quinta-feira, 21 de abril de 2011

COMO POUPAR MILHÕES


Pensando bem, não vejo razão para termos forças armadas. Nos dias de hoje, não se vislumbra tal necessidade. De qualquer dos modos, caso fosse necessário, sempre podíamos contratar, como avençados, os americanos.

De igual modo, não vejo necessidade de polícia. Já temos as empresas de segurança. Mas, se eventualmente, deixássemos de ser um país sem criminalidade, pedíamos apoio à “Guardia Civil”. Quem vai de Madrid a Cárceres, também vai de Badajoz a Lisboa.

Também não vejo necessidade de escolas, nem de universidades. Hoje em dia, com o “Magalhães”, os alunos podiam, perfeitamente, aprender via “e-learning”. Quanto aos restantes 90%, que constituem os iletrados em Portugal, faziam nas empresas ou no IEFP, as novas “oportunidades”.

As Farmácias, também podiam fechar. Os doentes passavam a encomendar os medicamentos via internet e pagavam com o cartão de crédito.

Já quanto aos hospitais, só se mantinham abertos, para os doentes que não se pudessem deslocar. Os restantes iriam a Badajoz, a Vigo ou a qualquer outro hospital, junto à fronteira.

Os comboios deixavam de funcionar com maquinistas. Passavam a ser comboios automáticos, orientados e conduzidos por sistemas informáticos.

Os aviões voavam, unicamente, com pilotos automáticos. Os controladores aéreos seriam substituídos, por sistemas gravados, em Call-Centers, na Índia.

O governo era substituído, em outsourcing, pelo FMI. Logo, não era necessário nem a Assembleia da República, nem os organismos reguladores, nem fiscalizadores. A malta aceitava as ordens do FMI e pronto.

Ninguém me diga que eu nunca apresentei soluções. A partir de hoje, é injusto.

Ah, mas para que isto seja aprovado, vamos fazer uma petição, que terá de ser apresentada na Assembleia da República, visionada pelo Governo e promulgada a decisão pelo Presidente da República e depois referendado pelo Primeiro-Ministro. Só vejo dificuldade, nesta última. Os outros penso, que iriam concordar.

E assim poupávamos uns largos milhões.

Tenham uma Páscoa Feliz, se possível.

Necessitamos, com urgência, de outro regime político!

