Mãezinha!
Espero que estejas já de volta das rabanadas. Estou danadinho, de me sentar, descansado, a comer uma rabanada e deixar por momentos de pensar na vida. Já viste, mãezinha, como é ingrato este povo?
Temos procurado ser justos com os que mais sofrem de injustiça. No nosso país, graças a mim e ao Partido, não existem classes privilegiadas, nem classes diminuídas. O povo somos nós todos, mas a igualdade não se opõe e a justiça exige que onde há maiores necessidades aí seja maior a solicitude. Não se é justo quando não se é humano. Diz-me, mãezinha: “do que seria de todos nós, se não tivéssemos protegido os desvalidos dos bancos, que tanto se têm esforçado, para comprarmos as nossas casinhas”?
A esta hora, já não havia “offshore”. Te garanto! Tinham ido atrás dos bancos.
Agora, só porque vamos aumentar um pouquinho o IVA, aumentamos os combustíveis, a electricidade, os transportes públicos e reduzimos o apoio, a essa malta, parece que já todos vão votar no Silva, mesmo pondo a mão, em cima da fotografia.
Mãezinha, nem tudo está mal. Temos feitos progressos, na formação de elites, que eduquem e dirijam o país. Põe os olhos na juventude socialista, mãezinha. Sem uma elite forte, como a que foi a da minha geração, seria ainda mais grave a crise nacional. Daqui para a frente, só as gerações em desenvolvimento, se devidamente aproveitadas, nos fornecerão os dirigentes, indispensáveis à nossa completa renovação. Começamos por recrutá-los, à saída da universidade. Pomo-los candidatos a uma Câmara e se porventura não ganharem, vão para uma Secretaria de Estado.
É muito mais proveitoso, a criação destas elites, do que a criação das novas oportunidades. Dá menos nas vistas! Deste modo, ninguém embirra com a rapaziada.
Mãezinha! Ao fim e ao cabo, os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites do partido, enquadrando as massas. (Percebeste, esta?)
Estou feliz, mãezinha. Porque finalmente e é o que importa, é que encontrámos o verdadeiro caminho, segundo o qual o povo pode viver tranquilamente a sua vida e o país cumprir a sua missão histórica, isto é, que se realize o essencial na vida e se seja fiel ao que é permanente na História do Socialismo Democrático.
Como o povo tem memória curta, incube-nos avivar até ao cansaço a recordação dos tempos em que o país foi sacrificado nas mãos de um tirano, que tirou o país da “banca rota”, dando-nos, durante anos e anos um Orçamento de Estado com “superávit”. Mas, para quê, mãezinha? Não estamos melhor assim?
Não desistas, mãezinha de fazer as minhas rabanadas(enquadrando as massas), porque no Natal, é só paz e fraternidade e temos que aproveitar estas épocas para dar um toque de lamechas.
Cumprimentos aos primos e aos tios, e um Natal cheio de rabanadas.
“Magnus es in verbis, in factis nullus haberis.” [Binder, Thesaurus 1748] És grande nas palavras; nas ações, tu não vales nada.
Espero que estejas já de volta das rabanadas. Estou danadinho, de me sentar, descansado, a comer uma rabanada e deixar por momentos de pensar na vida. Já viste, mãezinha, como é ingrato este povo?
Temos procurado ser justos com os que mais sofrem de injustiça. No nosso país, graças a mim e ao Partido, não existem classes privilegiadas, nem classes diminuídas. O povo somos nós todos, mas a igualdade não se opõe e a justiça exige que onde há maiores necessidades aí seja maior a solicitude. Não se é justo quando não se é humano. Diz-me, mãezinha: “do que seria de todos nós, se não tivéssemos protegido os desvalidos dos bancos, que tanto se têm esforçado, para comprarmos as nossas casinhas”?
A esta hora, já não havia “offshore”. Te garanto! Tinham ido atrás dos bancos.
Agora, só porque vamos aumentar um pouquinho o IVA, aumentamos os combustíveis, a electricidade, os transportes públicos e reduzimos o apoio, a essa malta, parece que já todos vão votar no Silva, mesmo pondo a mão, em cima da fotografia.
Mãezinha, nem tudo está mal. Temos feitos progressos, na formação de elites, que eduquem e dirijam o país. Põe os olhos na juventude socialista, mãezinha. Sem uma elite forte, como a que foi a da minha geração, seria ainda mais grave a crise nacional. Daqui para a frente, só as gerações em desenvolvimento, se devidamente aproveitadas, nos fornecerão os dirigentes, indispensáveis à nossa completa renovação. Começamos por recrutá-los, à saída da universidade. Pomo-los candidatos a uma Câmara e se porventura não ganharem, vão para uma Secretaria de Estado.
É muito mais proveitoso, a criação destas elites, do que a criação das novas oportunidades. Dá menos nas vistas! Deste modo, ninguém embirra com a rapaziada.
Mãezinha! Ao fim e ao cabo, os grandes problemas nacionais têm de ser resolvidos, não pelo povo, mas pelas elites do partido, enquadrando as massas. (Percebeste, esta?)
Estou feliz, mãezinha. Porque finalmente e é o que importa, é que encontrámos o verdadeiro caminho, segundo o qual o povo pode viver tranquilamente a sua vida e o país cumprir a sua missão histórica, isto é, que se realize o essencial na vida e se seja fiel ao que é permanente na História do Socialismo Democrático.
Como o povo tem memória curta, incube-nos avivar até ao cansaço a recordação dos tempos em que o país foi sacrificado nas mãos de um tirano, que tirou o país da “banca rota”, dando-nos, durante anos e anos um Orçamento de Estado com “superávit”. Mas, para quê, mãezinha? Não estamos melhor assim?
Não desistas, mãezinha de fazer as minhas rabanadas(enquadrando as massas), porque no Natal, é só paz e fraternidade e temos que aproveitar estas épocas para dar um toque de lamechas.
Cumprimentos aos primos e aos tios, e um Natal cheio de rabanadas.
“Magnus es in verbis, in factis nullus haberis.” [Binder, Thesaurus 1748] És grande nas palavras; nas ações, tu não vales nada.
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