segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

REFLEXÃO DEPOIS DO NATAL

Depois do Natal vem um momento de reflexão. Para este momento de reflexão, escolhi, o porquê de escrever, para um blogue.
Poderia escrever, eventualmente, para um diário, mas esse seria demasiado exclusivo e pessoal. Algumas das preocupações que vão assolando o meu espírito, acabariam por ficar numa folha de papel.
Eu sei que é modesto o número de leitores do meu blogue, pois só 8800 visitas foram efectuadas, em 2010. Ou seja, há uma modesta média de 25 visitas diárias.
Mas, não é isso que me importa…o número dos que o visitam, para ler o que escrevo é que vão ditando a razão de ser do mesmo. Aliado a tudo isso, denota-se a qualidade dos meus leitores, que se dão ao luxo de perderem, alguns minutos do seu dia, para procurar ler o que escrevo. A estes, um abraço, com votos de que no próximo ano, a vida lhes sorria, se possível, mais do que em 2010.
Normalmente, o blogue é carreado por assuntos de política, porque esta não está, de modo nenhum, separada de nós, por mais indiferentes que possamos ser. Esta tem o condão de gerir a nossa vida e condicionar grande parte da nossa felicidade. Principalmente, quando a crise assola o nosso país, as angústias e inseguranças, aumentam.
Mas, também, existem algumas preocupações, da minha parte, em relatar algumas das injustiças pessoais, dos amigos que vivem ao meu redor, que não são mais, do que muitos dos sofrimentos calados, que pululam por aí. Infelizmente, para gozarmos de felicidade, parece que temos que conhecer a infelicidade, pois, de outro modo não reconheceríamos a mesma. Não estou completamente convencido deste postulado.
Continua a ser um teorema, no meu ponto de vista, pois carece de demonstração.
Em 2011, a minha preocupação, continuará a ser sobre a política deste país e, em particular, vou aqui, continuar a desvendar, a correspondência entre a “mãe” e o “mê querido filho”. Até, porque estes, se vão manter em cena, pois as alternativas, ainda não surgiram, nem ninguém as quer assumir.
Se estivéssemos a falar de uma sociedade comercial, diríamos que estariam disponíveis, os administradores da massa falida. Mas para estes, gerir a massa falida é uma profissão, remunerada. No caso da política, não é particularmente agradável, andar a gerir os restos daquilo que os outros andaram a fornicar, durante estes anos e diga-se de passagem que é muito mal paga. Eu sei. Eu sei…que sempre é mais do que o salário mínimo e mais do que ganha a nova geração de licenciados, de Bolonha ou não.
Mas, que é muito ingrato, é.
De um ou outro modo, todos vão criticando o “José Narciso”. Mas o que mais me surpreende são os senhores magistrados. Dizem que "Sócrates tem um trauma com a justiça”. Mas direi eu…quem não tem? Processos que levam anos e anos a verem a luz do dia. E isto, já não é do tempo do Sócrates. Providências cautelares, no Tribunal de Comércio de Lisboa que levam mais de oito meses a ter uma resposta. Tribunais de Família que levam meses para notificar os interessados, num processo de divórcio. Partilhas de bens que levam mais de dez anos a serem resolvidas. Senhores Magistrados qual é a economia de um país que aguenta tal desaforo? Ah, mas depois a questão está sobre os possíveis cortes salariais que o Governo vai fazer. Para os Senhores Magistrados não. Devem ser cidadãos de outra classe qualquer e talvez, não sejam portugueses.
É bom, que se vá sentindo que há limites para tudo, até numa classe de Magistrados que ao reivindicarem o direito a fazer greve, se colocam ao lado da plebe. Se fizessem greve porque viam os seus concidadãos de mãos e pés atados, com problemas na justiça para resolver, penso que isso é que dez milhões de portugueses agradeciam e, agradecia a economia deste país. Os atrasos dos tribunais representam mais de 7% do PIB, caso não saibam.
Diria, aliás, que se é completamente estúpido quando se investe em Portugal, seja em que negócio for. Havendo sempre litígios por resolver, como é que uma empresa pode esperar que uma providência cautelar leve mais de oito meses a ser apreciada pelo Tribunal?
Senhores Magistrados, se acham a situação injusta, comecem por pugnar uma justiça atempada. Se tiverem que fazer greve, façam-na mas atendendo às necessidades do país e não de uma classe que, administrativamente, tem subido na hierarquia, sem se responsabilizar por nada.
Se é assim que se perspectiva o ano de 2011, cá estarei, para modestamente, gritar o que me vai na alma.

“In controversiis, quas in iudiciis moveri contigerit, aequalitatem litigatoribus volumus servari.” [Codex Iustiniani 12.19.12.4] Nas demandas que forem movidas em juízo, queremos que seja observada igualdade entre as partes.

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