Mãezinha!
Desculpa ter estado todo este tempo sem te escrever mas, como tu sabes, isto agora é reuniões, que nunca mais acaba.
Dizem que a democracia é diálogo e pronto. Como temos que dar um ar mais democrático, tenho passado o tempo a falar com esta rapaziada. Por outro lado, se isto correr mal, eu sempre posso pôr a culpa nos outros. Também não tenho feito outra coisa.
É preciso é a malta estar no poder. O país logo se vê.
Mas, mãezinha! Até me arrepio com esta do diálogo, porque foi assim que o António “Picareta Falante” deixou o Governo e baldou-se para a “Comissão dos Refugiados”, não sem antes ter deixado o país num “Pântano”.
Ò mãezinha, foi mesmo um pântano. Tê filho é que é muito habilidoso, aliás, já o era desde os tempos de estudante, e dei a volta por cima, e pus a culpa no Pedro. Sim, o Pedro que recebeu, agora, passados cinco anos, aquela fita que eu hei-de levar daqui a pouco tempo, se esta do diálogo não funcionar.
Ele foi o défice, a dívida externa, o desequilíbrio da balança comercial, e eu, espertalhão, como tinha aprendido naquela aula de “análise de risco”, sim aquela em que tive equivalência, disse com os meus botões: “Ò Zé, o melhor que tu tens a fazer é encomendar ao Constâncio, um número porreiro e depois dizes que aquilo foi conseguido tudo, em um ano e meio que eles estiveram no Governo.” E foi porreiro, pá! Conseguimos!
Ainda agora, já lá vão cinco anos a governar e quando me chateiam com a situação, mesmo bera em que está o país, eu desatino. Já sabes como eu sou e ponho, logo, a culpa no Santana.
Não sei porquê, eles lá sabem, parece que engolem em seco e não me dão a resposta que eu daria se estivesse no lugar deles: “Vá p`ra escola”. Ou então, “Se o diálogo é para continuar assim, mande-nos a resposta por fax.”
Mas eles lá têm qualquer coisa atravessada e eu penso que, como não queriam lá o Pedro, até não dizem nada. Só pode ser, mãezinha! Os tipos não são estúpidos!
Com esta do diálogo, agora pus os tipos do PSD a comer aqui na mão. Como eu fazia com os pombos, lembras-te? Foi por causa dos pombos que eu não fiz logo a licenciatura e ainda bem, porque aprendi a voar com eles e ganhei espírito de orientação. Tal como os pombos bem treinados, sou um corredor de fundo.
Mas, mãezinha! Isto está mesmo muito mal. Não mãezinha, não quero que fiques nervosa!
Agora que aconteceu esta desgraça no Haiti e tudo aquilo ficou destruído, em última estância, agarro no meu canudo e vou trabalhar como “engenheiro civil”, porque a Ordem dos Engenheiros lá, não manda nada e eu safo-me.
Olha que eu sempre acatei as tuas recomendações e lembro-me bem, quando tu me dizias: “Estuda meu filho que, um dia, podes precisar de ser engenheiro”.
Mãezinha, esta carta já está a ficar longa. Tenho de ir, pois hoje, tenho mais uma maratona.
Beijinhos deste tê filho que nunca te esquece.
« Exeat aula qui vult esse pius. » Deixe a corte quem quer permanecer honesto.
Desculpa ter estado todo este tempo sem te escrever mas, como tu sabes, isto agora é reuniões, que nunca mais acaba.
Dizem que a democracia é diálogo e pronto. Como temos que dar um ar mais democrático, tenho passado o tempo a falar com esta rapaziada. Por outro lado, se isto correr mal, eu sempre posso pôr a culpa nos outros. Também não tenho feito outra coisa.
É preciso é a malta estar no poder. O país logo se vê.
Mas, mãezinha! Até me arrepio com esta do diálogo, porque foi assim que o António “Picareta Falante” deixou o Governo e baldou-se para a “Comissão dos Refugiados”, não sem antes ter deixado o país num “Pântano”.
Ò mãezinha, foi mesmo um pântano. Tê filho é que é muito habilidoso, aliás, já o era desde os tempos de estudante, e dei a volta por cima, e pus a culpa no Pedro. Sim, o Pedro que recebeu, agora, passados cinco anos, aquela fita que eu hei-de levar daqui a pouco tempo, se esta do diálogo não funcionar.
Ele foi o défice, a dívida externa, o desequilíbrio da balança comercial, e eu, espertalhão, como tinha aprendido naquela aula de “análise de risco”, sim aquela em que tive equivalência, disse com os meus botões: “Ò Zé, o melhor que tu tens a fazer é encomendar ao Constâncio, um número porreiro e depois dizes que aquilo foi conseguido tudo, em um ano e meio que eles estiveram no Governo.” E foi porreiro, pá! Conseguimos!
Ainda agora, já lá vão cinco anos a governar e quando me chateiam com a situação, mesmo bera em que está o país, eu desatino. Já sabes como eu sou e ponho, logo, a culpa no Santana.
Não sei porquê, eles lá sabem, parece que engolem em seco e não me dão a resposta que eu daria se estivesse no lugar deles: “Vá p`ra escola”. Ou então, “Se o diálogo é para continuar assim, mande-nos a resposta por fax.”
Mas eles lá têm qualquer coisa atravessada e eu penso que, como não queriam lá o Pedro, até não dizem nada. Só pode ser, mãezinha! Os tipos não são estúpidos!
Com esta do diálogo, agora pus os tipos do PSD a comer aqui na mão. Como eu fazia com os pombos, lembras-te? Foi por causa dos pombos que eu não fiz logo a licenciatura e ainda bem, porque aprendi a voar com eles e ganhei espírito de orientação. Tal como os pombos bem treinados, sou um corredor de fundo.
Mas, mãezinha! Isto está mesmo muito mal. Não mãezinha, não quero que fiques nervosa!
Agora que aconteceu esta desgraça no Haiti e tudo aquilo ficou destruído, em última estância, agarro no meu canudo e vou trabalhar como “engenheiro civil”, porque a Ordem dos Engenheiros lá, não manda nada e eu safo-me.
Olha que eu sempre acatei as tuas recomendações e lembro-me bem, quando tu me dizias: “Estuda meu filho que, um dia, podes precisar de ser engenheiro”.
Mãezinha, esta carta já está a ficar longa. Tenho de ir, pois hoje, tenho mais uma maratona.
Beijinhos deste tê filho que nunca te esquece.
« Exeat aula qui vult esse pius. » Deixe a corte quem quer permanecer honesto.
3 comentários:
Vamos demitir o Sócrates? Eu faço a minha parte: se Sócrates for "a novas eleições", demito-o!
"Se eu for eleito, obviamente demito-o."
(Humberto Delgado, 1958)
"Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos"
Autor: Diderot , Denis
Mas Maezinha!
A democracia no nosso País é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes...
Aprendi a arte de, da gaiola dos macacos, gerir o circo!
O Circo é o maior espetáculo Cultural, não achas Maezinha?
A democracia? eles não sabem o que é? O poder de os piolhos comerem os leões, Mãezinha tenho tantos lões à minha volta, que começo a senti-me muito cansado!
Bem Haja!
Por tudo de muito bom que nos oferece para ler.
Num País que se tornou a Terra de Ninguem!
Maria João Adão
"Democracy is the worst form of government, except for all those other forms that have been tried from time to time."
(Churchill no seu dicurso na "Casa dos Comuns" em Novembro de 1947)
Eu diria antes que a Democracia é apenas uma fase transitória entre duas Ditaduras!! LoL
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