Em 2 de Abril, de 1976, passou a vigorar uma nova constituição, da república portuguesa. Delega nos partidos políticos, a representação do povo. Por isso, se diz que, temos uma “Democracia Representativa”. À custa deste pressuposto, temos andado, nestes 35 anos, de eleição em eleição, a ser representados por grupos de mafiosos que levaram Portugal ao desastre em que este se encontra. O poder foi-se alternando entre Socialistas e Populares, mais tarde, designados de sociais-democratas, como se isso fosse alguma coisa melhor.
Já os Socialistas arredaram, no tempo de Mário Soares, o socialismo, que foi metido na gaveta e também quiseram ser sociais-democratas. Ora bem…se são os dois sociais-democratas é o suficiente para eu acreditar que a social-democracia ou está enviusada por estes partidos ou então, não serve para nada. A realidade é que qualquer dos partidos conseguiu, ter no seu seio, uma corja de filhos da puta que andaram a vilipendiar o país. Criaram-se Bancos, sem qualquer controlo da entidade fiscalizadora, como o BPN ou o BPP e permitiu-se, no meio de tudo isto que os bancos andassem a emprestar dinheiro que não tinham, sacando à malta juros e comissões agiotas, por tudo e por nada, sustentando salários obscenos, com regalias de “Califas” e, depois de tudo isto, continuam. Tentam passar desapercebidos, no meio da chuva.
Todos andámos a comprar automóveis, casas, a pagar férias no Brasil, em Cuba e noutros lados, televisões, computadores, a remodelar as mobílias de casa e a trocar de telemóvel, todos os anos. O Estado, com as suas obras megalómanas de auto-estradas e outras tais, ajudou a que a dívida, dos bancos e famílias, ultrapassa-se, os actuais 200% do PIB. Ainda me recordo, entre outras obras megalómanas, no tempo de Cavaco Silva, a construção do Centro Cultural de Belém, que dos iniciais 10 milhões de contos, acabou por custar, ao erário público, 40 milhões de contos. E aqui é que está o problema do país. A pouca vergonha que aproveitou a alguns milhares de mafiosos. Agora, novamente, são os portugueses chamados, a pagar com os rendimentos do seu trabalho esta pouca vergonha. Sim…porque os bancos vão ser os únicos beneficiários desta brincadeira. Afinal é bom ser-se accionista de um banco. Quando há lucros, e se distribuem dividendos, são os accionista a “mamar”, quando a banca está rota, são os portugueses a pagar. A todo este desenrolar de acontecimentos, um dos espectadores atentos da desgraça foi o Banco de Portugal e a sua “supervisão”. Bastava encontrar-se o modo de financiamento do capital social e depois era a vilanagem completa. Por outro lado, temos, mais não sei quantas instituições, que vão realizando auditorias e cujas conclusões são postas na gaveta, porque não existem sanções aos políticos. Tem-se encontrado como resposta que os políticos são “julgados” nas urnas. É pena que o mesmo não possa ser adaptado aos gestores das empresas. Terá havido, quem, ao longo dos anos, fosse lendo os relatórios sobre a “Conta Geral do Estado”, do Tribunal de Contas? Não me parece.
Mas, no meio de toda esta vilanagem, tem-se permitido, que um duvidoso, “licenciado em engenharia civil”, venha a ser primeiro-ministro, numa postura de completo narcisismo, ao longo de mais de seis anos. A alternativa que se apresenta, e uma vez mais, é a alternância, pelo outro partido que se diz, também, social-democrata, cujo líder, apresenta uma postura de “cobrador” da Carris. Apresenta propostas, aos portugueses, de mais cortes, aqui e ali, como se andássemos todos nos autocarros, ao longo destes anos, sem pagar nada, até agora.
Portugal está melhor do que em 25 de Abril de 1974? Mal fosse que não estivesse melhor. Bastou a mera evolução do mundo, para que Portugal fosse apanhando alguma coisa, aqui e ali. E uma das coisas que apanhou foi o “desenvolvimento” da banca e da sua capacidade criadora de negócios, muitos deles, completamente agiotas, para que os portugueses tivessem um conforto e um bem - estar, para o qual, nunca produziram a riqueza necessária, porque nunca tiveram um sistema político que fosse capaz de liderar um desenvolvimento económico e social, sustentado. Aldrabou-se o ensino, de tal modo, que o chefe máximo do governo apresenta exames, feitos, por fax. Como diz a publicidade do licor Beirão, “garante-se o diploma de engenheiro a todos os portugueses." Iludiu-se o desenvolvimento, dando a entender que todos poderiam ser proprietários de imóveis. Que todos teriam direito a férias no Brasil, em Cuba, na Jamaica ou em qualquer lado exótico (pode ser na Madeira) ou noutro qualquer país tropical, e que cada cidadão, tinha direito a automóvel, mesmo que fosse para ir para a escola, enquanto estudante. Houve na realidade algo de mérito…O Serviço Nacional de Saúde. Que por várias razões, obscuras, alguns tentam destruir. E começou, muito paulatinamente, logo a seguir ao 25 de Abril, quando se cortou a possibilidade a muitos médicos, que andaram anos a fazer, o P1, P2, P3, P4 e acabaram em clínicos gerais… de irem para uma especialidade. Foi a protecção descarada do “lobby” instalado. E que continuou com os números clausus. Resultado… Hoje, Portugal não tem médicos suficientes, muito menos especialistas em número, capazes de acudir às necessidades do país. E, continua-se a não querer olhar para Inglaterra e perceber como funciona o sistema de saúde deles. Os médicos são pagos por objectivos. Dedicação exclusiva. Mas, não têm falta dos mesmos. Poupa-se muito dinheiro, porque se realiza uma medicina, mais focada na prevenção. Aqui, apostou-se no “apoio” aos laboratórios farmacêuticos. Conclusão…hoje, estamos “à rasca”, porque não temos médicos suficientes e a despesa, com medicamentos, não pára de aumentar. Solução inteligente e rápida…genéricos. É uma parte da solução, mas falta, uma vez mais, aquilo que o sistema político, vigente, não consegue proporcionar.
Mas, na realidade, parece que nada disto está mal no país. Estamos a pedir dinheiro emprestado, temos o FMI a “trabalhar” e a malta “à rasca”, pára o país, quinta, sexta, sábado, domingo e segunda, fora os que meteram férias, antes dos feriados ou que meteram férias, depois dos feriados.
Nestas próximas eleições, depois de nunca ter estado ausente de nenhuma votação, vou aliar-me, aos indecisos. Só volto a votar, quando houver um novo regime político. Até lá, deixo a minha vida aos cuidados do FMI.
Necessitamos, com urgência, de outro regime político!

