sábado, 1 de outubro de 2011

O POVO PORTUGUÊS NÃO TEM CULPA

O mesmo povo que aparecia nas manifestações de apoio, a António Salazar, e mais tarde a Marcelo Caetano, foi o mesmo que apoiou o movimento sindical dos “capitães de Abril”.
O mesmo povo que, de modo reiterado, tem vindo a votar na “democracia” é o mesmo povo, do antes do 25 de Abril de 1974. O mesmo que tem vindo a votar, contra mais de 40% do outro povo, que se abstém de votar, nesta charada chamada de democracia.
Dizem que a vontade do povo é “soberana”. Não posso acreditar que um povo, por mais estúpido que fosse, fizesse gosto em ser masoquista. Povo que sabe que a única alternativa que lhe resta é a alternância entre dois partidos que levaram Portugal, à falência. Que insiste em manter o regime político actual, porque sabe que de outro modo teria dificuldade em ser poder. Em distribuir benesses à “malta” que fervorosamente apoia o partido.
Antes do 25 de Abril, como nem todos cabiam na União Nacional, os que pretendiam beneficiar do sistema, inscreviam-se como informadores da PIDE. Com a democracia, as bases alargaram-se, com múltiplas ofertas, desde as Juntas de Freguesia, aos Clubes Recreativos, subsidiados pelo dinheiro do Estado.
E como não tivemos pejo em trocar o nosso tecido produtivo por dinheiro fácil, da União Europeia, para grandes obras do regime, não hesitámos em fazê-lo, até porque, também isso seria vantajoso ao enriquecimento fácil e rápido. Uma das melhorias da democracia. Foram obras e obras, que culminaram com as parcerias público privadas, completamente pervertidas que permitiram aos nossos “camaradas” e “companheiros” a compra desenfreada de acções em Bancos privados, constituídos pelos “companheiros”, que rapidamente se valorizaram, permitindo mais-valias para eles, que uns anos depois, tem de ser, uma vez mais, o povo português a pagar. A democracia permitiu um rápido desenvolvimento de regiões que, hoje, se reduzem a uma pequena coisinha de mais de seis mil milhões de euros de divida, a somar à divida escabrosa que o “Continente” já tinha, e que representa mais de 8,3% de défice, só no primeiro semestre de 2011.
Hoje, sensibiliza-se o povo, sacaneado, a fazer um esforço para pagar esta brutalidade de dívidas, que permitiu, a uma catrefada de “Companheiros” e “camaradas”, a compra da segunda e terceira habitação, depósitos a prazo de milhares de euros e pasme-se, tudo isto, com pensões de reforma de 800 euros.
Com tudo isto, o povo é isento de culpas, porque não tinha alternativa e esqueceu-se que podia, e pode, exigir a mudança radical deste regime político corrupto, falido, dirigido por interesseiros ou incompetentes, que procuraram todas as oportunidades, que este regime lhes facilitou, para um enriquecimento rápido, muitas das vezes legitimo, porque bastariam cinco anos a trabalhar no Banco de Portugal ou de ano e meio na CGD para se terem pensões de reforma milionárias. Já não falo dos nossos sacrificados, deputados ou Juízes do Tribunal Constitucional, que aos 42 anos de idade se reformaram por cansaço e que com grande sacrifício se mantém a “trabalhar” em prol da democracia.
E as Instituições que fazem parte, deste regime político, funcionam todas bem. As que têm como missão fiscalizar, fiscalizam o trabalhador por conta de outrem, aquele a quem é pedido, agora, para ajudar a pagar as casas compradas na Expo e no Algarve, a permitir que o actual sistema, remunere, as contas a prazo, a seis por cento, ao ano, das forçadas poupanças que esta malta fez, ao longo da democracia. De tal modo que permitiram que as “hortenses” pudessem florescer, na Madeira, de tal modo que os “cubanos” só têm, mais seis mil milhões, a somar à divida que os “camaradas”, deixaram, nestes últimos quinze anos, dos trinta e sete, do regime político, vigente. E no dia nove de Outubro, como o povo é “soberano”, e sabe o que quer, vai às urnas, exercer a sua “vontade”, mais uma vez. Viva a democracia! Viva o regime político instituído no dia 25 de Abril…que além das “hortenses”, é um regime repleto de “cravos”. Melhor dito, de cravas deste povo apático, mas “soberano” e representado na Assembleia da República, lugar “sagrado” do regime, onde se “exercesse” a democracia.
E quando o povo se sentir injustiçado, pelas arbitrariedades do “Estado”, no qual delegou a administração da “rés” pública, pode sempre recorrer aos Tribunais, que aplicam a “justiça”, depois de uma investigação “isenta”, onde as escutas indiscriminadas se fazem a toda a gente, nem que se tenham de utilizar as “secretas”. Sistema de justiça que procura “troféus” de caça jurídica, para justificar a sua ineficácia. Para nos dizer que é eficaz…mesmo que os processos levem anos e anos, nos tribunais, que se atirem estigmas para cima, seja de quem for, mas que não consegue levar à barra dos tribunais, os responsáveis pelo assalto à mão desarmada de Bancos, donde se desviaram milhões e milhões de euros, que o povo português tem, agora, que pagar.
O país está falido…mas não é só em termos económicos e financeiros. Está falido no seu todo…não há, com honrosas excepções, instituições que não estejam, no mínimo, falidas em ética moral, política e competência.
E,O POVO, PORTUGUÊS, NÃO TEM CULPA!

Sem comentários: