De quatro em quatro anos, assistimos à multiplicação de interessados na defesa da causa pública, a amontoarem-se à porta dos partidos políticos.
Tem sido assim, vai para 34 anos! E o resultado? Bom está à vista!
A Justiça não funciona e quando funciona é tarde e más horas. É verdade ou pensam que estou aqui a dizer inverdades? Vejam bem – um dia um constituinte pediu para que intercedesse junto do Tribunal do Comércio com uma “Providência Cautelar”.
Como sabem é um processo urgente! Passaram-se trinta dias e nada….dois meses e nada… e o constituinte perguntou:
-“ Então Senhor Doutor, como é? Quando é que temos uma decisão?
Perante estas perguntas, a minha impotência era total. Para descanso do constituinte, ao fim de oito meses havia uma decisão. Sim oito meses!
Já quanto à Saúde (parece que havia para aí uns neoliberais a falar de sistemas privados, Chiça penico), embora com muitos defeitos, ainda é comestível. Mas tenho uma história interessante, de um conhecido que necessitou de ser operado às amígdalas. Esperou nove anos! Sim noves anos, pois foi, ao fim deste tempo que telefonaram para casa do interessado para saber se queria ainda ser operado.
Bom, com a experiência, embora modesta, de anos de vida que levo (comparado com o Manoel de Oliveira), muitas mais histórias teria para contar e retratar, assim, como vai a Democracia.
A Democracia é uma moeda com dois lados. De um lado a democracia e do outro a demagogia. E sobre esta, a demagogia, ninguém leva a “palma” ao Eng.º Sócrates.
Ele é “Magalhães”, ele é o “ crescimento da economia”, ele é a criação de “150 mil novos empregos”, ele é “as novas oportunidades” (não sei para quem) e por aí fora…
Parece que além de folclore, gostamos de brincar aos rácios e vai daí, enchemos as universidades com gente carregada de ilusões ou talvez não, mas de certeza, à procura de uma melhoria de vida. Aquela promoção que é tão necessária antes da reforma e que só se consegue se houver como habilitação académica, uma licenciatura.
Assim vai a nossa democracia! De vento em pompa, renovando-se com novos candidatos emergentes das “jotas” que procuram seguir as pegadas dos antecessores.
“É pá, se aquele gajo é burro e chegou onde chegou, eu também consigo”.
Eles, são Ministros que depois são Banqueiros (curiosamente não conheço nenhum Banqueiro que fosse para ministro, curioso), eles são Secretários de Estado que são Administradores de grandes empresas públicas, etc.
Vai para duas semanas que assistimos às eleições nos Estados Unidos da América.
E o que assistimos foi à competição, de mais do que um candidato, dentro do mesmo partido. Ganhou o melhor!
Mas, em Portugal, continuamos a assistir, à imposição dos candidatos, a alguma coisa.
Ou seja, não são feitas primárias, onde se apresentem alternativas de candidatos que não sejam os propostos pelas cúpulas partidárias, locais ou nacionais. Que raio de democracia é esta?
Escolhidos pelas cúpulas partidárias, os candidatos, os mesmos são plebiscitados (os que vêem os plebiscitos apenas como uma característica dos governos "cesaristas" onde o povo, pelo voto, delega poderes avultados a uma só personalidade, como aconteceu com o plebiscito constitucional de 1933, em Portugal, no qual as abstenções foram somadas aos votos "sim", e cuja "aceitação" pelo povo autorizou a concentração de poderes na figura do Presidente do Conselho (António de Oliveira Salazar)., em reunião partidária.
Sim plebiscitados. Se não existem alternativas de programas e candidatos, continuamos 34 anos depois da queda, do regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a plebiscitar candidatos.
Se são ganhadores, óptimo para o candidato e para o partido. Mas se não são, toca de dar pancada nos candidatos.
E assim vai a Democracia!
Só que depois a mal decência que é comum ao português, embora até lá, esteja passivo ao tipo de democracia existente, fala-se mal nos “mentireros”, quando por vezes e com razão, se escolheram candidatos com falta de competências para o exercício da causa pública. É o poder pelo poder!
Que este método possa estar na génese dos partidos de esquerda, ainda posso compreender, mas em partidos que se dizem democratas?
Pago para ver, quando é que haverá partidos, onde a democracia seja uma verdade!
1 comentário:
Esta de parabéns! As verdades têm de ser ditas!
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