domingo, 18 de janeiro de 2009

MERCADO DOS VOTOS

Grandes alterações se verificaram em Portugal, desde o 25 de Abril de 1974, e uma delas foi a transferência da responsabilidade de governar o país para os partidos.
De norte a sul de Portugal foram abertas secções, concelhias e outras formas de representar os partidos, no território nacional.

Logo, emergiram animados, pela novidade política e pela possibilidade de intervirem na mesma, mulheres e homens que se entregaram a essa mesma luta, de procurar para os seus partidos a vitória e a maior representação nos diversos órgãos do poder.
Já lá vão três décadas e muitos deles, infelizmente, já não se encontram entre nós.
Muito deram, aos partidos, anos das suas vidas, na esperança de que estavam a contribuir para um país novo e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, em geral. A contribuir para a Democracia!

Entretanto, novas gerações foram crescendo, debaixo da alçada dos partidos, vendo nestes, a sua oportunidade de um lugar ao sol.
Foram ficando alguns, resistentes, que hoje são respeitáveis sexagenários, mas que ainda movem as suas influências. Têm aquilo a que se chama de “votos”.
E pensava eu, na minha ingenuidade, que os votos eram pertença de cada um e que não se emprestavam, nem vendiam. Ingenuidade!

Tudo tem um preço na vida, até a morte!

E hoje, pululam os jovens, na esperança de serem candidatos a qualquer coisa, entre os sexagenários que já perderam a esperança de serem candidatos a qualquer coisa ou entre os que têm sido candidatos, e que vêm o fim a aproximar-se e não querem deixar de ser qualquer coisa, como se o poder não fosse efémero.
Infelizmente, assistimos por esse país fora, a uma série de pequenos (as) caciques, que sempre que tiveram a oportunidade de fazer obra, não a fizeram, porque perdem o seu tempo a controlar os “votos”, de telemóvel em punho.

São os Antónios, as Marias, as Helenas, as Josefinas e os Ismaeis desses partidos, neste país por aí fora.
Num grupo de correligionários, diz um para o outro: eu tenho 3.200 votos! Já transmiti este poder que tenho, aquém de direito, isto é, ao candidato, cabeça de lista. Coitados daqueles que só têm 250 votos e que na maioria das vezes são os mesmos votos para uma fileira de possíveis interessados em mostrar a sua mais-valia, junto dos outros correligionários.

A verdade é que os jovens, que se pretendem lançar na aventura da política, ficam de tal modo presos a estas ilusões, que vão hesitando, hesitando, até que um dia perdem a oportunidade. Não podem ficar à espera que o tempo resolva as coisas, porque o “património votos”, logo será apropriado por um qualquer legatário.
Tem que se ir à luta e quem tem medo, de ir à luta, não tem perfil para ser candidato a coisa nenhuma!
"Prospera sors volucri praecipienda manu." [Pereira 108] A sorte favorável deve ser apanhada com mão rápida

1 comentário:

Anónimo disse...

E não esquecer que estamos na época dos saldos!!! "Ólho voto a bom preço, é comprar para mais tarde cobrar". Vamos é distribuir os votos pelo nosso agregado familiar. Cá em casa somos quatro eleitores e já decidimos votar em quatro partidos diferentes que serão sorteados no dia anterior à votação. Assim se vê a credibilidade da nossa DEMOCRACIA