“Tacens non fatetur, sed nec negare videtur.” [Jur] Quem cala não confessa, mas também não se entende que esteja negando.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

UM JOVEM À RASCA

Um jovem à rasca, encontrou-se com um amigo, do pai, e cumprimentaram-se. Boa tarde, Zé. Como está Senhor Doutor? E inicia-se um diálogo, interessante. Pergunta o Dr.:

-Então, Zé, sempre foste à manifestação da geração à rasca?

- Sim, claro.

- Então e quais foram os teus motivos, conta lá.

-O mesmo que os dos meus amigos. Acabei o curso e não arranjo emprego. Pergunta o Dr… E tens respondido a anúncios?

- Na realidade, não. Isto é muito complicado. Porque de verão não dá jeito nenhum. Um tipo tem as praias e as esplanadas, cheias de miúdas. No inverno está um tempo do caraças, chove e faz frio, não apetece nada andar por aí nas entrevistas. Além do mais, depois destas idas à praia, às discotecas, às esplanadas e quando calha, a um cinemazinho, ainda me sobra dinheiro da mesadazinha que os meus pais me dão.

- Mas devias responder a anúncios. Não achas? Porque é que não respondes?

- Tem razão. Mas mudando de assunto. A manifestação até correu benzinho. Não houve incidentes, o que é sempre bom. Mas houve chatices.

-Então, Zé, conta lá.

- Eh pá…quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco, apanhei uma fila de todo o tamanho.

- Se calhar isso era gente que ia para as Amoreiras ou até para o Largo do Rato. Sabes que aquilo tem andado movimentado por lá.

- Nada disso, Dr. Jovens à rasca como eu. Ao fim e ao cabo, gente de todas as idades, mas todos à rasca como eu.

- Hum…E então, onde é que estacionaste o carro. No Parque Eduardo VII?

- Oh Dr. O meu amigo não está bom da cabeça. Então, com um Audi TT cabriolet, eu alguma vez iria estacionar numa zona manhosa como aquela? Tentei estacionar no Parque do Marquês, mas estava cheio.

- Cheio de…?

- De carros de jovens à rasca como eu, claro. Acabei por ir estacionar no parque do El Corte Inglês. No caso de sair cedo da manifestação, ainda fazia umas comprinhas na loja “Gourmet.”

- É claro que foste de “Metro”, depois?

- Oh Doutor, eu gosto de ser pontual e como já se estava a fazer-se tarde, apanhei um táxi, embora estivesse, um pouco, à espera de apanhar um livre, pois havia muitos jovens, como eu, à rasca, também, à espera de Táxi. Quando cheguei à manifestação, acabei por ser entrevistado por um canal de televisão.

- E o que é que disseste?

-Que era licenciado e estava desempregado e que já estava a ficar chateado de andar a pagar as reformas dos outros.

- Mas, se nunca trabalhaste, nunca descontastes para a Segurança Social, como é que andas a pagar as reformas dos outros?

- Pois…pois. É capaz de ter razão.

- Ouve lá. Tu és licenciado em quê? Em Estudos dos Astros, não?

- Oh Doutor, parece que é bruxo. - Não! Foi só um “feeling”. E então, gritaste muito, está claro?

- Não consegui. Estive o tempo todo a receber chamadas e a mandar mensagens para s garinas e para um amigo meu que estava do outro lado da manifestação. Além do mais, para dar o ponto de situação, ainda mandei mensagens para o Facebook e para o Twitter, pelo IPhone e pelo Blackberry.

- Eh pá…mas isso não é demais para quem está à rasca? É que só os aparelhos custam uma pipa de massa.

- Oh Doutor… Não seja cota. Estas são as armas modernas de luta.

-Então saís-te cedo da manifestação e ainda conseguiste ir fazer as comprinhas ao Gourmet?

