quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

PARA ONDE CAMINHAMOS?

Perante o Decreto-lei n.º8/2012, de 18 de Janeiro, pergunto-me, para onde é que caminhamos?
No n.º1, do art.º12.º, diz: “ Os gestores públicos são escolhidos de entre pessoas com comprovada idoneidade, mérito profissional, competências e experiência de gestão, bem como sentido de interesse público e habilitadas, no mínimo, com o grau académico de licenciatura.”
Se o intróito, já de si, tem muito que se lhe diga, a parte final, diz-me que a redacção deste Decreto, deve ter sido feita, por algum licenciado de Bolonha, com mestrado integrado. Isto é, 3 anos de treta e mais um ano de Google, para construir uma tese.
Tenham paciência…isto é perfeitamente aniquilador, de muita gente, com qualidade e mérito, de ocupar um lugar de gestor público.
Durante quinze anos, o meu Director geral Adjunto, a quem eu reportei, tinha o 7 ano dos liceus e a frequência do primeiro ano de engenharia civil. Foi gestor de uma empresa que foi líder em Portugal, no seu ramo de actividade, cujos lucros, ultrapassavam um milhão e meio de contos. Não é de euros!
Com esta lei, este homem, que muito prezo, e com quem muito aprendi, nunca teria sido gestor de uma empresa pública. Ridículo, no mínimo! Porque, infelizmente, tenho funcionários, sob a minha responsabilidade, que não sabem, com um mestrado, fazer uma regra três simples. E quando coloquei o problema, a resposta que obtive é que “essa matéria não era dada na universidade”(SIC).
Também como professor universitário, tenho bem experiência, da massa cinzenta que já me passou pelas mãos…
Mas, se o país tem sido governado, sempre, por licenciados, e as grandes empresas que reportam todos os anos milhões de prejuízo, são geridas por licenciados, daqui posso deduzir, que não é condição “sine qua non”, ser-se licenciado para que as mesmas dêem lucro…Correcto?
O que na realidade se tem passado, quer a nível do governo quer das grandes empresas, sendo os ministros, secretários e gestores, licenciados, levaram o país à bancarrota.
Pedia-se, um pouco mais de experiência, de sensatez e de cuidado, ao alterar-se uma lei, desta natureza. Um pouco mais de experiência de vida e menos de cultura académica, tirada à custa do telemóvel e do Google, em três anos ou, eventualmente, qualquer diploma comprado, nalguma universidade, das que alguns de nós conhecemos. Este país está completamente pervertido.
Aliás, se alguém tiver a 4.ª classe, chamada, agora, de 4.º ano do primeiro ciclo, pode ser candidato a Presidente da República ou candidato a Presidente de uma Câmara Municipal ou, no mínimo, Presidente de uma Junta. Já não se fala de ser candidato a deputado, porque aí, ninguém vai aferir da idoneidade, do mérito profissional, das suas competências, para o lugar e, muito menos, se é licenciado, no mínimo.
Esta do “mínimo”, dá-me vontade de rir, porque deve ter sido um idiota que escreveu isto…e então, os que em tempos idos foram diplomados com um Bacharelato que também tinha três anos?
E se falarmos de um licenciado em direito, dos antigos, que andavam cinco anos numa faculdade e depois, se queriam ser advogados, tinham mais dois anos de estágio, sujeitos a exames e que podiam reprovar, aliás, como reprovam, mais de sessenta por cento dos candidatos, o que demonstra que os licenciados em direito, não estão aptos, a serem advogados…mas, podem ser gestores públicos, porque no mínimo, são licenciados. Mas, em que pais é que estamos a viver? No mínimo, os licenciados com mais de cinco anos deveriam ter direito ao grau de “mestre”. Os médicos com seis anos de formação universitária? Tantas questões que se poderiam colocar aqui mas, para os idiotas que fizeram esta lei, mais do que isto, também não vale a pena…é a merda de governantes que temos…licenciados!
Então, do que é feito das pessoas que tem 30 anos de trabalho, muitos deles, com responsabilidades de gestão? No meu entendimento, podem haver vários níveis de gestão…mas, a lei não diz. Fala de gestão…Neste caso pode ser uma dona de casa, licenciada, porque tem experiência de gestão? Deitam-se fora as pessoas com experiência e conhecimento?
No mínimo, já que se fez a borrada das novas oportunidades e se me é permito, que sem habilitações nenhumas, se possa com 23 anos de idade, entrar numa universidade e ao fim de três anos ser-se licenciado, dar uma “oportunidade” aos gestores e outros profissionais com larga experiência de vida, que pudessem possuir no mínimo uma equiparação…
Mas, de todo, sou contra a questão de se ter ou não licenciatura. Os padrões para aferir a capacidade de se ser gestor deveriam ser outros…Como não me pagam para dizer quais, não digo!
Então, podem-se gerir milhões de milhões, com a 4.ª classe e não se pode ser gestor de uma empresa pública, se não existir, no mínimo, uma licenciatura?
Não há dúvida que estamos a ser governados pelos “putos” da jota que andaram a licenciar-se, sabe Deus como, e que, actualmente, dentro do partido, dizem a tudo que sim, porque almejam um lugar ao sol, mas sem ter que trabalhar.
Para onde caminhamos?

1 comentário:

tempus fugit à pressa disse...

E se falarmos de um licenciado em direito, dos antigos, que andavam cinco anos (6 a 10 ou 12 anos) numa faculdade e depois, se queriam ser advogados, tinham mais dois anos de estágio, sujeitos a exames e que podiam reprovar,(se eram dos antigos reprovavam poucos de resto até tenho aqui um imbecil com carências de todo o tipo que chegou a procurador-adjunto e nem foi dos que fez o propedêutico nem daqueles que sairam com passagem administrative algures em 74/75) aliás, como reprovam, mais de sessenta por cento por exigências da clique corporativa..

tinha sido mais fácil como na ordem dos médicos restringir os números clausus

só que depois os lugares de prof. de direito iam à vida...e são tantos e há cada um...

e alguns têm filhos e netos na profissão...

e há cada filho e filha e neto...que parece que a passagem é mais hereditária que ambiental

Para onde caminhamos?

Para a tentativa de mudança...

já devia ter começado em 2004 ou em 1974 mas foram só ameaças de mudança

a primeira pôs a corporação militar na mó de baixo

a segunda pôs a corporação dos profes até ao secundário

a terceira...a ver vamos

pode ser que caminhemos direito por linhas tortas

é preferível a caminharmos torto pelas linhas do direito...