quarta-feira, 28 de novembro de 2012

25 Novembro de 1975



Quem tem a minha idade, viveu, de modo particular, o 25 de Abril de 1974 e os anos subsequentes. Atravessámos o chamado período do PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Foi um período em que se tentou implementar a “Reforma Agrária”, com o slogan de “A terra a quem a trabalha”. Este slogan serviu para confiscar aos legítimos proprietários, as propriedades, que o Partido Comunista achava por bem chamar a si.
Organizaram-se Cooperativas, de “trabalhadores”, em que os líderes eram funcionários ou homens de confiança do Partido. Ocuparam-se fábricas, colocando-as em auto-gestão, expropriando, deste modo, também, os seus legítimos proprietários. Muitas delas acabaram “nacionalizadas”.
Mas, se já existia controlo na agricultura e pecuária, bem como na indústria, faltava o sector financeiro. E em 11 de Março de 1975 nacionalizaram-se os Bancos e Companhias Seguradoras.
Fez, agora, anos que se deu o movimento do 25 de Novembro de 1975. Foi o culminar de um período de PREC. Em 1976, foram as primeiras eleições, já com a Constituição da República, aprovada. Constituição que logo no seu preâmbulo diz que Portugal ia a caminho do Socialismo.
Este processo de expropriações, sem indemnizações, só aproveitou, não ao Estado Socialista que se desenhava, mas, a um Estado Autocrático que durante mais de 30 anos, se serviu destas mesmas nacionalizações, para tapar buracos orçamentais, ano após ano.
Ainda faltam alguns anéis que este governo já se prometeu a vender.
Todos criticaram o falecido Vasco Gonçalves. Mas, este socialismo autocrático muito deve a este homem que lhes permitiu andar num regabofe, a vender património que depois, serviu para enriquecer alguns. Todos aqueles que eram figuras de proa dos partidos do poder…PSD/CDS e PS.
Claro que tudo isto, a coberto de uma sociedade liberal, de iniciativa privada. A mesma iniciativa privada, que em Portugal, unicamente, se preocupou, foi com as mais valias dos negócios especulativos que se conseguiram gerar.
Um dos últimos grandes negócios foi a EDP que encaixou, posteriormente, toda uma série de rapaziada como o Senhor Catroga, que possuem grandes responsabilidades da situação a que chegou o país.
E, agora, a coberto da crise, e em plena discussão do Orçamento de Estado, para 2013, atira-se, para a discussão pública, a “refundação”.
Eu não sei se o país precisa de ser refundado e penso, até, que será uma ofensa ao fundador, D. Afonso Henriques. Mas, talvez precise.
O certo é que com refundação, pretende-se ir a um lugar que por várias vezes foi abordado, mas com outra dialéctica, que é a privatização do ensino, na sua generalidade e a privatização da saúde. Este último é um negócio altamente apetecível.
Os grandes grupos privados portugueses e estrangeiros estão com reacções de “Pavlov”, à espera do tão almejado objectivo. Esta é mesmo, uma ambição deste governo e de todos os sequazes que à volta dele, proliferam.

Para completar, as reformas, dos portugueses, é outro grande negócio que se encontra na mira deste grupo de hienas. Não foi em vão que se tentou, transferir parte dos encargos das empresas, para o trabalhador. Qual competitividade, qual carapuça. O futuro é o prémio de seguro que cada português terá de pagar, às instituições que entrarão nesse mercado.
Como disse, Adam Smith, “A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram.”
Esta é a realidade de um governo constituído por jovens, que hoje são homens e mulheres, que nunca tiveram responsabilidade de pôr a comida no prato, porque cresceram e vão vivendo na ambição, de viver à custa dos outros e com o que é dos outros.
Estamos a viver um período igual ao do PREC. Hoje, não são os Comunistas a ocuparem as terras e as casas, mas é um governo autocrático que as confisca, com a cobertura de uma crise que tudo justifica, como se justificou o roubo das propriedades em 25 de Abril de 1974.
A única coisa que ainda não se fez foi sequestrar os empregados do governo, os deputados, na Assembleia da República. Mas, desta vez, para lhes dar um pontapé no cú e mandá-los trabalhar, para contribuírem para a crise que criaram, ao aprovarem durante anos e anos, orçamentos de estado, deficitários, e ao aprovarem, agora, o orçamento que levará à cova, este país.
Quem diz que o que se passa é fruto da crise, eu direi que não é só o fruto da crise. Tem a ambição de uma ideologia política, sem princípios.  Onde tudo vale. Mesmo que seja arrastar os portugueses para a miséria e hipotecar o futuro deste país.

1 comentário:

Zulmira Oliveira disse...

Brilhante. Simples e clara a explanação.