sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O “GANG” DO MULTIBANCO CONTINUA ACTIVO


Se é da geração dos anos cinquenta e inicio dos anos sessenta, e teve o azar de nascer, em Portugal, teve uma vida complicada e não sabe como vai acabar a mesma. Se é macho, viveu a sua adolescência com o terror de ter, eventualmente, de ir para África, para uma guerra colonial, que todos sabíamos, que acabaria mal. E acabou, com uma descolonização que é a vergonha das vergonhas e que resultou em milhares de portugueses a regressar, a um país, que ainda, hoje, sofre as consequências, dessa descolonização. Milhares de pessoas que nunca contribuíram para o sistema da segurança social, no “puto”, que, ainda hoje, beneficiam da solidariedade de todos os portugueses, menos, dos vinte e cinco por cento de portugueses que vivem da economia subterrânea.
Mas, antes disso, se teve a oportunidade de ir estudar, sabia que tinha um exame da quarta classe, onde tinha de saber os rios de Portugal e das Províncias Ultramarinas e seus afluentes, as serras, os caminhos-de-ferro e aprendia a fazer a prova dos noves e uma regra três simples.
Nos dias de hoje, não se sabe, porra nenhuma, e quando se pede para fazer uma regra três simples, sempre se pode dizer, que essa matéria não foi dada na universidade.
Os que fizeram o Liceu foram traumatizados… com o exame do segundo ano e, depois, com o exame do quinto ano. No quinto ano, sempre poderia tentar fazê-lo em dois anos…primeiro a secção de letras e depois as ciências. Sim, porque não era para todos fazê-lo de uma vez só…a não ser que tivesse havido a possibilidade de um dinheirito extra para pagar aos explicadores.
E de todos aqueles que começaram a trabalhar, logo a seguir à quarta classe, com onze ou doze anos de idade, tiveram que dar ao pedal, para hoje, ou ainda estarem a trabalhar, porque não atingiram a idade da reforma, embora tenham 40 anos de desconto para a segurança social, ou então, estão na reforma com as penalizações da actualidade.
Ah, mas os que tiveram a oportunidade de estudar até ao quinto ano dos liceus, e se eram meninos, foram para o serviço militar e foram bater com os costados na guerra colonial. As
meninas, essas tinham o privilégio de começar a trabalhar mais cedo ou de casar mais cedo, e hoje, estão também, na corda bamba. Porque tem mais de trinta anos de trabalho e descontos, para um sistema de segurança social, que estes gajos, que estiveram nos governos, estes trinta
e sete anos, destruíram, com aquela coisa de ser tudo universal e tendencialmente gratuito.
Mas houve, os que tiveram a oportunidade de continuar a estudar, completar o curso dos Liceus,
eventualmente, realizar o exame de aptidão e depois, andar cinco anos, se não fosse mais, numa Universidade, com a possibilidade de ir para o Porto, Coimbra ou Lisboa. Sim, porque essa coisa de Politécnicos em Torres Novas ou na Baixa da Banheira, era impensável, porque o Estado, tinha a consciência que não tinha dinheiro para esses luxos, universais e tendencialmente gratuitos. Muitos desses jovens, de então, já realizaram os seus cursos, a trabalhar. E não iam
de carro para a Universidade…iam a pé!
Claro que começaram a trabalhar mais tarde, mas não significa que não tenham, hoje, mais de trinta anos de descontos para a Segurança Social e não estejam a ver o seu “contrato”, a ser alvo da alteração das circunstancias, a cada ano que passa. Começou com o Santo Cavaco, de 36 anos de descontos, para 40 anos, e actualmente, para os quase 67 anos de idade. Tudo bem…ainda poderia ser…se houvesse trabalho para oferecer a toda essa gente. Em contrapartida, estes governantes da treta, que tem andado a engordar as suas contas pessoais, e que hoje, alguns deles, têm três reformas, outros, estão em Cabo Verde a apanhar banhos de sol ou são presidentes de conselhos de administração de empresas, que beneficiaram, enquanto ministros
e secretários de estado, nunca foram chamados para responder pelos seus actos.
Uma completa vilanagem, que hoje, culminou com o roubo de salários, a quem espera esse dinheiro para fazer face à sua vida.
Significa que são roubados no seu salário e que ainda são penalizados, porque esse dinheiro não é contabilizado para a sua reforma. E, ainda, é esta geração, que sustenta a geração à rasca. A geração que teve a oportunidade de andar em Politécnicos e Universidades, e que hoje, continua a ter uma vida, tendencialmente gratuita, à custa desta fantochada, que é o ensino, em Portugal, onde só, em engenharia, existem mais de 132 cursos.
Um país, com dez milhões de infelizes, com uma economia destruída no seu tecido produtivo, porque, se trocou a agricultura, pescas e industria, por kilometros de alcatrão. Os mesmos
gajos que nos andaram a vender o alcatrão, são os que nos emprestam, agora, o dinheiro e nos cobram juros, para pagar esse alcatrão que nos venderam.
Temos vivido rodeado de incompetentes, chulos e vigaristas, que nos andaram a governar, estes trinta e sete anos, que vão colocar, milhares de portugueses, sem reforma e sem emprego, depois, de andarem a pagar e a trabalhar, uma vida inteira. Se esta situaçãonão merece um tiro de canhão, não sei o que será preciso…
Ainda, há um primeiro -ministro, que com ar de intelectual, de meia tigela, vem dizer na televisão, que um orçamento não é um mero exercicio de contabilidade…com tantos ilustres iluminados, ao longo destes anos, nos governos, e colocaram o país na miséria? Parece-me, que
não chegaram a aprender, a fazer uma regra três simples.
Muito menos compreendem que zero sobre zero dá o melhor resultado para uma boa gestão…é que deixa de haver alguma coisa para gerir. Para lá, caminha Portugal!
Mudam os figurantes, mas o“gang” do multibanco continua activo.

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