quinta-feira, 7 de abril de 2011

A CULPA É DO PEC IV

Boa noite, mãezinha! Viste-me na televisão? Que tal? Estava melhor assim ou assim? O importante era a notícia de que o FMI vinha para Portugal fazer aquilo que já devia ter feito em 2009? Oh mãezinha…também tu? Já não me bastava terem chumbado o PEC IV, coisa que eu nunca percebi, pois já tinham votado o terceiro, o segundo e o PEC I. Foi mesmo por causa disso? Oh, mãezinha… quem aprova três, também, aprova quatro ou cinco. Aliás é o que vai acontecer agora. A malta que ganhava menos de 1.500 euros por mês estava-se a rir, mas agora, também vão levar na corneta. Ah, o IVA? Claro, mãezinha que vai aumentar nesta fase pelo menos para 25%. Quanto às reformas dos pensionistas, esses também vão levar na corneta, claro. Mas o mais engraçado é que não vai haver décimo terceiro mês, para ninguém. Nem para os que trabalham na privada. Vão ter que comprar divida pública. Pois, então. Já são accionistas do BPN, agora, têm de ser accionistas à força do Estado. Na verdade, não gostei nada que me tivessem apanhado à procura da melhor posição, em frente das câmaras de televisão, para falar ao país, pelo qual, eu me sacrifiquei, até ao fim, para evitar o FMI. Agora, é que vão dizer que eu sou mesmo narcisista. Mas, o importante, é que a culpa foi o de terem reprovado o PEC IV. Se não, nada disto tinha acontecido. Eu sei, mãezinha. Aquelas gajas do Partido adoram a minha pose, e foi por isso, que ganhei, outra vez, o partido. Esta coisa da paridade é mesmo porreira, pá. Pronto, pronto. Já sei que não gostas de me ouvir a falar assim. Mas foi um hábito que apanhei lá na universidade. Quando eu lá aparecia, a malta dizia…vieste às aulas? Porreiro, pá. E prontos, ficou. Olha…não digas, a ninguém. Mas ninguém vai, é explicar aos portugueses que nem daqui a trinta anos, o país se endireita. Também já não estamos cá. Até lá, estamos safos. Não é porreiro, mãezinha? Beijinhos. Dentro em breve voltarei a escrever-te. “Vacuae manus temeraria petitio est.” [John of Salisbury, Policraticus 5.10] É audacioso o pedido feito de mãos vazias.

Sem comentários: