sábado, 5 de junho de 2010

Olha o presente, recorda o passado, olha o futuro.

A observação continuada de comportamentos que procuro entender e ter compreensão, mas que me deixam numa posição de não saber bem o que fazer ou que mais dizer, fizeram com que escrevesse este post. Os problemas dos outros são sempre mais fáceis de serem entendidos e as recomendações afloram com rapidez. Mas quando amamos alguém, o aparente sofrimento por ansiedades despropositadas, que não deviam existir, porque na realidade, a vida é sempre feita de incertezas. Só existe razão para a ansiedade quando existem problemas reais que se podem traduzir por factos. Um problema sério de saúde, por exemplo. Toda a ansiedade que não é demonstrável por factos, passa a ter características de doença e é, já, no foro psiquiátrico que ela terá de ser amenizada. Quando uma pessoa anda permanentemente nervosa, aflita, enfim, um pouco “fora do normal”, acaba por colocar toda a gente nervosa, também, e com isso acaba por ter atitudes irritantes, ou passa a vida a fazer coisas para chamar a atenção dos outros.
E foi quando eu disse para mim que deveria ter paciência e entender a situação dela. Entender que ela não passa por um bom momento e que é difícil para ela lidar com tudo isso. Que por causa da sua ansiedade já patológica, ela não consegue colocar a cabeça no lugar, não consegue ver a maneira que está agindo e nada do que ela faz é por mal, mas simplesmente por não conseguir distinguir uma coisa da outra.
E foi justamente aí que me deu o estalo. Quantas vezes julgamos as atitudes de outras pessoas sem realmente saber o que se esconde por trás? Quando alguém passa apressado no trânsito, ou alguém que passou correndo para o autocarro, levando as restantes pessoas de arrasto? Será que essas pessoas realmente são assim ou poderiam estar com algum problema e agiram sem pensar?
É fácil exemplificar isso. Basta pegar um exemplo bem pessoal. Naquele dia em que tudo dá errado, em que o melhor teria sido não sair da cama, quando o mundo parece conspirar contra nós, será que não agimos de forma rude – ou no mínimo um pouco – com as outras pessoas? Ou quando estamos cheios de coisas para fazer, precisando fazer vinte coisas ao mesmo tempo, com pessoas chamando, de tudo quanto é lado, e aparece um engraçadinho e faz uma pergunta idiota – ainda que séria – não a mandamos passear?
Há que se ter um pouco de paciência antes de julgar qualquer acção de uma outra pessoa, principalmente se for uma atitude que essa pessoa não tomaria normalmente. Ao invés de ficarmos com o orgulho ferido, achando, que a tal pessoa não pode nos tratar assim e começar a choramingar ou reclamar, poderíamos tentar entender os motivos que levaram essa pessoa a fazer isso. Nem sempre pode existir um bom motivo, mas podemos tentar descobrir primeiro antes de fazer qualquer julgamento.
Compreender e entender uma pessoa pode fazer toda a diferença em qualquer tipo de relação, principalmente se ela for amorosa ou familiar. Conseguindo entender o que motiva tais atitudes das pessoas nos dá uma outra visão da situação e podemos analisar claramente tudo o que se passa. E assim, podemos evitar mágoas, tristezas e algumas discussões.
Claro que existe uma grande diferença entre falar e fazer. Eu sei bem que não é nada fácil, mas há que se tentar. E com a prática, começa a tornar-se tão automático que, quando vemos, já conseguimos ter mais paciência e menos aborrecimentos.
Todas as pessoas podem sentir ansiedade, principalmente com a vida atribulada actual. A ansiedade acaba tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do grau ou da frequência, pode se tornar patológica e acarretar muitos problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade. Portanto, nem sempre é patológica.
Quantas vezes não observamos as unhas roídas, sendo esta uma característica de ansiedade? Até se consegue arranjar doenças de pele, se não for nas próprias unhas, para não falar de outros sintomas.
Ter ansiedade, ou sofrer desse mal, faz com que a pessoa perca uma boa parte da sua auto-estima, ou seja, ela deixa de fazer certas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. Dessa forma, o termo ansiedade está de certa forma ligado à palavra medo, sendo assim, a pessoa passa a ter medo de errar quando da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar.
A ansiedade em níveis muito altos, ou quando apresentada com a timidez ou depressão, impede que a pessoa desenvolva seu potencial intelectual. O neófito é bloqueado e isso interfere não só na sua educação tradicional, mas na inteligência social. O indivíduo fica sem saber como se portar em ocasiões sociais ou no trabalho, o que pode levar a estagnação na carreira.
Não é fácil, entender-se esta problemática, mas também, sem a própria ajuda de quem vive a ansiedade, alguém poderá ajudar. E os que estão próximos, aqueles que nos amam de verdade, sentem-se impotentes para “ajudar” que determinadas atitudes e comportamentos não sejam tomados, pela pessoa que não tomaria esses comportamentos, normalmente.
A vida são lembranças, a vida é o presente e o futuro logo se verá! Mas o futuro também se constrói, tendo sempre em consideração que a vida é sempre repleta de vicissitudes. E estas são resolvidas ou procuram-se resolver, no momento em que aparecem, e não antes de surgirem, para não vivermos em ansiedade.

“Aspice, respice, prospice.” [Inscrição em relógio solar] Olha o presente, recorda o passado, olha o futuro.

Sem comentários: