domingo, 14 de dezembro de 2008

MUITAS OPINIÕES MAS SEM REALIZAÇÕES


A facilidade com que toda a gente discute na televisão, nas rádios, nos jornais, sem que, por assim dizer, surja ninguém com colaborações sérias e valiosas que tão necessárias seriam.
Duma maneira geral, não há, neste País, quem realize. Pensa-se, comenta-se, critica-se com uma abundância extraordinária e uma facilidade impressionante, mas chegada a hora de realizar, de provas reais, poucos são os que resistem à seriedade grave dos problemas que pesam sobre o país.
Gostamos de citar os outros países como exemplos, como a França, a Inglaterra ou os Estados Unidos, que assentam em bases bipartidárias ou multipartidárias; mas, com uma diferença é que nestes países confia-se a realização a uns e apoiam-na todos.
Na terra Lusa assistimos ao desafio partidário, do ora agora vou eu para o poder, ora vais tu! Poder pelo poder!
E enquanto se está na oposição há que dizer mal dos que tentam Governar, sem haver um consenso nacional, sobre os temas importantes da governação. Sim da governação e não da política.
Assistimos, hoje, à preocupação do mundo com os problemas de natureza económica e social. E individualistas e egoístas, como são os portugueses, não manifestam interesse pelos partidos, nem encontram neles a satisfação ou o apoio que desejam.
A razão pela qual, os partidos já não têm expressão eleitoral é porque não existe correspondência entre estes, com os problemas ou necessidades nacionais, nem com as classes da população.
Os liberais, já não são liberais, os países comunistas, nunca foram comunistas e deixaram a sua filosofia de parte e, o socialismo ficou na gaveta.
Penso que a esquerda se tem de redefinir, bem como a direita. Quanto aos de esquerda, eles que pensem numa solução, já quanto à direita, esta terá de se enquadrar numa verdadeira política de direita, não tendo receio de admitir, o que tiver de ser admitido.
A vulgarização das eleições, e a eleições de “deputados” que representam o povo, é uma falácia, que se tem traduzido, até agora, numa descrença na política dos partidos.
Não é nesta “bandalheira” que temos vivido, estes 34 anos, que o país progride.
É verdade que melhorou muito a vida dos portugueses, em geral, mas também o fosso entre ricos e pobres se acentuou e hoje, por razões da crise que estamos a atravessar, temos de admitir que muita coisa não está bem.
A começar pela disciplina. É reinante, hoje, a “barafunda” desde os primeiros anos da escola, até às empresas, à administração pública e à família.
“ Civilização é a sequência de séculos de disciplina”. “A excepção conduz à anarquia.”
Assistimos à concorrência desenfreada, nas mais variadas áreas, o que é bom sobre determinados aspectos, mas em termos económicos e sociais é desastroso. Fusões e aquisições que são feitas em tempos de crise, em que se gastam recursos financeiros, se coloca em risco a vida dos trabalhadores e a sua possível entrada para o desemprego, com as consequências sociais que daí advém.
Em tempos de dificuldade há sempre quem aproveite para fazer negócios. Depois das autoridades americanas terem deixado cair o Lemhan Brothers, o número de instituições com a corda na garganta, multiplicou-se. Lá como cá, o número de bancos era excessivo. Se eram excessivos é porque a teoria da livre concorrência, até se chegar a este ponto, é uma falácia, completa.

Ele é a educação em que alunos e professores não querem ser avaliados, ele é a saúde e a acção social do Estado que tem de ser reequacionada, tendo em conta que os impostos não chegam para tanta fartura. Ele é a justiça e as diversas ordens corporativas em luta e agora, como se não bastasse, parece que temos os médicos.

Tem pesado, desde sempre, defeitos tradicionais, que é mister desenraizar das almas, do carácter dos portugueses.
Os defeitos numa educação viciosa, que não nos dá o rendimento necessário. Era assim no século XX é assim, no século XXI, com a agravante do cenário, entretanto introduzido nas escolas, de completa irresponsabilidade.
Estamos em época, mais do que nunca, de parar e pensar quais são, na realidade, as funções do Estado e criar uma nova mentalidade empresarial que não seja, os empresários viverem apoiados no Estado. Valerá a pena injectar tanto dinheiro nos Bancos? Que efeitos vamos ter na economia real?
Depois o Estado fica a administrar estes bancos? Devolve-os a que preço?

A nossa economia sempre funcionou assim: défice crónico, que tomou foros de instituição nacional. Deficit que resulta numa dívida brutal! Taxas altas, onerosas que resultam no descrédito que o País tem no estrangeiro.
Se não bastasse, a arrecadação de receitas e a sua subsequente repartição, não é suportada por princípios de equidade. O trabalhador é sacrificado nos seus impostos e os os negócios financeiros continuam a beneficiar de uma protecção assustadora.

