segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ENTRE A I REPÚBLICA E OS DIAS DE HOJE



Durante a Primeira República, Portugal conheceu um crescimento económico bastante incipiente, mesmo quando comparado com países como a Espanha, a Irlanda ou a Itália, apresentando igualmente graves problemas em termos de sustentabilidade das finanças públicas, uma realidade não muito distante da actualmente vivida na economia portuguesa.
No que concerne às finanças públicas, pode dizer-se que Portugal se encontrava num nível insustentável  de endividamento, tendo mesmo em 1891 abandonado o sistema de padrão-ouro e declarado uma moratória em relação à dívida externa. Um ano mais tarde, em 1892, seria declarada a Bancarrota (ainda que parcial) do Estado português
A participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial levou a um aumento bastante significativo nos gastos do Estado, que mais do que quadruplicaram desde o início do conflito armado até 1920. Estes gastos do Estado foram financiados através do recurso ao aumento da dívida junto do Banco de Portugal, fazendo crescer, por conseguinte, a dívida pública do Estado português, que só entre 1916 e 1920 cresceu cerca de 76%. As receitas também subiram, mas não o suficiente de forma a evitar os sucessivos e crescentes défices orçamentais que foram também eles financiados através da dívida pública, que em 1920 ultrapassava já os 70% do PIB.
Esta forma de financiar a guerra provocou naturalmente a subida dos níveis de inflação. Ao contrário do que seria de esperar, entrando na década de 1920 numa situação verdadeiramente catastrófica, Portugal começa desde logo a dar sinais de alguma vitalidade no início desta década.
Na maioria do tempo em que a Primeira República vigorou, as finanças públicas portuguesas nunca foram sustentáveis, ou seja, existiram simultaneamente elevados défices orçamentais e uma elevada dívida pública. Já no que diz respeito ao período da Ditadura Militar, compreendido entre 1926 e 1933, as finanças públicas mantiveram-se equilibradas. Durante esse período, Portugal conseguiu manter um saldo orçamental equilibrado, bem  como proceder de forma sustentada a uma diminuição da dívida pública nacional.
Depois do 25 de Abril de 1974, se é certo que a economia portuguesa se democratizou e fez grandes progressos nos últimos anos no contexto do seu processo de integração europeia, permitindo-lhe actualmente fazer parte do grupo restrito de países que formam a zona euro, a verdade é que Portugal enfrenta hoje também grandes desafios no que diz respeito à sustentabilidade das suas finanças públicas, debatendo-se igualmente com graves problemas de crescimento, com consequências ainda imprevisíveis em termos do mercado de trabalho, uma situação não muito diferente da vivida durante a Primeira República portuguesa.
Portugal, teve a sua maior transformação histórica na economia, entre 1945 a 1974, onde o crescimento do PIB foi, em média, de cerca de 6%.
Este crescimento foi ocupado por mudanças estruturais muito importantes. Na agricultura, que ocupava cerca de 40% da população activa em 1945, passa a ocupar 16%. O inverso deu-se na indústria, construção e obras publicas que, de 23%, passam  a quase 40%.
O Comércio exterior passou a representar 40% do PIB, contra 24% em 1945.
Nos finais do regime o desemprego abrange entre 1,8% e 2,4% da população activa. Para se compreender melhor estes números, tem que se ter em conta que o crescimento populacional foi muito grande, tendo passado de 6,7 milhões em 1930, para 10 milhões em 1970.
Deixo-vos, aqui, o apontamento de algumas obras feitas pelo Estado Novo que ainda servem as gerações actuais.

Bairro Social do Arco do Cego,Instituto Superior Técnico,Instituto Nacional de Estatística
Exposição do Mundo Português
Escolas do Plano dos Centenários
Aeroporto de Lisboa
Pousadas de Portugal
Autoestrada da Costa do Estoril
Estádio Nacional
Estádio 28 de Maio
Parque Florestal de Monsanto
Plano Rodoviário Nacional
Grandes aproveitamentos hidroeléctricos
Hospital de Santa Maria
Hospital de São João
Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Cidade Universitária de Coimbra
Cidade Universitária de Lisboa
Metropolitano de Lisboa
Ponte Marechal Carmona
Ponte da Arrábida
Ponte Salazar
Monumento aos Descobrimentos

Creio que vale a pena perder alguns minutos e meditar sobre este assunto. Talvez se façam algumas luzes.
Salazar esteve 40 anos no poder, mas faleceu sem ter herdades, casas em condomínios fechados, nem contas em offshores.

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