segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O CONGRESSO DO PS VISTO PELO ZÉ

Mãezinha!
Que saudades que tenho de te escrever estas cartas. Não penses que pelo facto de estar a “estudar”, que não vou encontrar tempo para te escrever.
Estes primeiros tempos de habituação, aqui, na Universidade, não me deram muita folga para estar a escrever-te. Embora, esteja a escrever as memórias de seis anos de governação.
O quê? Estás a pensar que eu vou falar das borradas que andei a fazer? Não, mãezinha. Vou só falar das coisas boas e dizer mal da oposição. Então, não quiseram o PEC IV e, agora, ainda estão a fazer pior que eu? Não, mãezinha, isto não vai ficar assim. Aliás, estive este fim -de -semana a ver na Sic Internacional, o Congresso do meu partido e não há dúvida nenhuma, que o Seguro, não tem o mesmo jeito de inflamar a plateia que eu tenho. Quando ele chegou ao final e tentou imitar-me, fazendo uma série de perguntas, para que a assistência fizesse um coro de aprovação, só eu é que consegui essas aclamações. É preciso muitos anos a virar frangos, para pôr uma assembleia ao rubro. E aí, não há pai para mim. Por outro lado, o Seguro não poderia esperar que a “malta” que lá esteve, que me apoiou no último Congresso, antes das eleições, fosse, agora, fazer o mesmo com ele. Que batam umas palmas, tudo bem. Mas, nunca aquele Congresso poderia ser o mesmo de um líder “espiritual”, como eu.
Não sou um líder espiritual? Oh, mãezinha…ai sou, sou. Tu ouviste por acaso alguém dizer mal dos seis anos em que fui primeiro-ministro? Da carrada de erros que cometemos? Da arrogância que eu tinha? Da atitude narcisista que eu sempre cultivei? Claro que não. E para que isso aconteça, só por força do meu espírito, que ficou profundamente marcado, nos meus camaradas. Agora, e depois de termos assinado o documento da Troika, e como o Pedro está a fazer mais do que isso, é fácil ao meu querido partido opor-se e tentar fazer com que esta corrida de fundo, seja mais curta.
Depois de terminar o curso, e já consegui que me dessem algumas equivalências, aqui na Sorbonne, voltarei como um filosofo, a meter-me na política. Se me deram equivalências? Claro, mãezinha. Tive, foi de fazer um teste de francês técnico. Fui lá entregá-lo, a semana passada. Desta vez, ninguém me vai apanhar com testes a serem enviados por fax.
Sobre o Congresso, até achei piada, aquela de virar à esquerda. A mãozinha a substituir a rosa, o que mostra mais dureza na política, e a cor rosa a passar a vermelho. Quase o vermelho “Ferrari” que pode transmitir aquela ideia de agressividade que é necessária na esquerda. Sim, também não é preciso falar como o Louçã. Assim com falinhas mansas, ao estilo do Tó Zé, está melhor. Por um lado, dizemos aos papalvos que vamos para a esquerda, por outro, até somos uns gajos porreiros e afáveis. Aquela de andar a ver os bastidores das televisões, foi óptimo. Porque deu-lhe um tempo de antena, fora de série.
Mãezinha…isto promete. O Pedro, agora, leva isto até ao fundo e depois, de já não haver défice e o país estar em termos económicos, moribundo, nós voltaremos ao poder e, espero lá estar, já com o curso concluído.
Esses tipos do Pedro e do Paulo, andaram a dizer que faziam e aconteciam, que não queriam resolver os problemas pela via dos impostos, agora, tramaram o povinho, com aumentos brutais de impostos e ainda falta a Madeira.
Ainda bem, que eu, agora, só estou virado para a filosofia. Ao fim e ao cabo, nestes últimos anos foi o que mais fiz. Andar a filosofar, pensando na dicotomia do que era real e a utopia. E não há dúvida, mãezinha…como dizia o nosso querido Gedeão, no seu célebre poema:
“Sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança”. Já viste, mãezinha o que isto tem avançado? Se não fosse assim, a sonhar, Portugal, nunca teria chegado onde chegou.
Beijinhos, e logo, que eu possa, voltarei para junto de ti.

PS: Vai abrindo as janelas do apartamento, para que não fique a cheirar a mofo.

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