E o que é que vamos ter? Investimentos brutais, em parcerias público- privadas que vão onerar e comprometer as próximas gerações e aumentar a nossa dívida externa.
Aproxima-se a liquidação do país a passos largos!

“As liberdades ilimitadas destroem-se a si próprias”. [1]



[1] Discursos, vol. VI, 1967,pp.245 e 246. (1963) António de Oliveira Salazar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Prof. finalmente alguém começa a falar no que é essencial. Continue!

Anónimo disse...

Não há dúvida daquilo que diz. É um retrato da I República, adaptado aos dias de hoje.Parabéns!

Anónimo disse...

Senhor professor,

Já dizia Winston Churchill que "a Democracia é o pior dos regimes exceptuando todos os outros"...

O problema está mesmo na espécie intelij(um)ente "homo sapiens sapiens", sem descer às considerações a nível das "subespécies" ou "raças"... E há "raças" e "raças"... nós, portugueses, pertencemos certamente a uma "raça" muito especial... que, por acaso, reza a História, até começou assim um bocado "torta" com "o filho a bater na mãe" nas belos campos de S. Mamede em pleno período medievo...

Pois, o nosso problema, será porventura, mesmo, uma questão de "raça". Como diz o adágio popular, "pau que nasce torto morre torto"...

Resta saber para quando "a morte". À taxa de um endividamento externo absurdo, campeão de gigantismo, de 2 milhões/hora - como diria o nosso maior arauto mediático, o douto Prof. Henrique Medina Carreira - a dita "morte" há-de estar "para breve"...

Falta saber se o que virá depois vai ser melhor... ou se será mais um "25 de Abril" ao contrário, que irá assomar-se mas nos moldes modernos... quem cá estiver, que o diga!! É que quem puder daqui sair enquanto é tempo, dificilmente deixará de o fazer por amor à Pátria. Aliás, é também esse amor à Pátria que faz falta a este país e a este povo hipócrita e ingovernável.

Tudo bem... :)) a democracia - mormente na actual mundividência, de um Mundo aberto e globalizado moldado pelos excessos do já tão gasto e conturbado vocábulo "capitalismo selvagem", ou liberalismo económico num sentido mais lato - tem as suas fraquezas, os seus aspectos obnóxios ou no mínimo perniciosos.

Já Salazar dizia, nos seus famosos "Discursos", que o senhor professor muito bem fez referência, num então conturbado tempo de mudança do pós-Guerra, a cavalo entre duas épocas, que "(...) a democracia, tanto na sua definição doutrinária como nas suas modalidades de aplicação, continua sujeita a discussões."(1)

E ele até tinha razão, de alguma forma. Se virmos bem, há "raças" que sabem menos viver em democracia do que outras... aquele povo lá "nos confins da Ibéria (...) que nem se governa nem se deixa governar", já dizia Júlio César quase 1 século antes da Era de Cristo...

Não querendo descer ao "desabafo" ingénuo, arrogante e certamente inapropriado, outrora proferido por "políticos" actual e eventualmente (ir)responsáveis deste país, de que "o que precisamos é de uma ditadura", seja temporária seja permanente, ou mesmo de "uma Quarta República", pois tal se me afigura como algo de politicamente incorrecto, no mínimo, mas talvez precisemos mesmo de um "alguém" que nos oriente e nos faça seguir o caminho que teremos de seguir para que a dita "morte" não chegue precocemente a esta "raça" de gente (muito, muito) especial...

Vamos ver...

:))

Pedro Magalhães Oliveira
(MSc, ainda não PhD...:))

PS: ah, e até lá, continuamos numa alacridade própria de gente que não sabe o que quer nem para onde vai, e os "shoppings" continuarão a vender mais do que nunca a gente que não tem onde cair morta e a endividar-se diariamente co créditos para férias, reembolso do IRS, carros, electrodomésticos e até festas de casamento... Talvez entremos todos em "férias antecipadas" qualquer dia...


(1) Cf. Oliveira Salazar, Discursos e Notas Políticas, vol. IV (1943-1950), págs. 114-116.

Anónimo disse...

Muito bem! Alguém tem coragem para dizer as verdades!Muitos parabéns sr Professor

Anónimo disse...

Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa." (Victor Hugo)

Esta frase tão aplicavel aos dias de hoje e que vem sendo hábito cultural desde 74, vai acabar por destruir a nossa identidade, porque cada vez estamos mais egocentricos à semelhança de quem é eleito por nós.
Caros governantes olhem atentamente este artigo e depois reflitam juntamente com os vosso familiares e pensem apenas como será o futuro das proximas gerações.
Parabéns professor, continue a chamar à atenção para estes assuntos essenciais à qualidade de vida desejável por todos nós.