quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Ensurdecedor é o silêncio prolongado.
O aldrabão, o mesquinho, o vigarista, esse, nunca se cala. Silêncio não é com ele, a não ser que o interpelemos, para nos explicar o que é que esteve a dizer. Mas, quando fala, fala e vai vendendo a banha da cobra, aquela que é boa para aplicar no calo, desaparece o dedo e fica o calo. É assim que muitos de nós ficamos, ao lidar com este tipo de gente. Aldrabados e vigarizados.
Não quer dizer que o silêncio também não seja uma maneira de nada dizer, para enganar freguês. Só que neste caso, do silêncio, quem se engana é quem faz a interpretação do que significa o silêncio do outro.
Quando ouvimos alguns políticos a palrar, já sabemos que nos estão a aldrabar. Parece que na maioria dos casos, até gostamos de ser aldrabados, porque é uma forma de sonhar com aquilo que não temos, nem poderemos ter. Estava-me a lembrar daquela aldrabice da criação de cento e cinquenta mil novos empregos. Ou da outra que não subiremos os impostos.
Portanto, do mesmo modo que o silêncio prolongado pode ser ensurdecedor, é igualmente, ensurdecedor, o palrar constante que os nossos políticos nos habituaram.
Durante este mês de Agosto, em que o país, quase que pára, faz-se um silêncio ensurdecedor, por vezes, entrecortado, por algumas algarviadas. Esta das algarviadas, fez-me lembrar aquelas que se dizem no Pontal. Mas não só. Outros grupos, também já adquiriram o hábito, para cortar o silêncio do “summer time”, e largar pela boca fora, umas algarviadas.
E assim se passa o verão, com as chamadas “reentres”, em que são dadas umas notícias soltas, como aquela dos mais faltosos na Assembleia da República, são os deputados do PSD. Recordei-me daquele “slogan”, “ a terra, a quem a trabalha”, para dizer, “Assembleia da República, a quem a trabalha”.
A crise há-de resolver-se. Não há nada, que bata no fundo que depois não suba, outra vez. Aliás, as notícias dadas pelo senhor primeiro-ministro contrariam, logo, aquilo que a oposição possa dizer. Esta malta, da oposição, são uns chatos. Têm que estar sempre a dizer mal.
Estamos quase, nas eleições presidenciais. Outra vez um barulho ensurdecedor, para que tudo fique na mesma. “É uma união de facto”, embora contrariado.
Mas tem sido assim e vai continuar assim. Pela estabilidade do país, vamos promulgando tudo, embora contrariados.


“Serpentem foves, et is te.” [Grynaeus 492] Tu acalentas a serpente, e ela a ti.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como sempre uma excelente análise, professor. PArabéns.