Meu querido Nhecas
Tu sabes bem que o difícil é passar esta tormenta
de ser ministro. Já tinhas sido secretário de estado. Enfim, nessa posição é-se
menos exposto ao falatório.
Mas, depois, de sairmos do governo, sabes bem, que
teremos as nossas compensações. Olha o Catroga, o Leite, o Ferreira, o Mexia e
tantos outros que, hoje, estão muito bem na vida.
Qualquer um de nós pode ter um lugar à sombra num
Banco, numa Companhia de Seguros, numa grande construtora, na EDP, na GALP,
etc. Enfim! Empresas onde eles possam pagar por em cima de meio milhão de euros
por ano.
Evidentemente, que neste contexto, em que estamos a
preparar a renegociação das PPP, será mais difícil irmos para uma empresa de
construção civil, embora, eles não estejam chateados connosco, porque estamos a
manter as percentagens de rendibilidade. O que estamos a fazer é dizer que eles
não fazem a conservação e outras coisas que podem custar muito dinheiro. Não te
preocupes com isso. Quando as estradas começarem a dar problemas já nós não
somos governo. Agora, os juros é que não, porque os nossos amigos banqueiros,
aqueles que já eram banqueiros antes do 25 de Abril, ficariam chateados. Tu
sabes. Sempre foi assim. A promiscuidade que há entre o poder político e o
poder financeiro.
Antes do 25 de Abril tivemos o condicionamento
industrial. Agora, a política é outra. Nós fazemos obra, os gajos emprestam o
dinheiro para as ditas e nós fazemos os que eles querem. Ganham eles e ganhamos
nós.
Agora, podias ter evitado essa porcaria da
licenciatura. Eu sei. Não tiveste tempo de estudar. A jota absorvia todo o teu
tempo.
Mas deixa lá, porque ao fim e ao cabo, também são
só umas dezenas, que pedem a tua demissão. Mas, garanto-te, que mesmo que
fossem centenas eu não te demitia.
Amigos, para sempre!
PS: Vou aproveitar as férias para descansar um
bocadinho. Encontrei aqui os gajos do PS de Tomar que estão chateados contigo
por causa das contas telefónicas. Vê se ganhas juízo.
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