terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

QUE INTELIGENTES QUE NÓS SOMOS!

Entrámos para a CEE todos eufóricos, e ala de gastar dinheiro, à fartazana. Eles foram, auto-estradas, caminhos, pontes, escolas provisórias, etc. O dinheiro entrava nos bancos, saia para as empresas de construção civil, voltava aos bancos que foram aplicando o mesmo a seu belo prazer.
Entretanto, o dinheiro deixou de ser o mesmo. As coisas começaram a apertar. Entretanto, já bem dentro da Europa, houve um conjunto de “iluminados” que descobriram a pólvora para fazer crescer a sua economia…fundamentalmente os franceses e os alemães. Para quê? Na expectativa de que vendiam tecnologia de ponta aos chineses. Claro que foram vendendo, enquanto estes não começaram a copiar e a replicar, ao mais baixo preço. Vendiam-se umas centrais nucleares, uns automóveis, umas máquinas de precisão e importávamos flores de plástico.
Mas não. A situação, hoje, não é essa. Compra-se tudo a metade do preço, quando não é menos. Navios e navios de produtos chineses chegam à Europa que não necessitava de taxas aduaneiras. A utopia para alguns de um mercado livre. Isso é que é bestial.
Só vos chamo a atenção para um produto, aliás, de grande venda durante o inverno. Botas de senhora. Se alguma senhora comprar umas botas de cano alto, fabricadas em Portugal, terá de pagar pelas mesmas mais de 200 euros. E se forem Italianas, talvez 400 euros não cheguem.
Em contrapartida, os chineses colocam à venda, botas por menos de 20 euros. Com 20 euros, podem-se comprar 13 pares de botas. Um par de botas por mês novo e ainda fica um par para o subsidio de natal.
Graças a quem? Aos iluminados que falavam do mercado livre. Uma Europa aberta. Bom está tão aberta, que no caso de Portugal, a contrapartida disto tudo, e dos milhões de euros que entraram, foi o acabar da agricultura e das pescas e, por outro lado, deixar sair de Portugal, todas as indústrias transformadoras que davam milhares e milhares de empregos, a um povo, que de 35% de analfabetos, decorridos 36 anos de democracia, continua a registar um novo analfabetismo, a iliteracia. Será que esta gente, que perdeu os seus empregos, vai trabalhar para as novas tecnologias? Vão servir cafés? Tenham dó!
Tudo isto, porque se abriu as portas ao livre comércio, como se fosse possível, na Europa, competirmos com factores de produção tão desiguais. Competir com países que não têm a protecção social que têm os europeus. Que não têm uma regulação de um código de trabalho como têm os europeus.
Todos nós só vamos ter consciência desta situação, quando as prestações sociais, concretamente as reformas, baixarem mais de 50% daquilo que ainda são hoje. O total das prestações sociais, em 2009, foi de 29.577.376.800,00 de euros.
Ou seja…a uma taxa aduaneira média de 15%, só se conseguiria cobrir, cerca de metade do total das prestações sociais. Diga-se de passagem que não era muito, porque as botas das senhoras só passariam a custar mais 3 euros, aproximadamente. Quem dá 20 euros, também dá 23. Talvez deste modo, a carga fiscal, hoje, existente, pudesse baixar com algum significado.
Mas, depois de os chineses andarem a comprar divida pública nos países europeus e na América, continuando a ter um crescimento anual do P.I.B., ao ritmo de 11% ao ano, quem é que lhes vai dizer que têm de começar a vender produtos e a pagar taxa? E depois os alemães, iriam gostar? Deixavam de vender carros VW aos milhões, podendo dar, aos seus funcionários aumentos salariais de 4,2%, quando em Portugal se reduzem os vencimentos. Que raio de Europa é esta? E continuamos a assistir ao crescimento do P.I.B. alemão, em valores de 3,6%,o que significa que continuam a criar emprego. E nós? Mandamos os portugueses para o desemprego.
Os alemães pagam uma pensão média aos seus reformados de cerca de 3.500 euros/mês. Na segurança social portuguesa, qual é o valor? E se for no Estado, isto é CGA? Na segurança social é de pouco mais de 350 euros/mês e na CGA é de cerca de 1.400 euros.
E andamos todos contentes, quando o Zé faz a publicidade que a economia portuguesa cresceu 1,4%.
Não há dúvida… só um povo, como o português, é capaz de aturar estas coisas. Bonacheirões e indulgentes uns para com os outros, de tal forma, que somos incapazes de nos disciplinarmos e de exigirmos ordem neste caos, em que mergulhou Portugal.
E assim vamos continuar…até um dia!
“Mites possident terram.” [Pereira 98] Os mansos possuem a terra. ■Bezerrinha mansa todas as vacas mama.

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