Meu Caro Nhecas!
Espero que te encontres
bem, depois do recato que estás a fazer. Eu ontem saí-me bem, com aquela de
dizer que os portugueses têm paciência e que não estou a governar a pensar em
eleições. É claro que isto é mentira, mas neste momento e depois das broncas
que tu deste, tinha que ser.
Ah, gostaste daquela em
que eu disse que já não estávamos no abismo? Eh pá, a malta vai acreditando
nisto tudo. O desemprego? Oh, Nhecas! Não te preocupes com isso. O Álvaro dos pastéis
de nata anda à procura do “coiso”. Assim que ele encontrar o coiso, logo
veremos qual vai ser a solução. Mas, com este programa especial, eu vou
conseguir demonstrar aos jovens que estar no desemprego é uma oportunidade. O
quê, os tipos depois não pagam o dinheiro que vamos emprestar? Isso, depois,
logo se vê. O importante, agora, é fazermos de conta que estamos a fazer alguma
coisa, para demonstrar que estou mesmo com compaixão. Os portugueses gostam
disso…de compaixão. Desde que a malta diga que temos compaixão por eles, eles
aguentam tudo. De qualquer dos modos quem vai pagando a crise são os pais
deles, querem lá eles saber se há trabalho ou não. O que importa é que eles
ainda vão tendo dinheiro para andar de carrito, para irem à discoteca e jantar
com os amigos. Ah, mas os pais abdicam da sua própria vida? Oh Nhecas! Tivessem
aproveitado, como eu aproveitei. Primeiro, andei a comer as guloseimas. Doces e
mais doces. Agora, é que não tenho outra solução, senão, trabalhar. Depois quem
é que aguentava a Lady Laura?
Entretanto, no meio desta
confusão, lá conseguimos aprovar a lei das empresas municipais. Agora é que
vamos poupar. As parcerias? Ah, isso é tudo culpa do Sócrates. Que eu me
lembre, nós nunca fizemos merdas dessas. Pois não? O quê? As parcerias
começaram no tempo do Cavaco? Eh, pá… tenho que me pôr a pau. Se ele começar a
chatear, mando-lhe com isso à cara. Ainda bem que me avisaste!
Agora, o que vai levar
mais tempo é a saúde. Os gajos que querem ficar com as privatizações vão ter
que aguentar mais um bocado. Oh Nhecas! Este plano é genial. A malta, à custa da
crise, vamos pondo os serviços de saúde num caos e depois, privatizamos. Para
eles até é melhor. Quanto pior estiver mais barato é para eles.
Olha, se depois de tudo isto,
houver azar, sempre temos metade da ilha do Sal, para nos refugiarmos. Não te
preocupes. Já falei com o Loureiro. O Correia? Esse enquanto não tocarem muito
na questão dos aterros sanitários vai continuar a safar-se.
Agora, já sabes…compaixão
e paciência! E um dia mais tarde, podes dizer ao pessoal que se não caímos no
abismo, a mim mo devem!
Não te esqueças de
resolver essa coisa da RTP. Ouviste?
Febras! Toma lá um abraço
fraterno, daqueles que tu gostas!
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