-Uma merda, Doutor. Naquela luta, junta-se a alegria e fomos directos ao Chiado e acabámos no Bairro Alto. Felizmente uma amiga minha já tinha feito marcação de uma mesa. Se não estávamos tramados.

- Mas espera lá, oh Zé…as tascas no Bairro Alto já fazem marcações de mesas?

- Oh Doutor…chama tasca ao Pap`Açorda?

- Ah, ao menos comeram bem?

- Sim, comemos bem. E não pode ser de outra maneira. A luta é cansativa e é preciso repor energias. Agora aquele tinto, “Carbenet Sauvignon” é que escorregava que era uma maravilha.

- Espera lá, Zé. Não me digas que depois foste conduzir já com um grão na asa? - Não Doutor, tenha calma. Nunca ouviu dizer que a “luta continua”? Fomos até ao Lux. Fomos de Táxi. Quatro em cada táxi, porque é preciso poupar o guito. Porque senão, lá se vai a praia, as esplanadas as idas ao cinema, etc. Logo, adeus miúdas!

- Mas o Lux com a crise que está deve estar um pouco às moscas, não?

- Não senhora. Qual quê? Muita malta à rasca.

- Quando acabaram de curtir a noite, foste directo a casa?

-Oh Doutor…Isso são perguntas que se façam? Tomei, mas é, um Táxi para um Hotel de quatro estrelas, pois não há dinheiro para os de cinco estrelas, nem tão pouco para os de luxo.

- Estou a ver que és um jovem consciente. Como tinhas bebido…

- Nada disso…eu tinha conhecido na manifestação uma camarada de luta e bem…o Doutor sabe como é…

- Não me digas que ainda foram fazer um plenário?

- Oh Doutor, não está a ver bem as coisas. O pior foi de manhã, em que chegámos à conclusão que ela era “bloquista” e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Deve ter ido tomar o pequeno almoço à “Versailles.”

-Ah, então, tomaste o pequeno almoço no Hotel, correcto?

- Claro. Mas pedi o “room - service”, porque estava com uma ressaca dos diabos e não me aguentava das pernas.

- Depois pagaste e…

- A crédito. Nada de más interpretações. Paguei a crédito com o cartão “gold do Barclays”.

-Depois foste directo a casa?

- Sim. Aquela hora já não há trânsito na A5. Já não havia muita malta à rasca.

-Onde é que vocês moram, agora? Em Caxias? Na Parede?

- Francamente, Doutor. Moro na Quinta da Marinha, numa casita que os meus pais se vêem à rasca para pagar. Para a próxima levo-os comigo!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

GOSTAMOS DE GENTE MEDIOCRE…

A percepção de incapacidade do PSD para se assumir como alternativa credível não assenta apenas nas opções dos eleitores. Revela-se, igualmente, na continua quebra de popularidade de Pedro Passos Coelho e no facto de poucos acreditarem que o partido teria um melhor desempenho do que o PS, se fosse investido em funções governamentais. Existe a consciência de que tanto faz PS ou PSD, no governo. Quem na realidade vai pôr o país na ordem é o FMI. A apatia do povo português é de tal ordem que nem perante a situação vigente, se mexe para alterar seja o que for. A confusão de neo-liberais, liberais, sociais e outras coisas mais, dentro do PSD, acaba por entronizar no poder, o político mais medíocre dos últimos 200 anos, no poder…José Sócrates!

