quinta-feira, 29 de julho de 2010

FREEPORT

Mãezinha, finalmente acabou esta injustiça que me andaram a fazer. Incrível, como é que numa democracia, como esta, uma pessoa possa ser enxovalhada, estando o seu nome na praça pública, prejudicando, inclusive, o nome da nossa família?
Eu nunca tinha visto uma coisa semelhante. Na maioria dos casos, o Ministério Público, até consegue deduzir acusações, inventando situações e fazendo deduções, para conseguir acusar os arguidos que são figuras públicas. Mas comigo foi diferente.
Eu que nunca me escondi atrás da posição que tenho, estive sempre à espera que eles me chamassem para responder às questões que me quisessem colocar. Mas, nada!
Eu, ao fim e ao cabo, quase nada tive a ver com aquele assunto. Limitei-me a assinar o que era justo, na altura. Se já tinha sido indeferido a construção de um cemitério, para a zona, com o argumento que a densidade populacional (dos mortos, claro), o aumento do tráfego que os cortejos fúnebres poderiam trazer, alterando o meio ambiente, o que é que tinha a ver com isso? Não me parece que possamos comparar, com a vida sadia que os saldos do Freeport, podem aportar. Neste caso, estamos a falar de vida, e a espécie humana, precisa de ser protegida, também. Ou não?
Tinham 27 perguntas para me fazer? Porque não fizeram? Eu até lá ia, pessoalmente, responder.
Agora, virem com o argumento, que o Procurador emitiu um despacho no dia 4 de Junho, dando como tempo limite para a conclusão do inquérito, o dia 25 de Julho e que por essa razão não tiveram tempo? Vá lá vai! Ninguém acredita, nem eu! Ao fim e ao cabo, estão a lavar as mãos e continuam a deixar suspeições no ar, embora não tenha sido constituído arguido e de ter ficado ilibado desta cena.
Isto é muito giro. Os outros é que ficaram acusados de extorsão na forma tentada. Sacaninhas, andaram a congeminar estas coisas todas, para sacar, à empresa, dinheiro, dizendo que era para pagar luvas. Mas não sacaram! Tentaram! Então, onde é que foram parar os quase dois milhões de euros?
Olha, mãezinha. Se o Ministério Público não sabe, como é que nós havemos de saber?
O importante, mãezinha, é que fui ilibado e já não podem andar mais por aí a dizer isto e aquilo sobre mim.
Eu que estava a pensar propor, na revisão Constitucional, a alteração sobre as competências e o estatuto do Ministério Público, já não vou propor coisa nenhuma. Os tipos são mesmo bons. Conseguiram ver que eu não tive nada a ver com aquela história, ao fim de seis anos.

PS: Mãezinha, já podemos ir de férias, descansados. Beijinhos.


“Ut diversitas linguarum sic opinionum separat hominem ab homine, et peregrinum efficit in patria.” [Bernardes, Nova Floresta 2.37] Assim como a diversidade das línguas, também a diversidade das opiniões separa um homem do outro, e o torna estrangeiro em sua pátria.

2 comentários:

Anónimo disse...

E assim vai a justiça em Portugal.

Anónimo disse...

Como sempre, caro professor, é uma maravilha e uma delicia ler os seus postes. PArabéns.