e estão mesmo a ponderar declarar perdida a favor de Portugal toda a cadeia de hotéis Hilton espalhados pelo mundo depois de terem percebido que Cristiano Ronaldo é muito bem capaz de ter apanhado uma camada de chatos ou outra doença venérea aborrecida depois de se aventurar pela intimidade de Paris Hilton, durante a sua breve passagem, este Verão, por Los Angeles.

Há quem não ache especialmente vantajoso ter começado a alargar o território português por um terreno de praia sem valor e tenha sugerido que a opção Angra dos Reis ou Hotéis Hilton enriquecia bem melhor o erário público. Ademais, o Estado de Cabo Verde é muito bem capaz de armar-se em soberano e, nem temendo um incidente diplomático, reclamar para si os territórios da Amadora e Sintra, roubando ao conselheiro Raposo e ao benfiquista Seara aquilo que até agora era o seu (deles) ex-líbris: a porcalhota e a oitava maravilha do mundo de Byron. Entendem ainda assim os cabo-verdianos que depois de tantas diatribes sofridas pelos seus conterrâneos em terras de Amadora e Sintra, nada como locupletar ao estado português o território onde, demograficamente, eles já estão em maioria.

Nessa ordem de pensamento, a sugestão vai no sentido de arrebanhar toda a Cidade do Cabo, na presunção de que a fortuna de Joe Berardo foi ali conseguida sabe Deus como e tirar uma fatia substancial da Costa Leste dos Estados Unidos, na parte que segue o azimute entre Newark e New Bedford, depois de se saber que os açorianos que para ali foram já fizeram patifarias tamanhas (seis deles deram por si em cima de uma norte-americana numa mesa de bilhar numa acção imortalizada no filme The Accused por essa beleza natural que dá pelo nome de Jodie Foster) que justificam ficar, pelo menos, com a cidade de Fall River.

A ideia, acolhida pelos justiceiros portugueses sugere, todavia, alguma ponderação. Já que o exemplo dado pela juíza do caso Isaltino teve uma opção por África, entende-se que honrando os pergaminhos dos nossos antepassados, se siga pela conquista inicial desse continente e, só depois, nos aventurarmos pela América. É que, como as coisas estão, para além de conquistarmos o território americano ainda nos tínhamos de ver com o crash da economia de Obama e há quem considere que ainda não temos arcaboiço para isso. Pelo menos enquanto não tomarmos posse administrativa do mar de Cabinda – por uma qualquer gravidez ali feita por português errante que se tem de condenar primeiro – e, com o dinheiro do petróleo ali conseguido, criarmos uma almofada financeira que nos permita pensar mais a sério na ocupação administrativa da América.

Mas que vamos lá chegar, ai isso vamos – disse o mestre do justicialismo da Escola Politécnica

"Res est misera ubi ius est vagum et incertum." [Jur / Black 1540] A situação é deplorável quando a lei é imprecisa e incerta.

6 comentários:

Anónimo disse...

De pouco serve o Estado apropriar-se de terrenos ilicitamente "doados" a autarcas deste nosso pequeno país...

É que depois vem aí "uma Ferreira Leite qualquer" e vai vendê-los - legalmente (!) - a outros autarcas que entretanto enriqueceram - ilicitamente (!) - com outras oferendas de "quintais tropicais e/ou equatoriais" a troco de favores urbanísticos e afins...

Esse proveito extraordinário oficial servirá, depois, para cozinhar uma redução do déficit nacional, dinheiro esse que será certamente absorvido pelo despesismo do peso do Estado na Economia nacional.

O ciclo está viciado, os dinheiros e os terrenos são os mesmos. Tanto prejudica o País o Governo quanto os autarcas... A diferença estará na atribuição de legalidade das operações e dos respectivos impostos pagos pelas mesmas, com a diferença que o Governo, ao contrário dos autarcas em geral, não paga impostos!

lol

Portugal é um BPN disse...

De pouco valem essas "conquistas", pois o País estará mais que enterrado no entretanto...! Os partidos políticos estão todos podres, e só servem para dar "uns tachos" a quem se pendura neles, nada mais... Portugal está "um autêntico BPN"... Vide Medina Carreira ontem na SIC NOTÍCIAS:

http://sic.aeiou.pt/programasInformacao/scripts/videoplayer.aspx?ch=negocios%20da%20semana&videoId={F0415760-AA3C-40C4-A246-D814AC6D7753}

Professor disse...

Tem toda a razão. Os partidos fornicaram o país, nestes últimos 35 anos.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto. Por isso, e como "mal menor", prefiro apoiar iniciativas privadas do que "encarneirar" em partidos...

Apartidário disse...

Os partidos também não pagam impostos... e toda a gente sabe quantos milhões é que os partidos "papam" em cada grande empreitada, para fazer campanhas... Quanto é que as "Somagues" ou "Abrantinas" deste país não enfiaram já nos bolsos dos que mamam à pala dos partidos..?? Quantas campanhas não foram já financiadas - e continuarão a sê-lo (!) - por empresas privadas??

O Isaltino, ao pé de qualquer "PSD" ou "PS", é um completo inocente. Por que será que ninguém coloca um destes partidos no banco dos réus, também?? Eles mamam muitíssimo mais... É que, assim, poderia ser que a corja destes partidos acabasse de uma vez por todas. Só temos porcaria na política actual.

Bem hajas Medina Carreira!

Apartidário disse...

Uma adição:

Eles "mamam muitíssimo mais"...

e fazem muitíssimo menos...!!

Diga-se em boa verdade.