A CULPA É DO PEC IV

Boa noite, mãezinha! Viste-me na televisão? Que tal? Estava melhor assim ou assim? O importante era a notícia de que o FMI vinha para Portugal fazer aquilo que já devia ter feito em 2009? Oh mãezinha…também tu? Já não me bastava terem chumbado o PEC IV, coisa que eu nunca percebi, pois já tinham votado o terceiro, o segundo e o PEC I. Foi mesmo por causa disso? Oh, mãezinha… quem aprova três, também, aprova quatro ou cinco. Aliás é o que vai acontecer agora. A malta que ganhava menos de 1.500 euros por mês estava-se a rir, mas agora, também vão levar na corneta. Ah, o IVA? Claro, mãezinha que vai aumentar nesta fase pelo menos para 25%. Quanto às reformas dos pensionistas, esses também vão levar na corneta, claro. Mas o mais engraçado é que não vai haver décimo terceiro mês, para ninguém. Nem para os que trabalham na privada. Vão ter que comprar divida pública. Pois, então. Já são accionistas do BPN, agora, têm de ser accionistas à força do Estado. Na verdade, não gostei nada que me tivessem apanhado à procura da melhor posição, em frente das câmaras de televisão, para falar ao país, pelo qual, eu me sacrifiquei, até ao fim, para evitar o FMI. Agora, é que vão dizer que eu sou mesmo narcisista. Mas, o importante, é que a culpa foi o de terem reprovado o PEC IV. Se não, nada disto tinha acontecido. Eu sei, mãezinha. Aquelas gajas do Partido adoram a minha pose, e foi por isso, que ganhei, outra vez, o partido. Esta coisa da paridade é mesmo porreira, pá. Pronto, pronto. Já sei que não gostas de me ouvir a falar assim. Mas foi um hábito que apanhei lá na universidade. Quando eu lá aparecia, a malta dizia…vieste às aulas? Porreiro, pá. E prontos, ficou. Olha…não digas, a ninguém. Mas ninguém vai, é explicar aos portugueses que nem daqui a trinta anos, o país se endireita. Também já não estamos cá. Até lá, estamos safos. Não é porreiro, mãezinha? Beijinhos. Dentro em breve voltarei a escrever-te. “Vacuae manus temeraria petitio est.” [John of Salisbury, Policraticus 5.10] É audacioso o pedido feito de mãos vazias.

sábado, 2 de abril de 2011

A CULPA, AFINAL, NÃO É DO SÓCRATES

Mãezinha.

Cá estou eu, novamente. Disto é que eu gosto. Até pareço, um daqueles vendedores da banha da cobra. Aqueles que gritam com aquele pregão de “Olhem a banha da cobra! É boa para os calos. Aplica-se no calo, desaparece o dedo e fica o calo”. Lembras-te? Ainda, agora, falei da maldade do PSD ter chumbado o PEC IV. O quê, mãezinha? Eles já tinham dado guarida ao PEC I, PEC II, PEC III e que agora, ou aprovavam e ficavam na minha mão ou chumbavam e ficavam na mesma entalados? É verdade mãezinha. A isto, chama-se política. Sempre fui um habilidoso, ou não fui mãezinha? Até na escola era habilidoso… O quê, mãezinha? Mesmo com os três PECS que o PSD apoiou eu levei o país para um défice de 8,6%? Isso não é bem assim. A culpa é dos contabilistas. Mudaram as regras de contabilização das contas. Então, o défice das empresas como a REFER, A CP, o BPN, o BPP, têm alguma coisa a ver com o orçamento? Mãezinha, não é justo. Eu até falei sobre isto, com o Teixeira, e ele, também, ficou muito chateado. Diz que lhe vai estragar o prestígio que tinha. Eu disse-lhe que isto não era a mesma coisa que dar umas aulitas na universidade. Na prática é mais complicado. Tudo bem, mãezinha. Ele ficou animado. Só ficou de beicinho foi por o ter abandonado na Assembleia. Mas, eu expliquei-lhe que lhe estava a dar importância e que a líderança desta coisa das finanças é dele. O mesmo que dizer que a culpa é dele e não minha. As coisas boas são minhas, as más ou são dos ministros ou são da oposição. Oh, mãezinha! Eu não consegui enganar a malta uma data de anos a dizer que tínhamos chegado a um défice de 6,8% por causa da oposição? Claro que depois fui que reduzi para 2,6%, mas já não fui eu que levei isto para os mais de dez por cento de défice, culminando o ano de 2010 com os 8,6%. Vais ver, mãezinha. Com a minha lábia, a estupidez dos PSD`S, mais a ignorância deste povinho, que ainda vamos empatar esta merda. E depois, mãezinha? Não te preocupes, porque quem colocou o país nesta situação foi o PSD. Se eles não tivessem chumbado o PEC IV, não tínhamos os juros que temos, nem precisávamos, tão cedo do PEC V. Ah, quanto ao PEC VI? Esse já ficava para 2012. Mãezinha, vou precisar muito do teu apoio, até 5 de Junho. Escreve-me mais cartinhas, pois não vou ter possibilidade de ir dormir a casa e vou passar a dormir no sofá, no partido. Qualquer das maneiras, esta brincadeira vai ser a escaldar. Sobre o país e a crise? Não, mãezinha. Não vou ter tempo de falar sobre isso, se quiser ganhar as eleições. Beijinhos, deste tê filho.


