quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

FAZEDORES DE OPINIÃO

Há necessidade de se irem encontrando bodes expiatórios, pelos múltiplos levantamentos de suspeições, de que o Ministério Público é useiro e vezeiro.
Depois de ter lido o artigo de opinião, de Rafael Barbosa, “Autarcas Suspeitos”, não posso deixar de perguntar, o que jaz sob artigos desta natureza?
Ao longo destes anos, fomos assistindo ao mediatismo do MP, no caso da “compostagem” na Covilhã, no caso “Portucale”, no caso “Operação Furacão”, no caso dos “Submarinos”, no caso “BPN”, no caso “BPP”, no caso "FreePort," no caso "Independente" e por último, no caso “Face Oculta”.
Decorridos mais de dez anos, sobre o primeiro caso, o que se sabe? Vai a julgamento. Quanto aos outros casos? Nada se sabe. Comissões de inquérito da Assembleia da República que acabam por reforçar o mediatismo do Ministério Público, sobrepondo-se nalguns casos, e depois de muita tinta nos jornais e muita conversa de televisão. Mesas redondas, mesas quadradas. Enfim. Um nunca mais acabar de opiniões, em que a maioria delas são opiniões de quem nada sabe, mas acha-se no direito de opinar. E esta opinião de Rafael Barbosa, não é mais, do que um opinar, de quem podia meter a opinião no saco. Francamente não percebo, como é que com gente de tanta categoria a dar opiniões, este país ainda está na fossa?
Diz o autor do artigo de opinião que: “Tal como no caso de limitação de mandatos, é provável que a proposta seja aprovada. Porque ninguém quer correr o risco de voltar a conviver com Isaltinos e Fátimas”.
Na senda desta opinião, direi eu, ninguém deve querer correr o risco de voltar a conviver com Administradores de Bancos, Ministros, Secretários de Estado, Empregados Bancários, Sucateiros e fazedores de opinião, já agora.
Embora tente, respeitar a opinião, acho que é um pouco de “pedantismo” e “sobressairia”, quando se afirma que os eleitores, “devem ser afastados de cair na tentação de eleger condenados com obra feita.”
Porque é que não devem ser afastados de votar, já agora, em quem permanentemente anda envolvido em suspeições, de casos que vão levar sete ou oito anos em suspeição e de cujos resultados se espera, sempre, uma mão cheia de nada?
Só se tenta “triturar” na justiça, quem não está debaixo de um chapéu partidário. Não concorda Senhor Rafael Barbosa?
E só lhe digo que até se conseguem acórdãos em que alguém viola um acto administrativo que não existia e que só veio a existir 7 meses depois, para se conseguir encontrar um crime de corrupção. E, ainda, se consegue classificar um crime instantâneo, num crime continuado, contrariando todos os princípios de direito e que ao longo de décadas, a doutrina tem afirmado nos seus manuais de direito penal, pelos mais reputados professores catedráticos de direito criminal, de modo a que o hipotético crime, não prescrevesse.
Tenha calma e se houver justiça, emita a sua opinião, depois de transitar em julgado e com toda a certeza, terá de digerir esta sua opinião.
Eu sei que é pedir demais, mas devia haver uma lei que nos aliviasse de “fazedores de opinião” que chegam a apelidar os eleitores de burros e idiotas. Essa não!

“Os qui non claudit, quae non vult, saepius audit. » [Gaal 1295]. Quem não fecha a boca, geralmente ouve o que não quer.

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