quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VEM AÍ O FMI

Mãezinha.
Recebi a tua cartinha que acabei de ler. Sabes que estamos aqui numa de braço de ferro.
Nós fizemos as borradas e o PSD dá-se ao luxo de querer saber onde é que andámos a gastar o dinheiro, para que a divida tenha crescido exponencialmente de 2009 para 2010. Era o que faltava. Os culpados são eles.
Então, agora querem saber que despesa é que vamos diminuir para alcançar o défice de 4,6%? Já viste isto, mãezinha? Passa pela cabeça de alguém? Temos é que diminuir o défice e mais nada. E é isso é que eles não querem. Bem, quererem, querem. Mas querem reduzir a despesa. Não pode ser.
E depois, vêm com aquela cantiga de qual vai ser o futuro. O futuro? Estes gajos não compreendem que o que nós precisamos é de ter um orçamento? O futuro, depois, se vê. Os tempos de hoje, não estão feitos para andarmos a pensar no futuro. É por causa dessas coisas que nós não sabemos o futuro. Se fosse para isso, em vez do Teixeira, tinha mas é um tipo a deitar os búzios e adivinhar o futuro.
Ao longo dos anos que temos vivido assim…sem futuro. Fazemos um orçamento, se a coisa der para o torto, alteramos o orçamento, e no final do ano, depois de todos os desvios apurados, e mais aqueles que vamos encobrindo, com a desorçamentação, fazemos um novo orçamento.
Isto é uma embirração do PSD. Logo agora, que tanto precisávamos de dinheiro emprestado. Se aqueles sacanas não se abstêm, vai ser uma chatice.
Se dá para fazer outro orçamento? Dar, dá, mãezinha. Só que eu quero este orçamento. Mais orçamento, menos orçamento, não vai adiantar nada. Quando chegarmos ao final do ano, se tivermos que acertar as contas, outra vez, aumentamos os impostos, reduzimos os benefícios e pronto.
A energia eléctrica pode continuar a subir. Os transportes a mesma coisa. Os benefícios nos medicamentos podem ser reduzidos. E, já agora, pode-se aumentar as listas de espera para as cirurgias e fechar as escolas, todas, que tenham menos de 30 alunos, já que 21 não chega.
O rendimento mínimo? Oh, mãezinha, com essa malta é que eu não me meto. Se não começava tudo, para aí, à navalhada. Cortar nos benefícios dos militares? Nem penses, mãezinha. Foi por causa duma merda dessas que o Marcelo Caetano se tramou.
Mas, fica descansada que, eu vou nomear para o próximo ano, uma comissão para estudar o futuro. Vamos contratar os melhores videntes, cá da praça, e eles que resolvam esta coisa, já que não temos economistas competentes, nem engenheiros, a sério, que levem a construção deste país para o futuro, de um modo equilibrado, eficiente e económico.
PS: Como vem aí o FMI, vê lá se ainda temos aquele espaço de escritório para arrendar.

Beijinhos!

«Multos expertus sum qui vellent fallere; qui autem falli, neminem.« [S.Agostinho, Confessiones 10.23] Conheci muitos que queriam enganar; que quisesse ser enganado, nenhum.

1 comentário:

Pedro Oliveira disse...

Agora o Sócrates vem dizer que a vinda do FMI não é uma opção, resta-nos achar que com ou sem FMI a porcaria é a mesma e cheira ao mesmo, ou seja, cheira mal. Os modelos económicos e políticos (obnóxios) mantêm-se, continuará a não haver eficiência; a Justiça continuará a ser uma injustiça ineficiente; o estrangeiro continuará a não querer investir em Portugal; os sectores Primário e Secundário continuarão pelas ruas da amargura; esbanjámos e abusámos do País! Já nem de tanga estamos, estamos despidos e magros que nem vacas em pasto seco. E pior que tudo isto: paupérrimos de valores nobres. Fracos de espírito. O FMI apenas nos faria baixar mais drastiamente do que sem essa intervenção - e somente num primeiro momento - a rubrica da Despesa. A médio e longo prazos o cenário seria/será parecido. Estamos condenados ao fracasso, com ou sem FMI, e uma coisa é certa: temos que baixar todos de nível de vida e rapidamente!