quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ai, se não tivesse sido o 25 de Abril



Ai se não tivesse sido o 25 de Abril… Não tínhamos o primeiro de Maio. Nem o dia de S. Valentim, que era proibido no tempo de Salazar.
Ainda, hoje, seria proibida a Coca-Cola…a água suja do imperialismo. Mas, como é que poderia ser a vida, nos dias de hoje, sem estas coisas?
Conquistámos, além, da comemoração do dia dos namorados a possibilidade de ter o dia do “Halloween”. De pôr as nossas crianças a fazer mascaras, para comemorar um dia tão tradicional, na cultura portuguesa. É uma alegria, ver as escolas cheias de crianças, que são o futuro do país, a serem engalanadas para comemorarem o “Halloween”. Se não tivesse sido o 25 de Abril, não tínhamos o “Dia Internacional da Mulher”, o “Dia Pai”, o “Dia do Idoso, o “Dia dos Avós”, o “Dia da Criança” e eu sei lá que mais. Foi mesmo bom!
Aliás, nós temos esta liberdade e tantas outras liberdades…podemos comemorar, todos estes dias e sentirmos as verdadeiras conquistas do 25 de Abril.
Entretanto, assistimos à violência doméstica, sobre mulheres, sobre homens, sobre as crianças e sobre os nossos velhinhos. Violência que é na maioria dos casos, exercida pela própria família. Dentro de quatro paredes, mas sob a atenta vigilância dos organismos do Estado que possuem os técnicos de Assistência Social mais credenciados do país, muitos deles já licenciados nos novos politécnicos, deste país rico, que viu a luz do dia, em 25 de Abril de 1974. O 25 de Abril foi exactamente feito, para nos dar liberdade e melhorarmos a nossa qualidade de vida. Vivermos melhor…
Comemoramos o dia do idoso e deixamos milhares deles sem dinheiro para os seus remédios. Como somos atenciosos com os velhinhos em Portugal…todos têm dentes, para comerem as côdeas duras, do pão que resta nas suas casas. E isto só foi possível, graças à grande solidariedade que se criou, em Portugal, logo a seguir ao 25 de Abril. Aliás, hoje, é tão fácil e barato ir a um dentista. Faz parte, mesmo, do Serviço Nacional de Saúde. Grande 25 de Abril que abriu as portas à solidariedade, à fraternidade. A um povo solidário, onde os políticos, abdicando dos seus legítimos interesses, dedicam a sua vida aos mais pobres. Deixamos os mesmos sem cuidados continuados, quando existem mais de vinte unidades novas no país, à espera da intervenção do Estado. Isto só aconteceu, pelo facto dos Estádios de Futebol, terem tido prioridade para a projecção da imagem de Portugal, no mundo. O benefício económico que Portugal teve com estes estádios de futebol, não pode ser comparado com a necessidade que existe em Portugal, de apoio na terceira idade. Se eles passaram uma vida a trabalhar e a pagar impostos, para o que existe hoje? Isso já lá vai…o que temos agora é de dar um futuro melhor às nossas crianças. Prepará-las nas escolas, a aprender línguas para que possam emigrar, logo que possam. Esta política foi sempre o nosso desígnio…Portugal no Mundo…graças à pobreza.

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