segunda-feira, 18 de julho de 2011

DEPOIS DESTA DEMOCRACIA, VAMOS TER UM REGIME FEUDAL





Ainda agora começou, e já estou a ficar cansado, das medidas de folclore que este governo tem vindo a debitar, diariamente.
Começou com a fantochada de dar o exemplo da mudança de bilhetes de avião, para Bruxelas. A última foi o não usar gravata no Ministério da Agricultura, para poupar no ar condicionado.
Mas, antes de tudo isto, foi a poupança em dois ou três ministros, na formação do governo. Mas depois, nomearam-se uma carrada de cavalheiros para vigiar os ministros, como se fossem miúdos na escola, onde o contínuo, perdão, o “técnico auxiliar de acção educativa”, está a controlar as asneiras dos putos.
Só se tem falado de emagrecer o estado. Isto, mais parece um médico nutricionista que diz o que se deve comer, e que faz bem, e o que não se deve comer, porque faz mal.
Até que é dada uma decisão, daquelas que não perdoam…temos de emagrecer? Então,” vamos fechar a boca”. Foi o que aconteceu com o 13.º mês, vulgo subsídio de Natal. Sinceramente, para tomar medidas destas, um tipo não precisa de ninguém especializado em nutrição. Como não tem dinheiro, não come. Está resolvido!
Ainda não percebi, é quando é que são alterados os contratos das parcerias, público -Privadas, em que o estado assumiu todo o risco nos negócios? Essas começaram com a “grande” negociação da “Lusopontes”, no tempo de Cavaco Silva e passaram, todos os governos, até ao momento.
É que a figura da “alteração das circunstâncias” parece que só funciona para o Zé pagode. Quantos milhares de milhões, o estado não emagrecia, revendo rapidamente estes contratos?
É que me chateia, solenemente, andar sem comer, obrigado a emagrecer o estado e continuar a ver as grandes gorduras, alojadas nas barrigas do sistema.
Depois, ainda não satisfeitos com esta brincadeira, ainda se estão a preparar para vender o “lombo” das empresas detidas pelo estado, só para se encaixar dinheiro. Resolve-se o problema de imediato, mas continua o problema para o futuro. Vejam-se, as centenas de empresas vendidas, ao longo destes anos…qual foi o resultado? Mais dinheiro para gastar de forma descontrolada. Mas, agora vai ser diferente, com as poupanças no ar condicionado, nos bilhetes de avião e nas palermices que este governo continua a debitar todos os dias, pela boca fora, que ainda fazem eco, nalguns jornalistas, de independência duvidosa, a “mudança do país” vai permitir que este continue à deriva.
Qualquer dia, de tanto se “privatizar”, para resolver os problemas do país, para se continuar a engrossar as vantagens que a Alemanha e outros fiadores dos empréstimos, têm, ainda voltaremos ao sistema feudal. As estradas e caminhos de Portugal serão privatizados e sempre que alguém quiser, atravessar o território terá de pagar
“portagem”.
Porque vassalagem já nós prestamos! Até agora, as únicas medidas que vi tomar, não foram para emagrecer o estado. Foram para pagar, a sua
“gula”.
Quem vai emagrecer é o povo português e todos os outros “Pigs” da Europa. Para estes só lhes vai restar, no futuro, comer farelo.
Já estou, como disse uma advogado, grego, quando foi entrevistado, num programa de televisão:
-“Tanto se me faz estar no Euro ou fora dele. Não vejo vantagem em estar no Euro.”
Uma vez mais, tiro o chapéu aos ingleses. São europeus, receberam subsídios, porque são europeus, mas mandaram o euro dar uma volta pela Europa.
Nós andámos a trocar a nossa economia produtiva, por dinheiro fácil.
É o que dá não trabalhar! E o resultado está à vista.

“Luat in corpore qui non habet in aere.” [Maloux 401] Pague com o corpo quem não tem em dinheiro.

2 comentários:

João Viegas disse...

