quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CARTA AO PAI NATAL

Mãezinha, desculpa não te escrever, desta vez. É, que estamos em época Natalícia e tenho de aproveitar o tempo para escrever ao Pai Natal.
Também, é só uma vez por ano que faço isto. Ao longo do ano, tenho sempre mandado cartinhas para ti. Mas, estou muito precisado de fazer alguns pedidos e não quero que ele se esqueça de mim.
Sim, mãezinha! Eu sei que já compraste umas coisinhas para mim, na “Loja do Chinês.” Estes, actualmente, são os únicos que vendem barato e compram barato. Vê o caso da dívida pública portuguesa.
Mas, o que tenho para pedir ao Pai Natal, tu não consegues comprar, na “Loja do Chinês”.
Em primeiro lugar, quero pedir, com todo o fervor, que se encontre petróleo em Portugal. Não vejo outra maneira de salvar este país. Passávamos a comercializar em “euro petróleos”. Palavra de honra que acabava com esta porcaria da divida pública, do défice e até podíamos aumentar os funcionários públicos, mais 2,9%, outra vez.
Se assim fosse, já tinha garantido, mais uns dez anos à frente desta mercearia.
Mas não! Não vamos ter essa sorte. O que vamos encontrar é cada vez mais o petróleo a subir de preço. Dizem que há países que estão a crescer, mas connosco é sempre assim. Só nos comparam com o que há de pior.
Ah, se a Espanha está mal, então nós, não nos podemos queixar. E A Irlanda? Que era o tal “tigre” europeu? Já viram como as coisas estão?
Mas, Pai Natal. Além do petróleo, que nos dava muito jeito, vê se fazes compreender, a esta malta, que não vale a pena fazer greve.
Mas, a final estou a pedir tudo para o país e não estou a pedir nada para mim.
Pai Natal, não te esqueças de mim…se nada se resolver, vê se consegues arranjar-me um lugarzinho ao sol, numa qualquer instituição dessas boas, lá fora.
É que se não encontrarmos petróleo em Portugal, estou arrumado. Tenho mesmo de emigrar.


« Multos expertus sum qui vellent fallere; qui autem falli, neminem. » [S.Agostinho, Confessiones 10.23] Conheci muitos que queriam enganar; que quisesse ser enganado, nenhum.

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