sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A DECADÊNCIA DE PORTUGAL – DUZENTOS ANOS DEPOIS

Nos últimos duzentos anos, Portugal, tem sido o palco dos caracteres corrompidos, numa prática de vida de conveniência.
Parece que tudo começou a destrambelhar, desde a primeira “Carta Constitucional”.
Foram anos de lutas e debates, em que o país se foi afundando. Até que a ideia começou a germinar, que seria a República a solução dos males, até então vividos. Assim não foi, porque o país continuou em completa pobreza, ainda, por cima, com a entrada, na fatídica primeira guerra mundial.
Golpe de Estado! Estado Novo. O país começou a desenvolver-se, devagar, em função das suas posses. Ensino primário com a construção de escolas, novos hospitais, como foram o de Santa Maria, em Lisboa e o S. João, no Porto e por aí fora.
Mas, o sistema de governo não era democrático. A democracia sim, essa é que entregaria ao povo a liberdade e o progresso. Não nos podemos esquecer, do desenvolvimento industrial, embora condicionado, que o país beneficiou, nesta época. Um dos exemplos foi o complexo industrial do Barreiro, a CUF e nos anos sessenta a indústria dos países da EFTA.
Porque, hoje, voltei a reler um pequeno texto, de Eça de Queirós, que continua a ter a mesma força, que teve, quando o escreveu, tomo a liberdade de o transcrever, porque, acho, que, tem o mesmo vigor de outrora, em relação a um país que depois de beneficiar de milhões e milhões de euros, continua em decadência acelerada.

“A DECADÊNCIA DE PORTUGAL”

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. (veja-se o Governo, o Parlamento, os Tribunais, etc.). Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. OS serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao caso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce…O comércio definha, a indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.”

Uma Campanha Alegre – Eça de Queirós

“Per multum “cras, cras”, omnis consumitur aetas.” [Binder, Thesaurus 2534] Com muito amanhã, amanhã, perde-se o tempo todo.

2 comentários:

Fernando Andrade. disse...

É sempre um prazer ler os seus textos, Professor. Obrigado
FA

Unknown disse...

Obrigado, Fernando!Espero contribuir alguma coisa. Quanto mais não seja, para se reflectir. Um abraço