sexta-feira, 15 de julho de 2011

AIR COOL


Este governo tem, neste pequeno período de governação, surpreendido os portugueses. Desde as poupanças dos bilhetes de avião de 1.ª classe para 2.ª classe, à última medida, tomada no Ministério da Agricultura, de dispensar os funcionários de irem trabalhar de gravata, no período do verão, para poupar energia no ar condicionado. É uma medida muito original…aliás, não percebo, é porque os funcionários do Ministério da Agricultura, têm necessidade de gravata, para andarem pelos campos. Ou não andam? Se andam, a próxima medida deste ministério, para poupar o consumo de gasolina e gasóleo, vai ser equipar a frota automóvel com carros descapotáveis, de modo a reduzir o consumo de combustível, deixando os carros de ter o ar condicionado a funcionar.
O problema maior, vai ser para as senhoras engenheiras e doutoras, que vão querer um subsídio para o cabeleireiro, pois não podem chegar aos agricultores, todas despenteadas. Até lá, e porque estamos no verão e é necessário fazer dieta, a alimentação dos funcionários do Ministério da Agricultura, será na base de hortaliças e saladas, pois o metabolismo basal será menor, reduzindo, deste modo, a produção de calor. E a Ministra tem experiência nesta área, pois, já fez várias dietas de saladas, portanto, bastante conhecedora deste sector.
E quando acabar o verão? Já estou a ver a solução do Ministério…todos os trabalhadores terão de ir trabalhar de casaco comprido ou de sobretudo. Na eventualidade de o frio apertar muito, serão, também, obrigados a trabalhar de luvas de pele de carneiro, forradas a lã, de modo que as mãos não gelem, quando os mesmos estiverem nos seus gabinetes, a teclar no facebook ou noutra rede social.
Já os engenheiros silvicultores serão obrigados a recolher a caruma e as pinhas, para queimar nas fogueiras, a fazer nos gabinetes.
Portanto, além da poupança, vamos passar a ter os pinhais e matas limpas. Logo, no ano seguinte, o número de fogos irá diminuir, drasticamente.
Por último, a economia chinesa vai ter um revés, pois vão deixar de se vender tantas gravatas, no Tie Rack.
Com esta política de poupança, nem a Moody`s se vai atrever a duvidar das medidas que este governo está a tomar, para reduzir a despesa pública.

“Fac ne lingua tibi mentem praecurrat.” [Quílon / Rezende 1893] Cuida que tua língua não preceda teu pensamento. ■Falar sem pensar é atirar sem apontar. ■Em boca fechada não entra mosca.

2 comentários:

João Viegas disse...

Caro Professor, não resisto a comentar este seu deveras interessante texto.
1- A Ostentação versus demagogia – de facto os aviões ou a redução do número de ministros, destes andarem de metro ou de mota, ou melhor ainda de bicicleta, as faltas de fraldas, ar condicionado e outras que demais “despiciendas” necessidades básicas de sectores da sociedade portuguesa cuja dignidade e função não merecia que funcionassem como pedintes arrumadores de carro nas avenidas nova.
Já na idade média e posteriormente sistematizado pelo “Príncipe” de Maquiavel, cuja força e significado pejorativo do adjectivo é uma das maiores injustiças da História das Ideias Políticas, já nessa altura se sabia que o simbolismo de uma decisão de governo era importante, e os nossos el reis lá distribuíam o bodo aos pobres e retiravam poder formal aos senhores instaladas nas cortes. Neste aspecto, ao contrário dos dias de hoje, os governos não têm uma Igreja como a de então, que bem abençoava e legitimava ontologicamente, como fado absoluto, as necessárias decisões.
Apenas reflicto positivamente neste aspecto. Qual o valor do simbolismo? Não teremos nós que considerar que muito do que era dito como tradição, e que no fundo é um sólido e importante alicerce moral para a coesão e paz social (o ópio do povo!?), está também na origem desta crise mundial?

João Viegas disse...

Caro Professor, não resisto a comentar este seu deveras interessante texto.
1- A Ostentação versus demagogia – de facto os aviões ou a redução do número de ministros, destes andarem de metro ou de mota, ou melhor ainda de bicicleta, as faltas de fraldas, ar condicionado e outras que demais “despiciendas” necessidades básicas de sectores da sociedade portuguesa cuja dignidade e função não merecia que funcionassem como pedintes arrumadores de carro nas avenidas nova.
Já na idade média e posteriormente sistematizado pelo “Príncipe” de Maquiavel, cuja força e significado pejorativo do adjectivo é uma das maiores injustiças da História das Ideias Políticas, já nessa altura se sabia que o simbolismo de uma decisão de governo era importante, e os nossos el reis lá distribuíam o bodo aos pobres e retiravam poder formal aos senhores instaladas nas cortes. Neste aspecto, ao contrário dos dias de hoje, os governos não têm uma Igreja como a de então, que bem abençoava e legitimava ontologicamente, como fado absoluto, as necessárias decisões.
Apenas reflicto positivamente neste aspecto. Qual o valor do simbolismo? Não teremos nós que considerar que muito do que era dito como tradição, e que no fundo é um sólido e importante alicerce moral para a coesão e paz social (o ópio do povo!?), está também na origem desta crise mundial?

2- A velha questão entre o técnico e o político. Aqui caro professor penso que teremos de empreender uma profunda reflexão e reformulação dos velhos clichés e “moores”, com o objectivo de perceber esta dialéctica em tensão permanente entre técnico e o político. No entanto deixo-lhe a minha reflexões, a primazia do político sobre o técnico é fundante do todo o sistema de Estado e defende a essência duma possível democracia (porque mais formal que substancial) mas que todavia parece constituir-se o garante dos valores do que é o Homem e o seu viver em sociedade, e acima de todo a defesa do mais importante valor ético: a vida humana e a sua dignidade (acrescentando aqui a título pessoal “a igualdade de oportunidades – mas isso seria outro debate).
3- Estado e Privatização – Caro Professor nesta área como saberá aceito a iniciativa privada e compreendo-a como um factor determinante para o desenvolvimento tecnológico, científico e para a criação de riqueza e gestão de recursos com vista a melhorar a vida em sociedade. O que não aceito porém, é a privatização de: 1) Áreas afectas à soberania (militares e afins); 2) Recursos naturais como a água; 3) Qualquer empresa publica que seja um monopólio. Para se privatizar a EDP e a REN exige-se que se crie concorrência e não um oligopólio.
4- A falta de dinheiro, Portugal, a europa e o mundo. È nesta sua reflexão algo que confirma uma convicção que me incomoda talvez por motivos preconceituosos, é a de que o Partido Comunista tem razão quando diz que é imperioso reconstruir com pujança todo um aparelho produtivo português (pescas, agricultura, estaleiros navais, cortiça, azeite, vinho,…)

Por aqui me fico
Um abraço
João Viegas