quarta-feira, 21 de abril de 2010

O PAÍS HIPOTECADO

Como era de esperar, as últimas contas do FMI, hoje reveladas, não batem certo com as previsões do Governo Português. Aliás, nunca bateram certo, ao longo destes 5 anos. Portanto, também não é de admirar.
O Governo, inscreveu no PEC uma previsão de 0,7% e o FMI vem, agora dizer que revê em baixa esta previsão, para 0,3%. Ou seja, estagnação. Uma vez mais, Portugal vai divergir da zona Euro, pois esta aponta para um crescimento de 1%. Por sua vez, o FMI vem, ainda dizer, que para o próximo ano o crescimento da economia não deverá ultrapassar 0,7%, menos do que está previsto pelo Governo.
Este Governo só acertou uma vez…foi quando “arranjou aqueles números de défice”, no tempo de Santana Lopes. Engraçado, mas quem paga esta brincadeira são os portugueses.
E se não vejamos. Para este ano o desemprego vai agravar-se ainda mais do que estava previsto pelo Governo, cuja previsão, apontava para 9,8% e que o FMI vem dizer que o mesmo será de 11%. Ou seja, superior à taxa média da União Europeia. Claro que se for o Governo a comparar, faz a comparação com Espanha e diz que nós estamos melhores. Eles que digam isso a quem está desempregado, sem objectivos imediatos e com contas para pagar.
E as medidas que são enunciadas no PEC não passam de medidas financeiras. Não há planos para a economia. O que vai fazer este país, para sair deste buraco onde nos meteram?
A concretizar-se esta previsão, a taxa de desemprego será a quinta mais elevada da zona euro, sendo apenas superada pela Espanha, Grécia, Eslováquia e Irlanda. E vamos ver até onde é que isto vai parar.
Depois das reduções em sede de IRS, este Governo, ainda este ano, com estas previsões, vai ter mesmo de aumentar as taxas nominais, pelo menos do IVA. Não há nada a fazer.
Portanto, quando se fala agora tanto na mudança da Constituição, fazendo pontualmente algumas alterações, aqui e acolá, tem de haver a coragem de repensar a mesma no seu todo, começando pelo regime político. Não vai ser mais possível, Portugal sobreviver com este sistema parlamentar, de partidos viciados numa alternância de poder que não conduz a nada. É necessário que passemos a ter um sistema presidencial. Votar num Presidente da República que forme um governo, independentemente dos partidos e dos seus lobbies, ao qual possamos pedir responsabilidades. No actual sistema parlamentar, não há responsáveis. O governo, governa sempre bem e a oposição é sempre um obstáculo, e a culpa morre solteira.
Chega! É preciso dizer basta a este modelo parlamentar, em que o Presidente da República só tem o direito de veto. O resto são recomendações, umas emitidas em privado, outras utilizando os “media” e nada se altera.
E o futuro do país, cada vez mais hipotecado.

“Pecuniae belli civilis sunt nervi.” [Tácito, Historiae 2.84, adaptado] O dinheiro é o nervo da guerra civil.

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