Caro Professor, não resisto a comentar este seu deveras interessante texto.
1- A Ostentação versus demagogia – de facto os aviões ou a redução do número de ministros, destes andarem de metro ou de mota, ou melhor ainda de bicicleta, as faltas de fraldas, ar condicionado e outras que demais “despiciendas” necessidades básicas de sectores da sociedade portuguesa cuja dignidade e função não merecia que funcionassem como pedintes arrumadores de carro nas avenidas nova.
Já na idade média e posteriormente sistematizado pelo “Príncipe” de Maquiavel, cuja força e significado pejorativo do adjectivo é uma das maiores injustiças da História das Ideias Políticas, já nessa altura se sabia que o simbolismo de uma decisão de governo era importante, e os nossos el reis lá distribuíam o bodo aos pobres e retiravam poder formal aos senhores instaladas nas cortes. Neste aspecto, ao contrário dos dias de hoje, os governos não têm uma Igreja como a de então, que bem abençoava e legitimava ontologicamente, como fado absoluto, as necessárias decisões.
Apenas reflicto positivamente neste aspecto. Qual o valor do simbolismo? Não teremos nós que considerar que muito do que era dito como tradição, e que no fundo é um sólido e importante alicerce moral para a coesão e paz social (o ópio do povo!?), está também na origem desta crise mundial?
(continua)

João Viegas disse...

Caro Professor, não resisto a comentar este seu deveras interessante texto.
1- A Ostentação versus demagogia – de facto os aviões ou a redução do número de ministros, destes andarem de metro ou de mota, ou melhor ainda de bicicleta, as faltas de fraldas, ar condicionado e outras que demais “despiciendas” necessidades básicas de sectores da sociedade portuguesa cuja dignidade e função não merecia que funcionassem como pedintes arrumadores de carro nas avenidas nova.
Já na idade média e posteriormente sistematizado pelo “Príncipe” de Maquiavel, cuja força e significado pejorativo do adjectivo é uma das maiores injustiças da História das Ideias Políticas, já nessa altura se sabia que o simbolismo de uma decisão de governo era importante, e os nossos el reis lá distribuíam o bodo aos pobres e retiravam poder formal aos senhores instaladas nas cortes. Neste aspecto, ao contrário dos dias de hoje, os governos não têm uma Igreja como a de então, que bem abençoava e legitimava ontologicamente, como fado absoluto, as necessárias decisões.
Apenas reflicto positivamente neste aspecto. Qual o valor do simbolismo? Não teremos nós que considerar que muito do que era dito como tradição, e que no fundo é um sólido e importante alicerce moral para a coesão e paz social (o ópio do povo!?), está também na origem desta crise mundial?

2- A velha questão entre o técnico e o político. Aqui caro professor penso que teremos de empreender uma profunda reflexão e reformulação dos velhos clichés e “moores”, com o objectivo de perceber esta dialéctica em tensão permanente entre técnico e o político. No entanto deixo-lhe a minha reflexões, a primazia do político sobre o técnico é fundante do todo o sistema de Estado e defende a essência duma possível democracia (porque mais formal que substancial) mas que todavia parece constituir-se o garante dos valores do que é o Homem e o seu viver em sociedade, e acima de todo a defesa do mais importante valor ético: a vida humana e a sua dignidade (acrescentando aqui a título pessoal “a igualdade de oportunidades – mas isso seria outro debate).
3- Estado e Privatização – Caro Professor nesta área como saberá aceito a iniciativa privada e compreendo-a como um factor determinante para o desenvolvimento tecnológico, científico e para a criação de riqueza e gestão de recursos com vista a melhorar a vida em sociedade. O que não aceito porém, é a privatização de: 1) Áreas afectas à soberania (militares e afins); 2) Recursos naturais como a água; 3) Qualquer empresa pública que seja um monopólio. Para se privatizar a EDP e a REN exige-se que se crie concorrência e não um oligopólio.
4- A falta de dinheiro, Portugal, a europa e o mundo. È nesta sua reflexão algo que confirma uma convicção que me incomoda talvez por motivos preconceituosos, é a de que o Partido Comunista tem razão quando diz que é imperioso reconstruir com pujança todo um aparelho produtivo português (pescas, agricultura, estaleiros navais, cortiça, azeite, vinho,…)

Por aqui me fico
Um abraço
João Viegas