PS.- Fica descansada que depois de ganhar as eleições eu chamo o FMI. Depois digo que a culpa foi do PSD que não era necessário. Está bem. Eu não vou cortar muito as reformas. Aumento primeiro o IVA, para 25%.


“Memoria minuitur, nisi eam exerceas.” [Cícero, De Senectute 7] A memória diminui, se não a exercitas.

O País está Falido?



Estamos a chegar à conclusão que o país está falido. Não foi nada que eu já não tivesse dito e escrito, em 2008. Ainda não existia, a tão famosa, crise internacional. Ao longo destes anos fomos ouvindo dizer que o défice agora baixou, depois subiu, e fez-se regabofe, inclusive no parlamento, quando o Senhor Sócrates era um distinto parlamentar. Estão lembrados do caos que era o défice de 6,8%, tinha deixado o governo, o PSD, na altura encomendado a um Senhor, também distinto, que hoje é Vice-presidente do tal Banco que nos está a emprestar a massa para podermos pagar salários? Recordo-me, quando se chegou ao final de 2009, dizia, então, o agora distinto, Primeiro-Ministro que o défice era de 9,3% mas porque “ele” o tinha controlado e feito subir, para ajudar a economia. É um artista, sem dúvida. Ele e os marinheiros de água doce que estão no governo. Hoje, decorridos 3 PECS, afinal, o défice é de 8,6%. Por muito menos do que isto, o Senhor Deputado e seus capangas faziam o alarido que nem os caçadores nas batidas às raposas fazem. Ou seja…a razão, agora apresentada é que os tipos mudaram os critérios. Dá vontade de rir. Então, não foi este mesmo governo, que em relação às autarquias locais, escreveu e disse, que o endividamento das empresas, do universo dos municípios, contava para o endividamento das Câmaras? Quer dizer que os outros levam com a ripa e o governo continuava a “meter” o nosso dinheiro nas empresas públicas que, ao longo de décadas, só dão prejuízo? Poderiam não dar lucro, mas no mínimo o que se exige é que não dêem prejuízo, de modo reiterado, e já com a convicção de obrigatoriedade. E não são gestores que ganham 3.000 euros por mês. Como disse, ainda um dia destes, um notável Secretário de Estado, já reformado, 6.500 euros por mês é razoável. Que dirão as estas asneiradas, os gestores das Entidades Empresarias Municipais, os Presidentes e Vereadores da Câmaras Municipais que, na maioria dos casos, ganham menos que um Director de Departamento de uma Câmara Municipal? O país está falido? De certeza absoluta que não fui eu, nem os restantes dez milhões de portugueses, que pusemos o país na falência. Foram os iminentes políticos, muitos deles quase engenheiros e outros, distintos professores de Economia e Finanças que não conseguiram, durante trinta anos, fazer o que qualquer guarda-livros conseguiria fazer…que a despesa não fosse superior à receita. Nunca ao longo destas décadas se ouviu falar em Superavit. Todos os anos se falou de défice. E alguém com a quarta classe antiga, sabe que somando défices todos os anos, chega-se a um momento que é preciso pagar o dinheiro emprestado. É claro que como não existe plano nenhum para organizar o país para aumentar os seus rendimentos, vai-se chupando o único rendimento ainda disponível que é o de quem trabalha. Empresários e trabalhadores. E se estes não pagarem, por qualquer vicissitude, vão para uma lista negra. Aquela em que está o Estado Português… a lista dos relapsos e maus pagadores, porque tem-se andado a viver à custa do dinheiro dos outros. Declare-se, de uma vez por todas, a insolvência do Estado Português e que alguém tome conta disto…só peço, que se for possível, que seja de uma vez por todas. É que estou farto, também, de emprestar dinheiro a estes incompetentes que não sabem mais que um guarda-livros.

"Magis adducto pomum decerpere ramo, quam decaelata sumere lance, iuvat." [Ovídio, Ex Ponto 3.5.19] É mais agradável colher o fruto do ramo puxado que tirá-lo de um prato cinzelado.