Por vezes apetece-me brincar, no bom sentido, com alguma da grande poesia que se tem feito. Este poema, da autoria de um grande poeta, António Gedeão, é uma poesia em que se podem fazer uns trocadilhos engraçados, mas que não deixam de ter a marca profunda deste excelente poeta. O poema original é uma obra dedicada às mulheres trabalhadoras e empenhadas no bem -estar da sua família, mesmo que para isso a sua vida seja pautada por imensos sacrifícios. Infelizmente existem excepções…mas que, na realidade, confirmam a regra. E é às excepções, que este trocadilho se aplica, com graça. Às excepções de mulheres com falta de carácter, desonestas consigo e com os outros…parasitas da sociedade. Porque, “que las hay las hay”
Então, aqui vai…
Então, aqui vai…
A Puta sobe, sobe a calçada,
Sobe e não pode que vai derreada.
Sobe, Puta, Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Entrou em casade madrugada;
Regressa a casa é já noite cerrada.
Na mão grosseira,
De pele queimada,
Besuntada de creme rasca
Leva uma mala desengonçada e desgastada.
Leva uma mala desengonçada e desgastada.
Anda, Puta, Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Puta é velha,Enxovalhada,
Tem perna magra,Mal torneada.
Ferve-lhe o sangue de afogueada;
Saltam-lhe os peitos
Caídos e pendurados na caminhada.
Caídos e pendurados na caminhada.
Anda, Puta. Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam bêbados,
Rapaziada,
Palpam-lhe as coxas de peles caídas
não dá por nada.
Anda, Puta. Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa pôs-se a falar.
Falou com o filho,
Falou com a nora;
Bebeu a sopa numa golada;
Não lavou a loiça,
Não varreu a escada;
Não deu jeito à casa suja e desarranjada;
Não coseu a roupa já de si remendada;
Despiu-se à pressa, como quem vai para o varão
Desinteressada;
Caiu na cama de uma assentada;
Chegou um dos homens,
Viu-a deitada;
Serviu-se dela,
Não deu por nada.
Anda, Puta. Puta, sobe,
Anda, Puta. Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
No final da manhã,
Já com o sol bem alto,
Salta da cama,
Desembestada;
Puxa do rimel,
Dá uma pincelada;
Veste-se à pressa,
Desengonçada;
Vai para o café,
Desaustinada;
Range o soalho a cada passada,
Salta para a rua,
Corre alvoraçada,
Galga o passeio,
Desce o passeio,
Desce a calçada,
Chega ao caféà hora marcada,
Puxa que puxa, larga que larga,
Toca a sineta na hora aprazada,
Corre pra casa,
Debita ódio
Que transfigura a cara
Debita ódio
Que transfigura a cara
E volta ao facebook, para a desgarrada
Puxa que puxa, larga que larga,
Regressa a casa é já de madrugada.
A Puta de bêbada
Balança…pela calçada.
Anda, Puta, Puta, sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada,
Sem comentários:
Enviar um comentário